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5 motivos para ver "Por Amor" pela quinta vez

Trama de Manoel Carlos volta ao ar hoje, no "Vale a Pena Ver de Novo"

29/04/2019 - 08h05min

Atualizada em: 11/06/2019 - 08h29min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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TV Globo / Divulgação
Amor de mãe e filha na ficção e na vida real

Preparem os lencinhos, porque a obra-prima de Manoel Carlos volta à telinha a partir de hoje, no Vale a Pena Ver de Novo. Em sua quarta reprise, não é exagero dizer que Por Amor é a história mais forte de Maneco – como é carinhosamente conhecido o "pai" das Helenas. Foram muitas as personificações da clássica personagem, mas nenhuma tão visceral como a de Regina Duarte na trama de 1997. Afinal, que prova de amor pode ser maior do que dar o próprio bebê à filha que acabara de perder o seu? 

Para você que já está ouvindo os primeiros acordes de Tom Jobim e que chega a sentir o cheiro de mar da orla do Leblon, veja os motivos que fazem de Por Amor uma das melhores novelas de todos os tempos. A primeira reprise no Vale a Pena foi ao ar em 2002. No Viva, foram duas. Por Amor vai emplacar a sua quinta exibição na TV brasileira!

Dramalhão com todos os elementos 

TV Globo / Divulgação
Helena engravida de Atílio e dá à luz

"Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se pudesse esse amor
todo dia"

A emoção transborda logo na abertura de Por Amor, com a trilha Falando de Amor. A belíssima canção de Tom Jobim (1927 – 1994), na voz do Quarteto em Cy, aliada às fotografias reais de Regina Duarte e Gabriela Duarte, mostram que laços de afeto verdadeiros e ficcionais se misturam no folhetim. 

Desde o primeiro capítulo, Helena (Regina Duarte) dava mostras de que a filha Eduarda (Gabriela Duarte) era a pessoa mais importante de sua vida. As primeiras cenas das duas, em Veneza, na última viagem antes do casamento da jovem, transbordavam sintonia e amor. Helena se preparava para entregar o seu bem mais precioso a Marcelo (Fábio Assunção) e já sofria da "síndrome do ninho vazio", comum em muitas mães quando os filhos saem de casa. 

Tragédia em família

TV Globo / Divulgação
Eduarda perde o bebê que tem de Marcelo horas depois do parto

Por meio da assessoria de imprensa da Globo, Gabriela fala sobre se rever no ar:

— A volta dessa novela reflete o quanto ela marcou a vida das pessoas. Sempre há espaço para rever histórias impactantes, que marcam a vida. Quantas  vezes ela passar, as pessoas vão acompanhar. Sem falar que é uma oportunidade para gerações mais novas assistirem pela primeira vez.  

Mas, por mais que o público de casa tivesse acompanhado a intensidade do amor de Helena pela filha, ninguém estava preparado para o que estava por vir. Casada com Atílio (Antonio  Fagundes), Helena engravidou na mesma época de Eduarda. 

O que deveria ser uma feliz coincidência foi o início de uma tragédia: mãe e filha deram à luz na mesma noite, mas a moça teve um parto complicado, o que a deixou estéril. Para piorar, o bebê de Eduarda morreu horas depois, e só Helena e César (Marcelo Serrado) — médico, amigo da família — ficaram sabendo disso. 


Cenas impactantes, público juiz

TV Globo / Reprodução
Helena em um apelo desesperado a César

Ao falar em cenas marcantes da teledramaturgia, certamente, a troca dos bebês de Por Amor está na memória afetiva de muita gente. Tempestade lá fora, falta de luz no hospital, Helena aos prantos com a descoberta da morte do netinho e o pedido angustiado de uma mãe ao frágil César:

– Não avisa ninguém! Nós vamos trocar os bebês.

Como assim? Com os olhos vidrados, o público acompanhou o drama que se desenhava na trama. A mentira envolveria boa parte dos personagens, seria o estopim da separação de Helena e Atílio — já que ele, após o sofrimento de perder o primeiro e até então único filho, percebeu que a mulher escondia algo de muito grave sobre aquela noite.

A história mexeu com as emoções do público. Nas ruas, telespectadores tentavam se colocar no lugar daquela mãe e se transformavam em juízes de um drama que tinha mais vítimas do que algozes. 

No limite entre o desespero e a loucura, Helena tentava lidar com as consequências de seu ato (heroico ou egoísta?), tendo como único confidente um diário. Diário este que, com o passar dos capítulos, acabou virando um personagem quase protagonista desta história.

A verdade por escrito

TV Globo / Reprodução
As palavras cruciais estavam lá, no diário

Afinal, foi nas páginas escritas por Helena, entre letras tremidas e marcas de suas lágrimas, que estavam as palavras cruciais: 

"Coloquei meu filho vivo no lugar do filho morto da Eduarda". 

O diário — que deveria estar trancado com cadeado e guardado em um cofre — foi esquecido no sofá algumas vezes. Porém, foi no último capítulo que o maior medo de Helena se tornou realidade. Eduarda leu o que a mãe havia escrito e descobriu que, há mais de um ano, criava o irmãozinho como se fosse seu filho.

Uma sequência intensa, que deu a chance que Gabriela precisava para brilhar na novela. E brilhou, emocionou, imprimiu todo o misto de sentimentos que corroía a sua personagem: dor, revolta, mágoa, ódio, incredulidade. O embate entre mãe e filha foi um dos pontos altos do desfecho. Mas não o único.


As caras da maldade

TV Globo / Divulgação
Laura infernizou do início ao fim

Não bastasse o destino que, para Helena e Eduarda, foi o maior vilão, as malvadonas deram o que falar. Laura (Vivianne Pasmanter) era a típica ex obcecada, que não se conformava em perder Marcelo para a "sonsa" rival. Usando e abusando da sedução, conseguiu engravidar do amado — e de gêmeos!

Sarcástica, venenosa e ousada, Laura é, até hoje, uma vilã que divide opiniões. Quem não suportava Eduarda torcia pela sua rival, porque vamos combinar: não é raro que as malvadas sejam mais interessantes do que as boazinhas. Para Viviane, a trama se revela atemporal:

— Essa novela é um clássico! Daquelas boas em qualquer época.

Má e platinada

TV Globo / Divulgação
Branca: mistura de vilania e ironia que divertiu o público

Por falar em megera, como esquecer dela, a magnânima, poderosa e chiquérrima Branca Letícia de Barros Mota (Susana Vieira)? Sem perder a pose, a loira má pisava sem dó em quem atravessasse o seu caminho. Não poupava nem os filhos, Milena (Carolina Ferraz) e Leonardo (Murilo Benício). Mas, se para a filha do meio e o caçula sobravam farpas, com o seu primogênito, Marcelo, Branca era só amor. 

Sua maldade só não era maior do que o seu sarcasmo. E, nesse misto de vilania e ironia, várias pérolas suas divertiram o público. 

— Fiquei superfeliz de voltar ao ar nessa novela que é um dos grandes sucessos da TV. Fiz uma das personagens de maior repercussão da minha vida — diz Susana.

Pérolas de Branca

" Gosto não se discute, se lamenta!" 

"Branca Letícia de Barros Mota não merece a morte. Tenho que ficar para semente, pois a humanidade me merece!"

"Quando eu sou boa, eu sou boa. Mas quando eu sou má, eu sou ótima!"


Paixão nas alturas

Nelson Di Rago / Divulgação
Nando e Milena esquentaram a telinha!

Com tanto amor permeando todos os núcleos da novela, um casal roubou a cena. A riquinha Milena se envolveu com o piloto de helicóptero Nando (Eduardo Moscovis), para desgosto da família da moça, principalmente da sua preconceituosa mãe, Branca. 

Contra tudo e todos, os pombinhos viveram momentos de puro romance, em cenas quentes, ao som de Palpite, inesquecível hit de Vanessa Rangel: "Tô com saudade de você debaixo do meu cobertor...".

Pulo do gato

Nelson Di Rago / TV Globo/Divulgação
"O amor pode acontecer de novo pra você...palpite"

 No ar em O Sétimo Guardião como Murilo, Eduardo Moscovis destaca o texto de Maneco como o grande trunfo:

— Manoel Carlos estruturava as situações do cotidiano muito bem. As tramas eram bem desenvolvidas, fazendo com que o público torcesse pelos personagens. A construção de cada personagem e a maneira como se interligavam eram outro ponto alto. 


Polêmica atrás de polêmica

Conhecido pelo marketing social que povoa as suas tramas, Manoel Carlos tocou em várias feridas da sociedade. Relembre algumas de Por Amor.


— Alcoolismo: Orestes (Paulo José), pai de Eduarda e da pequena Sandrinha (Cecília Dassi), travava uma batalha diária contra o vício do álcool. A bebida o fez perder o respeito da filha mais velha e causou muito sofrimento à caçula.

TV Globo / Reprodução
Orestes lutava contra o vício


— Bissexualidade: em 1997, as temáticas sobre orientação sexual ainda eram pouco discutidas na teledramaturgia e, muitas vezes, viravam tabu. A novela mostrou o drama de Rafael (Odilon Wagner), que, por trás do casamento feliz com Virgínia (Ângela Vieira), escondia sua preferência por jovens rapazes.

Leonardo Aversa / Agência O Globo
Vida dupla de Rafael virou polêmica


— Racismo: aparentemente, Márcia (Maria Ceiça) e Wilson (Paulo César Grande) tinham um relacionamento perfeito, até que ela resolveu engravidar. Branco e de olhos claros, ele temia que o filho nascesse negro como a mãe. Discussão pertinente e atemporal.

Arley Alves / TV Globo/Divulgação
Harmonia chegou ao fim com a gravidez de Márcia


Curiosidades

— Entre nomes consagrados do elenco, a cachorrinha Inés roubou a cena. Meg (Françoise Fourton) mimava a filha de quatro patas, que ganhou até festinha de aniversário.

TV Globo / Divulgação
Uma atriz boa pra cachorro!

— Na época em que a internet "engatinhava", foi criada a página "Eu Odeio a Eduarda", reunindo pessoas que não suportavam a mocinha. Havia até espaço para pedir ao autor que matassem a personagem.

TV Globo / TV Globo/Divulgação
Mocinha odiada



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