Papo reto
Manoel Soares: "O erro de estar certo"
Colunista acredita que, às vezes, é melhor ter maus negócios do que boas brigas
Eu sou aquele tipo de cara que odeia levar desaforo para casa. Não sou de agressão física, mas, se estiver certo, eu bato o pé até que todos entendam. Nos últimos meses, tenho tentado repensar essa postura. Às vezes, é melhor ter maus negócios do que boas brigas.
Muitas das vitórias que tive não valiam a pena, arrumei inimizades e pessoas ficaram tristes só para que eu provasse que estava certo. Abrir mão da razão e ceder é também uma forma de exercer a solidariedade. Se, naquele momento, não precisamos ser os donos da verdade, ser do bonde do "deixa disso" é a melhor opção. Isso não significa que temos que ser passivos e concordar com atitudes e situações erradas, mas é avaliar se realmente vale a pena.
Eu me dei conta de que o que defendia, em muito a casos, não era somente o que é certo, mas minha vaidade. Nosso orgulho é vizinho de nossas convicções e, às vezes, influencia diretamente o rumo que ela vai seguir. Por pior que pareça, às vezes, se deixar ser derrotado é a maneira mais inteligente de alcançar a paz.
Quem tenta sempre ter razão e estar sempre certo coleciona desafetos e, aos poucos, fica sozinho. Por mais que saibamos o caminho a seguir, precisamos nos permitir viver os erros de nossos amigos para que eles também aprendam com eles. Sem contar que, quando acreditamos estar sempre certos, fechamos nossos olhos para nossos erros e não aprendemos nada com eles. Sendo assim, antes de entrar numa briga, temos que responder: a vitória me interessa?