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Estrelas da Periferia

VÍDEO: Entre suturas e acordes: conheça o gaiteiro que divide seu tempo entre o palco e a enfermagem 

Felipe D'Avila, de Eldorado do Sul, começou em um CTG e, hoje, roda salões afora tocando fandango, além de atuar como técnico de Enfermagem.

18/06/2018 - 17h50min

Atualizada em: 19/06/2018 - 18h02min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Fernando Gomes / Agencia RBS
Felipe: gaita é uma das paixões

Se pudesse resumir sua vida a um lugar, Felipe de Oliveira D'Avila, 34 anos, remeteria sua trajetória a um centro de tradições gaúchas (CTG). Foi no fim dos anos 1990 que teve início a relação de amor do músico com um dos maiores símbolos da cultura gaúcha. 

Na época, ele ingressou no extinto CTG CCN Coração Gaúcho, em Eldorado do Sul, sua cidade natal, por influência dos pais. Poucos meses depois,  venceu o concurso Peão Cultura Juvenil do seu CTG _ uma das disputas mais conhecidas no meio, que leva, hoje, o nome de Entrevero de Peões. 

— Fui aprendendo a dançar, declamar. Na época, comecei a fazer aula de gaita com uma mestra que me ajudou demais, a dona Julinha, minha primeira professora do instrumento — relembra Felipe, que, desde 2017, esta à frente do projeto Felipe D'Avila e Grupo. 

Em 1997, ele foi galgando seus passos dentro da cultura tradicionalista. E venceu o concurso Guri Farroupilha do Rio Grande do Sul. 

— Dali em diante, participei de invernadas, rodeios, ganhei competições, sempre com a minha gaita —comemora.

Dois em um

Sua ligação com o CTG ficou ainda mais forte por volta de 2003. Neste ano, ele decidiu fincar pé na chamada música fandangueira e passou a direcionar seu foco para apresentações em centros de tradições. 

— Em uma explicação rápida, a música gaúcha pode ser dividida em três vertentes. A nativista é aquela de festival. A regionalista tem canções que não são tão "bailáveis", mas que o pessoal gosta de escutar e são difíceis de dançar — explica Felipe, para completar:

— E tem a fandangueira, que foi a minha opção. Esta junta nomes como Os Serranos, João Luiz Corrêa e Os Monarcas, que fazem músicas dançantes, fandangos de rodar o salão. 

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Nos fandangos deste artista de Estrelas da Periferia, entram faixas de nomes clássicos, como Gildo de Freitas (1919 - 1982), em releituras mais modernas, além de canções próprias, como Dia de Fandango. Para tocar o seu atual projeto, ele precisa de resistência e muito preparo, pois os bailes duram, em média, quatro horas. E não têm intervalo!

Antigamente, eram ainda mais "pegados". Entre os anos 1960 e 1970, bailes com grupos como Os Serranos e Os Monarcas duravam cerca de oito horas — também sem pausa.

— Na música fandangueira, tem que treinar o braço, tocar horas de pé em casa, para aguentar. Em média, toco umas 100 músicas em cada show — gaba-se quase em ritmo de atleta.

Curiosamente, o sonho de Felipe não é viver de música. Ele divide os palcos e os cerca de quatro shows que faz por mês com a profissão de técnico em enfermagem que exerce em uma unidade de pronto-atendimento na cidade de Eldorado.

— Não tenho ideia de viver só da música, pois amo a minha profissão. Não pretendo largá-la e quero manter a música como um trabalho paralelo. Visto bombachas e bota porque quero manter as tradições vivas — revela o artista.

Mas, sem bombachas e como uniforme de técnico em enfermagem, ele conta que pacientes, fãs do seu trabalho, o reconhecem. E colocam Felipe em situações inusitadas:

— Muitos dos pacientes vão aos bailes. Então, seguido eu estou tentando ter acesso a alguma veia, e eles perguntam: "Como estão os bailes?". E pedem para levar discos para eles.  

Pitaco

Ernesto Fagundes fala do trabalho do gaiteiro:

— Gostei muito do som do Felipe, vida longa para ele. Para se aperfeiçoar, o que é necessário sempre, aconselho a ele ouvir sempre mestres do acordeão gaúcho, como Luiz Carlos Borges e Albino Manique, e ídolos nacionais, como Sivuca e Dominguinhos. 

Como diz o Luiz Carlos Borges: guri que nasce gaiteiro, não manda no seu destino. 


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- Para falar com Felipe, ligue para o telefone 99275-3042.




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