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45 anos no ar

"Globo Repórter": Sérgio Chapelin, Gloria Maria e outros relembram reportagens marcantes 

Atração estreou em 1973 trazendo linguagem cinematográfica para a TV

06/04/2018 - 14h03min

Atualizada em: 08/04/2018 - 14h23min


Nathália Carapeços
Nathália Carapeços
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Referência quando o assunto são reportagens em profundidade, o Globo Repórter completa 45 anos em 2018. Para celebrar a data, as edições de abril serão especiais: vão tratar de saúde, alimentação, viagem e aventura, quatro assuntos populares entre o público.

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Na primeira edição, a pauta será a busca de homens e mulheres por uma vida mais saudável. Ao fim de cada programa, o apresentador Sérgio Chapelin conversa com os repórteres sobre as experiências deles com os assuntos discutidos – o primeiro bate-papo será com Edney Silvestre e Graziela Azevedo.  

Em mais de quatro décadas, pelo menos duas mil reportagens foram ao ar. GaúchaZH convidou o apresentador Sérgio Chapelin e os repórteres Gloria Maria, Rosane Marchetti e Renato Machado para escolherem um momento especial que marcou sua trajetória no programa. Abaixo, também há uma lista de reportagens que se destacaram nesses 45 anos de Globo Repórter.  Leia os depoimentos dos jornalistas e confira o top com mais 20 matérias:

Sérgio Chapelin 

Pedro Curi / TV Globo/Divulgação

"É difícil escolher um entre os mais de 1600 programas que já apresentei. Mas, no que diz respeito à saúde,  já adotei algumas práticas que aprendi com o programa. Há mais de dez anos, segui uma dieta proposta por uma pesquisadora de Piracicaba, se não me engano, e funcionou. Emagreci mais de 10 quilos, rapidamente".

Rosane Marchetti

RBS TV / Divulgação

 "A Patagônia que guarda uma das maiores geleiras do mundo me impressionou profundamente. Não apenas pela paisagem exuberante feita de neve, bosques, horizonte sem fim, mas por ter me proporcionado um espetáculo que fez bater mais  forte o coração: a queda de um pedaço da geleira Perito Moreno. Até hoje escuto aquele som poderoso da natureza".

Renato Machado

Globo / Divulgação

 "É difícil selecionar porque muitas reportagens ficaram na minha memória ao longo de todos esses anos anos. Uma delas foi a que chamamos de O Delírio da Velocidade, em que a nossa equipe bateu a barreira do som a bordo de um caça a jato (um avião militar) da Força Aérea Brasileira. Obviamente, foi um voo extremamente rápido e uma experiência cheia de adrenalina, inesquecível".

Gloria Maria

Daisy Trombetta / Agencia RBS

"Todas as matérias que eu fiz me marcaram, mas o Irã foi o país que mais me surpreendeu. A imagem que a gente tinha era de um país triste e devastado, tomado pelo terrorismo, e aí chegamos lá e descobrimos uma país maravilhoso, com as pessoas felizes fazendo piqueniques nas praças. Tivemos liberdade para percorrer o país inteiro. Me surpreendeu a alegria, o humor do iraniano, a cultura, o amor que eles têm pela poesia, os grandes heróis iranianos são poetas. E tudo isso me surpreendeu. Embora a gente já soubesse que a cultura Persa foi uma das ricas da humanidade".

Relembre outras reportagens de destaque

Anos 1970

Índios Siouxsie

Memória Globo / Reprodução

Na estreia do Globo Repórter, em 3 de abril de 1973, um dos destaques do programa foi a reportagem que mostrou a situação dos índios Siouxsie nos Estados Unidos. A primeira edição teve coordenação de Moacyr Masson, direção de Paulo Gil Soares e apresentação de Sérgio Chapelin. 

Nordeste do Brasil

Memória Globo / Reprodução
Cena de "Theodorico, o Imperador do Sertão"

Reportagens sobre o sertão brasileiro foram destaque no Globo Repórter na década de 1970. Em 1976, a Mulher no Cangaço, de Hermano Penna, mostrou a história de cerca de 50 mulheres que viveram o cotidiano de andanças, fugas e confrontos do sertão nordestino dominado pela violência nos anos 1930. O sertão brasileiro também esteve presente em Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos, exibido em 1977. Dirigido por Guga Oliveira, o filme foi saudado como o primeiro longa-metragem produzido para a televisão brasileira _ mais tarde, foi lançado no cinema para cobrir os altos custos da produção. Outra produção no nordeste foi Theodorico, o Imperador do Sertão, dirigido por Eduardo Coutinho, de 1978. O programa foi centrado no personagem que dá título ao documentário, Theodorico Bezerra, ex-deputado federal e vice-governador, além de presidente do Partido Social Democrático (PSD) do Rio Grande do Norte, e que, aos 75 anos, ainda exercia um total domínio sobre suas terras e as pessoas que o cercavam. Em 1975, O Último Dia de Lampião, de Maurice Capovilla, retratou o cerco final que daria fim ao cangaceiro Lampião.

Ação da censura

Memória Globo / Reprodução
Wilson Paulino da Silva

O Globo Repórter sofreu desde com as constantes intervenções dos censores durante a ditadura militar. Por isso, vários programas não chegaram a ir ao ar, como o Wilsinho da Galileia, de João Batista de Andrade, sobre um assaltante morto pela polícia aos 18 anos. Em 1978, o diretor misturou depoimentos e encenação para contar a história do criminoso Wilson Paulino da Silva que, desde os 14 anos, vinha colecionando mais de 17 homicídios e assaltos à mão armada. Pouco depois de fazer 18, foi fuzilado numa emboscada da polícia.

Anos 1980

Garimpo de Serra Pelada

Memória Globo / Reprodução

O primeiro Globo Repórter completamente gravado e editado em fita foi ao ar no dia 10 de junho de 1982. Realizado por José Hamilton Ribeiro, primeiro repórter do programa a aparecer no vídeo, acompanhava o cotidiano de três homens que deixaram suas famílias – em Minas Gerais, no Maranhão e no Pará – para tentar a sorte no garimpo.

América Central

Desde que a organização socialista Frente Sandinista de Libertação Nacional tomou o poder na Nicarágua, em 1979, outros países da América Central, como El Salvador, viviam em estado de guerra. Em 1983, Renato Machado viajou com a editora Mônica Labarthe e o repórter-cinematográfico Toninho Marins para realizar um Globo Repórter na região. O material rendeu uma entrevista exclusiva com Daniel Ortega, guerrilheiro que se tornou presidente da Nicarágua.

40 anos da bomba de Hiroshima

Em agosto de 1985, Luís Fernando Silva Pinto e o produtor Ingo Ostrovsky foram ao Japão para gravar um Globo Repórter especial sobre a bomba atômica de Hiroshima. Quarenta anos depois de dizimada, a cidade havia sido reconstruída e lidava com as lembranças da guerra.

Queda do Muro de Berlim

Memória Globo / Divulgação

A equipe do programa foi até a Alemanha em 1989 para mostrar o que mudou na Alemanha depois da queda do Muro de Berlim, após três décadas de repressão. O repórter Silio Boccanera e o repórter cinematográfico Paulo Pimentel viram de perto a festa dos alemães pela abertura da fronteira e o começo da destruição do muro. A equipe acompanhou a visita de uma família da Alemanha Oriental ao lado não comunista.

Anos 1990 

Clandestinos nos Estados Unidos

Memória Globo / Reprodução
Ilze Scamparini

Em 1991, Ilze Scamparini realizou para o Globo Repórter uma matéria sobre a travessia de imigrantes ilegais na fronteira entre México e Estados Unidos. Enquanto os americanos desistiam de atividades simples, mais mexicanos entravam ilegalmente nos no país pela fronteira de dois mil quilômetros de extensão. Iam para construir os prédios dos americanos ou para trabalhar na zona rural.

Para sempre Ayrton

Memória Globo / Reprodução
Ayrton Senna

Cinco dias após a morte do piloto Ayrton Senna durante o GP de San Marino, em Ímola, o programa exibiu um especial sobre a trajetória e a vida pessoal do ídolo brasileiro da Fórmula 1. 

Desaparecidos políticos

O repórter Caco Barcellos identificou os corpos de oito vítimas da repressão política consideradas desaparecidas durante o regime militar. A reportagem foi ao ar em 1995, mas havia sido realizada dois anos antes pelo próprio Barcellos e pelo editor Ernesto Rodrigues. Os corpos estavam em um cemitério clandestino em São Paulo.

Caso Riocentro

Em março de 1996, durante três meses, os repórteres Caco Barcellos e Fritz Utzeri investigaram o episódio do atentado ao Riocentro, ocorrido em 1981 durante a realização de um show em comemoração ao Dia do Trabalhador. Foram feitas mais de 50 entrevistas, inclusive com testemunhas ignoradas pelas autoridades militares na época, como os agentes de segurança do pavilhão. 

Santiago de Compostela

A equipe do Globo Repórter percorreu uma das maiores rotas de peregrinação do mundo em 1997: o Caminho de Santiago de Compostela. São vários os trajetos que levam os andarilhos até a Catedral de Santiago, na Espanha. A repórter Beatriz Thielmann e o repórter-cinematográfico Toninho Marins percorreram o Caminho Francês, que começa na cidade de Saint-Jean-Pied-de-Port, na França, e é o mais utilizado pelos peregrinos, desde a Idade Média, para chegar até ao túmulo do Apóstolo Santiago.

Anos 2000

Trabalho infantil

O repórter Marcos Uchoa mergulhou na dura vida dos meninos e meninas que dividem a infância entre a escola e o trabalho. A reportagem de exibida em 2000 mostrou exemplos tanto no interior quanto nas grandes cidades brasileiras, onde jovens empregadas domésticas trabalham em troca de casa e comida.

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11 de setembro

O Globo Repórter exibido em 14 de setembro de 2001 foi um especial sobre o atentado terrorista ao World Trade Center, ocorrido três dias antes em Nova York. Equipes da Globo espalhadas pela Europa, Brasil e EUA mostraram detalhes da semana em que o mundo parou, discutindo a tragédia que vitimou milhares de pessoas em Nova Iorque e Washington.

Expedição ao Ártico

Memória Globo / Divulgação

Para mostrar como vivem os esquimós e o impacto das mudanças climáticas, Ernesto Paglia e o repórter-cinematográfico Marco Antônio Gonçalves fizeram duas expedições ao Ártico: em 1995 e 12 anos depois, em 2007. A primeira viagem durou 11 dias. A equipe acompanhou esquimós em trenós puxados por cães e abordou os hábitos e costumes dos esquimós, a caça às focas e elefantes marinhos. Em 2007, os jornalistas voltaram para mostrar o que tinha mudado com as mudanças climáticas globais. 

Rumo ao topo do mundo

O Globo Repórter exibido em 2008 apresentou uma aventura no Nepal. Pela primeira, vez uma equipe de TV brasileira visitou as pequenas aldeias existentes na montanha mais alta do planeta. Os repórteres Clayton Conservani e Cláudio Moraes partiram de Katmandu e seguiram viajando pela Cordilheira do Himalaia. 

Índia

O programa mostrou as belezas da Índia e os costumes do seu povo em 2012. A reportagem foi de Cláudia Bomtempo, com imagens de Rogério Rocha.

Omã, o oásis da paz

Memória Globo / Reprodução

Em 2012, esta foi uma das reportagens de maior repercussão do ano. A partir do comércio de riquezas naturais como gás e petróleo, o país situado no extremo leste da Península Arábica se desenvolveu radicalmente desde o final dos anos 1970, sem abandonar seus costumes e tradições. Ao contrário dos seus vizinhos de fronteiras – Iemêm, Arábia Saudita e Emirados Árabes – Omã não vive um cotidiano marcado por guerras ou conflitos de rua. A jornada no país foi liderada pela repórter Gloria Maria.

Homens espíritos

O Globo Repórter foi indicado ao Emmy Internacional na categoria Atualidades, em 2013, pela reportagem de Francisco José que mostrou as rotinas e os rituais dos Enawenê-Nawê, uma tribo que vive isolada na Floresta Amazônica. 


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