"Vamos libertar todas nós! E todos vocês! Nossa luta está apenas começando, prepare-se porque esta revolução não tem volta." As palavras de Fernanda Lima durante o programa Amor & Sexo da semana passada dividiram opiniões. Nas redes sociais, a apresentadora foi alvo de ataques, como o do músico Eduardo Costa, que chegou a chamar a apresentadora de imbecil. Prontamente, várias celebridades saíram em defesa da gaúcha, que recebeu apoio, principalmente, do marido, Rodrigo Hilbert.
Corta para o último domingo, dia 11. Durante o Teleton, no SBT, o apresentador Silvio Santos falou que não abraçaria Claudia Leitte "para não ficar excitado". O comentário, feito ao vivo, provocou grande repercussão. A cantora desabafou no Instagram sobre o constrangimento e a impotência que sentiu no momento: "A provocação vem disfarçada de piada, e as pessoas riem, porque acostumaram-se", escreveu.
Estes e outros episódios ilustram bem a importância de falar sobre feminismo hoje em dia. Mas como entender este movimento que une mulheres desde a década de 1960 e que, em pleno século 21, surge repaginado?
Carmen Campos, professora de direitos humanos e sócia-fundadora da Themis — ONG que trabalha no enfrentamento da discriminação contra mulheres — , destaca a importância da internet no surgimento desse novo movimento feminista:
— É uma atualização das lutas feministas a partir de um novo contexto, que é o do mundo das redes, da interconectividade — ressalta Carmen, que ressalta o engajamento dos jovens:
— É um feminismo jovem, que se organiza muito pelas plataformas digitais. As lutas não são novas, mas são repensadas e reatualizadas. Todas essas discussões hoje são feitas por essa nova forma de comunicação que é a comunicação em rede. É muito importante que essas jovens feministas estejam tomando iniciativas de discussão sobre pautas que dizem respeito a todas as formas de discriminação contra as mulheres.
Repórter de cultura e comportamento da RBS TV, Carol Anchieta defende a importância de se falar sobre as questões feministas:
—Não basta se dizer "não machista" é preciso ser "anti-machista", agindo sobre toda e qualquer situação de machismo envolvendo qualquer menina ou mulher. E, principalmente, escutar e acolher.

Quer entender mais do que estamos falando? Então confira algumas dicas de livros da professora Carmen Campos e da comunicadora Carol Anchieta:
Quem Tem Medo do Feminismo Negro – Djamila Ribeiro

Ativista e militante do movimento negro, é um dos nomes fortes do feminismo brasileiro na atualidade. Neste livro, indicado por Carol e Carmen, Djamila aborda questões como intolerância religiosa e racial, empoderamento feminino e mobilização das minorias nas redes sociais.
(Companhia das Letras, R$ 22,90)
Para Educar Crianças Feministas – Chimamanda Ngozi Adichie

Baratinho e de leitura rápida — são menos de 100 páginas — aborda a igualdade de gêneros e dá dicas para criar filhos dentro da perspectiva feminista. Fã da autora Nigeriana, Carol destaca:
— Uma leitura importante porque não devemos ensinar bons modos repressores para as meninas, mas encorajá-las na busca do sucesso, de que elas tem capacidade para fazerem o que quiserem. E ensinar aos meninos, desde cedo, respeito pelas mulheres, que são seres tão capazes quanto eles.
(Companhia das Letras, R$ 14,90)
Mulheres, Raça e Classe – Angela Davis

Indicação de Carmen, a obra relembra as lutas da população feminina e negra, da época escravagista até os dilemas atuais da mulher. Angela é uma das maiores militantes da causa feminista na atualidade.
(Boitempo, R$ 43)
Feminismo e Política. Um Introdução – Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel

Aqui, a abordagem passa por um viés mais político.
— O conhecimento político é fundamental, porque é sobre nós, sobre os nossos direitos e deveres. Independe de quem esteja no poder. Em um país que elege pouquíssimas mulheres, relacionar feminismo e política é fundamental — opina Carol.
(Boitempo, R$ 27*)
Feminismo em Comum: Para Todas, Todes e Todos – Marcia Tiburi

Por fim, Carol destaca o primeiro livro feminista da filósofa gaúcha Marcia Tiburi. Lançado este ano, aborda as injustiças, objetificação, preconceitos e lutas das mulheres. A autora convida a a levar o feminismo a sério, para além de modismos e discursos prontos.
(Rosa dos Tempos, R$ 19*)
* Preço médio