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Música

"O artista vive em uma prisão sem grades", diz Simone, da dupla com Simaria

Irmãs celebram volta de Simaria para a dupla, mas afirmam que ritmo será outro

18/08/2018 - 07h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Conhecidas carinhosamente como as coleguinhas (como elas chamam o público, de um apelido herdado da mãe, Mara), as baianas Simone & Simaria passaram por um susto, em abril. Diagnosticada com tuberculose, Simaria teve de se afastar da dupla, deixando Simone sozinha nos palcos. 

Leo Franco / AgNews
Simone (esquerda) e Simaria (direita), no show que marcou o retorno de Simaria aos palcos, em São Paulo

Ali, o lado ruim da fama começava a cobrar um preço alto das irmãs. O acúmulo de falta de descanso, de alimentação inadequada, da agenda lotada e de noites maldormidas apareceu na doença de Simaria e acendeu o sinal de alerta. 

Quatro meses depois, elas estão juntas, novamente, mas com uma visão diferente da carreira e da vida, priorizando o que definem como fundamental. A partir de uma entrevista com as manas, em São Paulo, conheça as novas prioridades delas, o drama de Simaria e as mudanças a que a dupla está disposta. 

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Novos tempos

Em 9 de agosto, no Espaço das Américas, em São Paulo, Simone & Simaria inauguraram a nova fase na carreira. Ausente após quatro meses, por conta de uma tuberculose, Simaria, 36 anos, voltou aos palcos em um show que contou com a participação do padre Fábio de Melo, e que marcou, oficialmente, o lançamento do novo clipe da dupla, Uma em Um Milhão, que já tem mais de 12 milhões de visualizações no YouTube. 

Nesta nova etapa, as irmãs prometem mudar o estilo de vida, assustadas com a doença de Simaria e com o ritmo frenético a que se submetiam. 

— Estou liberada, sim, mas para fazer shows de sexta a domingo, com muito descanso, com academia e me cuidando. Diminuiremos os shows, a carga de trabalho. Temos a consciência do tamanho que atingimos. As pessoas nunca vão esquecer da gente. Elas só querem que a gente dê o nosso melhor, com boa música e alegria — afirma Simaria na entrevista para lançar o clipe, em São Paulo. 

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Perdeu a graça

Simone, 34, lembra que a dupla emendava noites sem dormir, após os shows, por conta de gravações e publicidade. 

— Você começa a achar que não tem graça o que está fazendo. Para as pessoas, ser famoso é maravilhoso. Mas, em uma rotina desta, deixa de fazer as coisas mais importantes — admite.

Estrela e fã em clipe  

O clipe da faixa Um em Um Milhão contou com Deborah Secco, a Karola de Segundo Sol, em cenas sensuais com o marido, o ator Hugo Moura, o Robinho da mesma novela.

— Foi uma escolha da gravadora. Ela casou bem com o clima da música.  Deborah é muito talentosa, sensacional! Me ligou agradecendo, dizendo que era muito fã da dupla e que a música não saía da cabeça dela. Ela é maravilhosa — elogia Simone. 

Simaria garante que a canção "não sairá da cabeça dos fãs". A letra fala de um homem que, por não conseguir encarar a amada pessoalmente, para terminar o relacionamento, rompe a relação por telefone.

A mais pura realidade

— Quando eu ouvi esta música, me emocionei na hora. Fala de algo recente, quando a pessoa termina com a outra por telefone. Aliás, este povo não tem vergonha! Termina por WhatsApp (risos) — comenta Simaria.

Mesmo com o ritmo menos acelerado, a dupla já estuda gravar o novo DVD, mas ainda não tem data definida para isto. As duas seguem como técnicas do The Voice Kids.  

Quatro perguntas para Simone

Como foram estes meses cantando sozinha?

Simone — O que aprendi nesse tempo foi: que dinheiro difícil de ganhar sozinha (risos)! A minha parte seguiu igual, mas tive que fazer o povo rir, usar decote (risos). Sempre soube que eu e Simaria éramos como tampa e panela, não se separam. Nossa missão é cantar. Deus deu este talento às duas para levar alegria ao povo. 

Que lições tiraste daí?

Simone — É preciso desacelerar. Tudo ficou em cima de mim. Tive um esgotamento por conta desta carga de trabalho. Isto me fez enxergar que não dá para viver assim. O artista vive em uma prisão sem grades. O melhor momento é quando sobe no palco, quando recebe carinho dos fãs. E, claro, as coisas que o sucesso te traz, como tomar um banho no banheiro com que a gente sempre sonhou. Mas não é tudo. A felicidade não está só nisto. 

Existem muitos exemplos de artistas que tiveram problemas com esta rotina louca.

Simone — Se a gente não tomar cuidado, coisas sérias acontecem. A gente vê artistas com problemas com bebidas, drogas, com problemas de depressão. Graças a Deus, não temos estes vícios. Senão, seria difícil viver o que a gente vive. Quando você sai do hotel, vai para outra prisão, que é o camarim. Ali, encontra os fãs, sobe no palco e, no dia seguinte, ou, no mesmo dia, volta para a prisão do quarto. Se você não tem Deus no coração, coisas sérias podem te acontecer. Foi preciso desacelerar. Senão, a gente não vive e não consegue aproveitar o que a gente conseguiu com muito suor. 

Vocês são influentes. Como acompanham as notícias de violência contra as mulheres e que conselhos dariam a elas?

Simone —Muitas mulheres não veem os sintomas de violência. Começa com uma agressão verbal, o cara pede desculpas. Quando tem gritaria, briga de marido e mulher, nenhum vizinho chama a polícia. É importante que você se ame, que se valorize. Você é muito mais importante do que este relacionamento. Não existe só um homem, só uma mulher. Até porque existem mulheres que agridem homens também.

Quatro perguntas para Simaria:

Como foram esses quatro meses afastada dos palcos e da dupla?

A primeira coisa que eu fiz foi desligar todos os telefones que eu tinha. Me afastei das redes sociais, quis me afastar desse mundo louco que a gente está vivendo. E, às vezes, esse mundo louco que a gente vê na internet não é verdade. Quando eu sabia de algum detalhe de algum show, era porque a Simone me contava, ou porque a nossa assessoria me contava no período em que estive internada no hospital. 

E como foi este período da internação?

Foram 18 dias internada, sofri na cama. Naquele momento, o que me importava era a minha saúde. Durante toda a minha vida, eu trabalhei pela dupla, sempre foi assim. Acho que não parei antes justamente pelo medo de deixar a Simone sozinha, mas eu sabia que estava sentindo algo, que algo não estava normal em mim. Eu sempre pensava no compromisso, na minha irmã, na equipe e não olhava para mim. Mas chegou o momento de eu olhar para mim. Foram quatro meses de aprendizado. Só posso agradecer a Deus por tudo que vivi.

Vocês são influentes. Como acompanham as notícias de violência contra as mulheres e que conselhos dariam a elas?

O outro não pode decidir o que você quer ser, ou pode ser. Se você está levando porrada do seu marido, não está certo!  Levante, tome uma atitude! Você não depende de ninguém, não precisa disto. 

O que mudou na tua rotina a partir de agora, com o todo o aprendizado vivido durante a hospitalização?

Cheguei a pesar 42 quilos, e o meu peso normal era em torno de 50. Até agora, recuperei pouco mais de dois quilos. Estou comendo de duas em duas horas,  eu não bebia água, acredita? É até um pecado dizer que não gosta de água, é algo sagrado. A gente tem que se alimentar e se cuidar não para ficar gostosa, linda, mas pela saúde. Ainda faltam dois meses do meu tratamento. Mas, se Deus quiser, ficarei bem.  






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