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"Porto Alegre foi fundamental para mim", diz Ferrugem, que faz dois shows com ingressos esgotados por aqui

Pagodeiro se apresenta, nos dias 22 e 23, no Pepsi On Stage, que estará com sua lotação total. 

16/06/2018 - 12h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Aos 29 anos, Ferrugem desponta como um dos grandes destaques do pagode nacional. O carioca faz dois shows em Porto Alegre nos dias 22 e 23 de junho, ambos já estão com ingressos esgotados - o terceiro será em Pelotas. Aliás, ele está quase em casa, na Capital.

Divulgação / Divulgação

Foram os gaúchos que o acolheram quando era pouco conhecido no resto do país, há cerca de sete anos. Na época, Ferrugem até morou em Porto Alegre. Retratos da Fama é deste carioca que conheceu o sucesso primeiro aqui e, depois, Brasil afora. Mas a simplicidade que ele mantém é a mesma que a gauchada aprendeu a admirar nos pagos de cá.

Feito que é coisa rara

Diego Vara / Agencia RBS
Los Hermanos, de Marcelo Camelo, em um dos shows de 2012

Em dois shows, Ferrugem protagonizará um fenômeno raro na história do Pepsi On Stage, fundado em 2006: fará dois shows no chamado formato "casa toda aberta". Significa que, dependendo do tamanho do evento, a organização do local "diminui" o tamanho do Pepsi, fechando parte do espaço, que fica com capacidade para 3 mil pessoas - o total é para 5 mil. Quem também conseguiu tal façanha foi Los Hermanos, que arrasta multidões por onde passa. Foi em dois shows, no Pepsi, em 2012.

Gauchada a postos para ver o carioca

Nos dias 22 e 23, os fãs receberão, de braços abertos, no Pepsi On Stage, um pagodeiro que adotou Porto Alegre como a sua segunda casa. Nestas datas, Ferrugem faz dois shows: um já estava com ingressos esgotados há quase dois meses e, para o outro, as entradas terminaram nesta sexta-feira (15). 

Coroação

Este interesse todo do público não deixa de ser uma espécie de consagração da terra que o acolheu quando o artista ainda era pouco conhecido nacionalmente, em 2011. Por aqui, o carioca apresenta faixas do mais recente DVD Prazer, Eu Sou Ferrugem (R$ 22, preço médio, disponível nas mídias digitais), gravado ao vivo, no Barra Music, no Rio de Janeiro, no ano passado. 

Traz sucessos como Climatizar, Paciência (gravada com Ludmilla) e Minha Namorada. No Pepsi, ele contará com o parceiro e também carioca Vitinho. 

— Será um rescaldo dos discos anteriores e terá muito do DVD. Cada show será de uma hora e 40 minutos, mas pode durar mais. A gente entrega um show 100% — diz Jheison Failde de Souza, nome de batismo de Ferrugem, em entrevista por telefone, do Rio de Janeiro, ao Diário Gaúcho. 

Do começo batalhado, suado, para o sucesso local e, depois, nacional 

Hoje, com 16 anos de estrada, Ferrugem é destaque nos palcos do país e figurinha confirmada em programas de TV. Sua agenda está cheia, com shows de Norte a Sul. O começo foi aos pouquinhos. Quando criança, o guri era apaixonado por Zeca Pagodinho e Fundo de Quintal. 

Aos 13, conseguiu comprar o seu primeiro tam-tam e saía escondido para frequentar as rodas de samba. Na época, foi se aventurando a gravar canções próprias e a fazer interpretações de outros compositores com recursos caseiros, lançando os seus trabalhos na internet. 

Passo a passo

Em 2011, já tinha admiradores longe de sua cidade natal, em Porto Alegre e na Região Metropolitana, quando estourou a sua primeira canção, Mar de Felicidade. O pagodeiro que sonhava com o sucesso foi chegando mais perto das suas aspirações. 

Em São Paulo, criou uma roda de samba na Vila Olímpia, bairro boêmio da capital paulista, onde surgiu a canção Meu Bem, outra que estourou rapidamente. Primeiro, na capital dos gaúchos como Ferrugem destaca.

— O povo de Porto Alegre consome mais samba e pagode do que a média no país — avalia. 

Essência simples

Nos anos seguintes, vieram os seus discos que caíram no gosto do país, como Climatizar (2015), que consagrou a faixa-título, Seja o que Deus Quiser (2016), e o DVD que apresentará no Pepsi. Entre os motivos para o sucesso deste carioca gente boa, conversador, que termina as suas respostas sempre com uma gargalhada, está o fato de fugir da ostentação _ na vida e nas letras. 

Na suas redes, sociais, nada de fotos de carrões, nem de joias nem declarações polêmicas. Nas suas canções, encarna o cara simples, como em Eu Sou Feliz Assim, quando afirma que deixa o luxo de lado se puder viver um grande amor: "Eu não preciso tanta coisa, o nosso amor já faz tão bem pra mim".

Porto Alegre: amor antigo

A relação do carioca com Porto Alegre é antiga, e nada da boca para fora! Em 2011, ele fez o seu primeiro show por aqui, em um evento que começava a despontar na época: o Pagode da Jabulani, que foi se reinventando em formato itinerante.  

— O show foi em uma garagem (risos). Porto Alegre é fundamental para mim, foi a primeira cidade que toquei fora do Rio, e a primeira que toquei com banda. Sete anos depois, volto para duas noites no Pepsi. É uma volta por cima! Se o povo de Porto Alegre não tivesse abraçado tanto o meu trabalho, não teria chegado até aqui. Tenho uma gratidão enorme por Porto Alegre e um caminho até o fim da minha vida para retribuir o que fizeram por mim aí — agradece, humilde.


Abriu caminhos  

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Batata (esquerda) e Ferrugem: parceria antiga

Nestes sete anos, Ferrugem fortaleceu o seu amor pela Capital ao morar aqui. Em 2012, ele veio para Porto Alegre fazer alguns shows. 

Na época, surgiram outras oportunidades de apresentações por aqui, enquanto o mercado carioca não estava tão favorável para o pagodeiro.  Foi então que ele fixou residência por cerca de seis meses, na casa do Batata, ex-vocalista do grupo Tá Combinado, atualmente em carreira solo. 

— Foi uma experiência muito boa! Dali,  surgiram muitos amigos que fiz em Porto Alegre. Mas acredito que o maior que fiz aí seja o Batata, que me ajudou muito. Tenho uma gratidão eterna por este cara. Foram seis meses filando aquele rango na casa do Batata (risos) — relembra o artista.

Para os três shows do fim de semana que vem - ele ainda se apresenta em Pelotas no dia 24 -, Ferrugem conta que pretende desembarcar por aqui na próxima quinta-feira, para poder passar o som com calma:

— Sou preocupado pra caramba com isso, para que tudo dê certo. 

A caminho do reencontro com os amigos e com os fãs em solo gaúcho, ele confessa, pelo menos, um desejo seu:

_ Meu plano A é sempre comer um churrasco aí (risos). Pode espalhar! 

Se quiserem me levar na churrascaria, tô aceitando (risos). 

Números do fenômeno 

— Cerca de 1,5 milhão de seguidores no Instagram. No Facebook, são 880 mil curtidas. No YouTube, o seu canal tem mais de 1,2 milhão de inscritos. Um de seus principais clipes, Minha Namorada, conta com mais de 50 milhões de visualizações.

— No Spotify, tem cerca de 1,7 milhão de ouvintes mensais. Para se ter uma ideia, Thiaguinho, no auge há, pelo menos, dez anos, tem cerca de 1,8 milhão de ouvintes por mês.

—Em junho, em um espaço de 22 dias (do dia 8 ao dia 30), está com 14 shows marcados.

— No Carnaval deste ano, seu samba foi o mais ouvido, segundo a Crowley, empresa que monitora a execução das canções em rádios, com a faixa Pirata e Tesouro. 

— Na mais recente lista das faixas mais executadas do país, entre todos os gêneros, pela Crowley, Dilsinho (24º lugar, com 12 Horas) e Ferrugem (29º, com Pra Você Acreditar) são os únicos músicos que não são sertanejos e aparecem entre os 30 primeiros.  

— Nos próximos dias 22 e 23 de junho, no Pepsi On Stage (Severo Dullius, 1.995), em Porto Alegre: ingressos esgotados para ambas apresentações.

—No próximo dia 24, em Pelotas: show a partir das 23h, na Avenida Fernando Osório, 1.754. Ainda há ingressos a R$ 110 (vip) e a R$ 132 (mezanino), à venda no site minhaentrada.com.br.

Figura querida em programas da globo

Divulgação / Divulgação

Por telefone, Ferrugem fala sobre o momento do samba e do pagode no país. Destaca quando foi o seu boom no cenário musical e declara sua admiração pelo pagode gaúcho. 

Tu eras um artista bem conhecido no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Porém, de uns tempos pra cá, viraste um músico de renome nacional. Quando achas que deste esta virada?

Começamos a fazer uma caminhada mais forte por este reconhecimento em 2014. Em 2015, a coisa começou a crescer. Em 2016, já tínhamos rodado boa parte do país. Mas acredito que foi em 2017 que o meu trabalho, realmente, virou nacional. 

E a que tu deves esta virada desde 2014: empresário novo ou mudança de foco na tua carreira?

Eu nunca tive empresário. Só tenho empresário de 2014 para cá, quando assinei contrato com o Sérgio (Marques, da Gold Produções, que empresaria, entre outros, MC Pocahontas, Imaginasamba e Vitinho). Ele apostou no meu trabalho e está colhendo os frutos disto junto comigo. E não pretendo trocar, não (de empresário). Temos uma unidade bacana e uma cumplicidade, não é só trabalho. Nossa relação não é de empresário e artista. Uma semana depois da assinatura do contrato, minhas músicas entraram em várias rádios. Ali, eu vi a seriedade do trabalho dele.

Quando tu tiveste aquele estalo de que as coisas tinham mudado?

O que mais me passou a sensação de que as coisas estão mudando foi quando eu participei do Domingão do Faustão (neste ano) e quando cantei na final do Big Brother Brasil (neste ano, ao lado de Projota e de Maiara & Maraisa). Ali foi fera!

De uns anos pra cá, tu tens participado bastante do Encontro com Fátima Bernardes, certo? Não deixa de ser uma espécie de "batismo" do artista, quando participa de uma atração como a dela.  

Sem dúvida! Na primeira vez, em 2014, foi bacana pra caramba. Eu via a Fátima na TV direto, quando era molequinho, no Jornal Nacional. Ser recebido por ela, e saber que tinha conhecimento do meu trabalho é uma honra. E, ainda, fiquei sabendo que foi a Fátima quem sugeriu o meu nome para o programa. Já estive no Encontro umas cinco vezes, consegui uma abertura boa com a Fátima e com a produção dela. 

Como tu enxergas o momento do samba e do pagode no país, atualmente?

Acho que as coisas estão voltando para o seu lugar, de destaque e de protagonismo, de onde acho que nunca deveria ter saído. Vejo novas caras, como eu, Dilsinho. E tem o Thiaguinho, que se mantém numa linha reta. Nunca teve uma queda. Isto ajuda o nosso segmento.  

Quais nomes do pagode gaúcho tu acompanhas e manténs algum contato? 

Conheço o Zueira, é um grupo que representa bem o Rio Grande do Sul para o Brasil inteiro. São caras que já saíram do Estado, o país  conhece eles. Sou fã de carteirinha do Zueira. Também conheço bem o Pura Cadência, que merece ganhar um destaque nacional. 

Reprodução / Facebook
Com Nards e o povo do Zueira, em 2014



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