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Estrelas da Periferia

"Precisamos de lugares que alimentem a cultura do samba de raiz", diz sambista do Morro da Polícia

Jessé di Paula, do Morro da Polícia, no Bairro Glória, tem pai na música tradicionalista, mas decidiu se dedicar a outro gênero. 

30/01/2018 - 07h00min

Atualizada em: 30/01/2018 - 12h08min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Omar Freitas / Agencia RBS

Morador do Morro da Polícia, tradicional reduto de sambistas de Porto Alegre, localizado no Bairro Glória, na Zona Leste, Jessé di Paula teve a sua primeira vivência na música bem cedo, seguindo os passos do pai, Pedro Neves, que é músico tradicionalista. Com sete anos, participou da sua primeira gravação profissional. Na época, o pequeno dividiu os vocais com o pai, na preparação de um disco dele. 

— Nasci em uma família de músicos. Meu pai, os meus tios, irmãos e primos sempre tocaram. Tive em minha influência diversos estilos que me tornaram amante do que há de melhor no mundo musical — relembra Jessé, hoje com 29 anos.

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Porém, foi em um dos mais genuínos ritmos do país, o samba, que ele, realmente, acabou se encontrando. Com 12 anos de idade, começou a tocar cavaquinho e se apaixonou pelo instrumento. 

— Fui tocando chorinho e passei a pegar um gosto cada vez maior pelo samba de raiz. Nesse período, escrevi as minhas primeiras músicas. Realmente, comecei um pouco cedo (risos) — admite o sambista. 

Persistência

Ainda na sua adolescência, deu início a outra etapa: tocar em casas noturnas da Capital e participar de rodas de samba. Até que, em 2010, mesmo com poucos recursos disponíveis, gravou, em casa, o primeiro disco da sua trajetória. Foi com o grupo que ele integrava na época, batizado de Seu Benedito.

— Foi um disco caseiro literalmente! Gravado, praticamente, sem estrutura — relembra sobre a batalha daqueles tempos.

O nome do grupo, ele conta, surgiu por conta de uma das faixas do disco, Seu Benedito - A Força da Raça, que contava a história de um típico brasileiro, que, mesmo com todas as dificuldades, nunca desiste. Por ironia do destino, durante três anos, Jessé interrompeu a sua carreira em razão da dificuldades em fazer samba no Rio Grande do Sul.  Mas não deixou de compor. E, inspirado em uma das suas primeiras canções, voltou a tocar no ano de 2015. 

Retorno

Em março de 2016, Jessé pegou o embalo e decidiu gravar um disco com as suas faixas, como Espírito Samba. Com esforço, lançou o CD, que tem oito canções autorais inéditas e uma instrumental, em um show, realizado em setembro do ano passado, no Espaço Cultural 512, na Cidade Baixa. 

— No meu canal no YouTube (digite Jessé di Paula na busca), eu venho postando as músicas deste show, em gravações muito boas. Foi um árduo trabalho desde o começo da gravação. Mas a minha paixão é o samba de raiz, estou tentando meu lugar ao sol, sei que não é fácil, mas sigo na batalha — avisa Jessé que tem mostrado o seu som em lugares como o 512, Boteko do Caninha, Campo do Piriquito e quadra da Banda Saldanha.

— Precisamos de lugares que alimentem a cultura do samba de raiz — define. 

Pitaco

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Fabiano aprovou o som do sambista

Fabiano Lima, que toca cavaquinho e é um dos compositores do grupo Pyração, avalia o trabalho da nossa estrela desta semana. 

– O Jessé investe na linha do samba de raiz, é afinado, tem voz grave e um bom domínio de melodia. Achei um músico de qualidade e gostei da gravação.

—Para falar com Jessé, ligue para 9947-05044.

— Se quiser participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para o e-mail jose.barros@diariogaucho.com.br.




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