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Bodas de prata

Em 25 anos de Papas da Língua, banda elege os 5 momentos mais marcantes da carreira

Banda celebrou a data neste sábado (dois) no Theatro São Pedro. Espetáculos que aconteceriam neste domingo (três) foram cancelados, devido à morte do pai de Serginho Moah

02/06/2018 - 08h00min

Atualizada em: 03/06/2018 - 14h26min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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Omar Freitas / Agencia RBS
Vem pra cá!

Uma das bandas mais queridas do pop gaúcho está comemorando bodas de prata. Os Papas da Língua celebram 25 anos de carreira e a comemoração, é claro, será com muita música e emoção para os fãs.  Serginho Moah (voz e violão), Léo Henkin (guitarra), Zé Natálio (baixo) e Fernando Pezão (bateria) bateram um papo nostálgico com o Diário Gaúcho. O quarteto relembrou os cinco momentos mais marcantes dessa trajetória, falou sobre as dificuldades de se firmar no atual cenário musical e falou da expectativa para o show especial que aconteceu neste sábado (dois), já que os espetáculos de domingo foram cancelados por ocasião da morte do pai do vocalista do grupo, Serginho Moah.  

Em nota, a produção do grupo pede "desculpas ao público que adquiriu ingressos" e solicita que seja feito contato com o teatro para devolução do dinheiro pelo telefone (51) 3227.5100 ou diretamente na bilheteria a partir de segunda-feira (4). 

Ainda conforme, o comunicado, uma nova data para o show "será agendada para breve". A direção do Theatro São Pedro disse que a bilheteria estará aberta nesta segunda-feira das 13h às 18h30min.

Depois da entrevista, a galera do Papas mandou um recadinho para os fãs. Confira!


1) Música boa

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Serginho foi, mas voltou

Serginho revela que não curtiu o resultado do primeiro CD, Papas da Língua (1995).

— Eu lembro que fiquei muito frustrado, não gostei do som. Já tinha carinho pelas músicas, um certo orgulho, a gente vem de uma geração de grandes letristas, como o Léo, que é um dos grandes letristas, tanto que na época eu pensei: "Que orgulho tocar ao lado desse cara". Aí o disco saiu, e eu não gostei. Até porque estávamos confrontados com outras bandas, na mesma gravadora (Epic), como Skank e Cidade Negra. Nosso disco tinha um repertório bom, mas fiquei frustrado, escanteei, me afastei.

O vocalista lembra que foi "resgatado" dessa maré baixa pelo amigo e colega de banda, Léo Henkin.

— A gente retomou o trabalho, pintou a oportunidade de viajar pro exterior. Foi determinante, voltarmos dessa viagem e criarmos um repertório novo. Saiu o Xa-La-Lá (1998), que serviu pra banda mostrar que tinha sustança e seguir em frente. 

2) Nova York é bom, Paris é demais

Divulgação / Divulgação
Em Lisboa, com a banda portuguesa Anjos

A carreira internacional citada por Serginho foi um dos grandes momentos da banda, como destaca Zé Natálio:

— Um dos momentos que eu acho marcante pro Papas foi quando nós fomos pra França e Nova York. Surgiu a música Viajar, foi um momento de autoconhecimento, de descobrir que é possível uma banda daqui cruzar o oceano, fazer som lá do outro lado e as pessoas curtirem, isso nos deu muito estofo, seguimos compondo e trabalhando forte.

Viajar, como bem lembrou Zé, é um retrato autobiográfico dessa experiência internacional. Ao entoar os versos, os fãs sentem um gostinho daquele que foi um dos grandes momentos da banda:

"Quero lhe falar
É bom viajar
Tocar pelo mundo a fora
Nova York é bom
Paris é demais
Algo que eu não vou esquecer jamais"

3) Já não cabem no planeta

Genaro Joner / Agencia RBS
No palco do Planeta Atlântida em uma das 16 apresentações

Nova York foi bom, Paris foi demais, mas nada se compara ao carinho que os gaúchos sentem pelo Papas desde os primeiros acordes. Na opinião de Léo, principal letrista da banda, a grande emoção foi ver os hits na ponta da língua de todo mundo:

— No primeiro show em que ouvimos as pessoas cantando as músicas, soubemos que tinha uma fita K7 que circulava entre amigos. É isso o que te leva pra frente, pessoas que escutam a tua música. Aquele momento que a gente sonhava, pensava quando ia chegar, se ia chegar, e chegou.

 Foram 16 vezes no palco do Planeta Atlântida do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

4) Eu sei, tudo pode acontecer

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Casal no embalo dos Papas

Não poderia ficar de fora dessa "sessão nostalgia" o momento em que os Papas estouraram pelo Brasil afora. Foi em 2006, quando a música Eu Sei entrou na trilha sonora da novela Páginas da Vida. O tema de Jorge (Thiago Lacerda) e Simone (Christine Fernandes) ficou no topo das paradas durante todo o tempo em que a novela esteve no ar. Foram oito meses em primeiro lugar nas rádios de todo o país. Na época, o convite partiu do diretor da trama, Jayme Monjardim, que já era fã do Papas.

— A gente já tinha um reconhecimento, mas tocar uma música na novela confirmou o que a gente já tinha construído, deu uma dimensão maior pro Papas, a gente acabou indo pro mundo. Chegamos até a África, viajamos pelo mundo a partir desse momento especial — destaca Pezão. 

Em 2009, Monjardim fez mais um convite especial. Além de estarem na trilha sonora da novela Viver a Vida, com a canção Vem Pra Cá, os gaúchos deram uma palhinha em um dos capítulos, na festa de Luciana (Alinne Moraes). 

Divulgação / Divulgação
Teve show na novela!

5) Você me dá sorte na vida!

Júlio Cordeiro / Agencia RBS
Bastidores do acústico, em 2004

Fechando o baú de memórias, Léo aproveita para falar sobre a importância do Theatro São Pedro na carreira da banda. Foi no palco do teatro mais antigo da Capital gaúcha que aconteceu a gravação do primeiro DVD do Papas, em 2004. O álbum foi sucesso de público e crítica, eleito o Disco do Ano no Prêmio Açorianos e rendeu ao grupo o DVD de ouro _ mais de 25 mil cópias vendidas. 

Reprodução / Ver Descrição
Sucesso de vendas

Não à toa, o São Pedro foi o local escolhido para celebrar essas duas décadas e meia de carreira.

— Foi a primeira vez que a gente registrou, ao vivo, som e imagem no palco, foi um produto muito poderoso, ficamos anos na estrada com esse trabalho, foi DVD de ouro — recorda Léo.

Nova era

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Até no palco do Faustão!

O Papas surgiu em 1993, época em que CD ainda era novidade, fitas K7 gravadas circulavam entre amigos e os fãs ligavam para rádio e pediam suas canções favoritas. De lá pra cá, muita coisa mudou. Serviços de streaming — transmissão de dados via internet — são a principal forma de ouvir música ou assistir a clipes dos artistas. Para uma banda com 25 anos de estrada, como é esse desafio de se adaptar às novas plataformas? Serginho se mostra apreensivo com essa nova era da indústria fonográfica.

— Confesso que tenho um certo saudosismo. A gente não toca mais no rádio, às vezes tem gente que não tem mais esse acesso imediato à música. Por outro lado, acho desafiador ter passado por todas as plataformas, estar em constante movimento, é fundamental estar inserido nesse contexto, nessas mudanças e se reinventar.

Zé Natálio enfatiza:

—Tem que bater o pé na porta com mais força, tentar convencer. Às vezes, eu fico pensando: "Como é que uma banda como essa, com esse repertório, com essas canções, não tá por tudo?". A gente tá dando murro em ponta de faca.

Casamento sem crise?

Em 25 anos de convivência, é normal que surjam crises na relação, certo? Que nada! Para os integrantes da banda, o segredo para manter a harmonia é simples:

— A base é conversar, colocar nossas opiniões, tentar manter a paz. O diálogo é fundamental nessa hora — garante Serginho.

— Diálogo e a vontade de estar junto, tocando, levando a nossa música — reforça Léo.

Os próximos 25 anos

Dulce Helfer / Agencia RBS
Troféu Açorianos em 1999

Carreira internacional, prêmios, música em novela, DVD ao vivo... Será que falta alguma coisa para o Papas da Língua? O que o público pode esperar da banda nos próximos 25 anos?

—Usando uma linguagem da galera do futebol, dar continuidade de trabalho, estar mais intensamente, sentir vontade de jogar — opina Serginho.

Reinvenção é a palavra-chave, segundo Léo:

— A gente já fez tanta coisa nesses 25 anos, o desafio é se adaptar a esse novo mundo, encontrar um caminho. Hoje em dia, a gente não sabe o quanto está alcançando. O desafio é encontrar o caminho, surfar nessa onda e encontrar nosso lugar.

Serginho faz coro a essa ideia:

— A reinvenção é um desafio, como fazer pra chegar lá.

Zé revela que tem um objetivo ambicioso:

— Meu sonho é completar o ciclo de tocar em todas as capitais do país, desse "continente" chamado Brasil.

A procura da batida perfeita, ou melhor, da música perfeita, é o objetivo de Léo:

— Sempre ter uma música pra ser feita, caminhos abertos pra fazer, pra contar uma coisa nova.

— O nosso guia é estar sempre em busca de uma música nova e, a partir disso, as coisas se reinventam. À medida que se vai em busca de uma nova proposta, as coisas também vão se reorganizar — completa Pezão.





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