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Uruguaio de nascimento, gaúcho de coração

Roberto Birindelli relembra  início da carreira no Estado: "Carrego até hoje os hábitos gaúchos"

Ator vive o Tobias na novela "O Sétimo Guardião"

15/05/2019 - 09h25min

Atualizada em: 15/05/2019 - 09h28min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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Estevam Avellar / TV Globo/Divulgação
Origem uruguaia, mas com um toque gaúcho

Quem ouve o sotaque carregado de Roberto Birindelli, 56 anos, o Tobias de O Sétimo Guardião, novela que termina nesta sexta-feira, pode jurar que o ator é gaúcho até o último fio do bigode. Na verdade, ele nasceu no Uruguai, mas foi em Porto Alegre que criou raízes e ingressou na carreira artística. No bate-papo, por e-mail, ele fala sobre as suas origens, personagens marcantes e projetos futuros.

Apesar de teres nascido no Uruguai, muita gente acha que és gaúcho. Como é essa tua conexão com o Rio Grande do Sul? Que lembranças marcantes tens do Estado que te acolheu ainda na adolescência?

A situação político-econômica no Uruguai se tornou insustentável. E, aos 15 anos, mudei com minha família para o Brasil. Meus pais pensavam em mudar para Buenos Aires (na Argentina) ou para São Paulo. No fim, Porto Alegre foi a opção, em função das semelhanças culturais. Foram 15 anos em Montevidéu, 30 em Porto Alegre, e uns 10 no Rio (de Janeiro). Então, o Rio Grande do Sul é onde mais morei, e onde comecei e estabeleci minha profissão, meus vínculos. Carrego até hoje os hábitos gaúchos. Fio do bigode, parceria, compromisso, chimarrão, e aquela costela de arreganhar os bigodes (risos).

Como foi o começo da tua carreira artística, em Porto Alegre?

Na faculdade de Arquitetura, tive contato com grupos de teatro e coletivos de cinema. Na minha turma, vários colegas largaram a faculdade para se dedicar a outras atividades. Por exemplo, (Marcelo) Pitz, (Carlos) Maltz e Humberto (Gessinger) criaram os Engenheiros do Hawaii. Depois, lancei livro de poesia. Junto com Mario Pirata e outros parceiros criamos um espetáculo poético teatral. Foi o gostinho do palco. Daí pro teatro, foi um pulo. Me formei em Artes Cênicas e fui estudar na França, Dinamarca e Itália. Em Porto Alegre, entre 1994 e 1995, recebi os primeiros convites da Casa de Cinema para curtas do Jorge Furtado e, depois, para os primeiros longas. Um ambiente maravilhoso de trabalho. Tomara que um dia eu possa voltar a trabalhar com eles. De lá pra cá, já se vão uns 45 filmes.

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Cria dos palcos: ator começou no teatro

Como é contracenar com grandes nomes da TV, como Alexandre Nero, em Império (2014), e Lília Cabral, na mesma trama e, agora, em O Sétimo Guardião? Dá aquele frio na barriga ao ficar diante de ídolos?

Josué, de Império, foi um personagem que me marcou. Com a visibilidade de uma novela, pude perceber a reação do espectador nas ruas, diferente do cinema e do teatro. É incrível a abrangência de um trabalho como este. O que não sabíamos, no início da novela, era da importância da parceria que se formou com o Comendador (personagem de Nero). Lília Cabral (Valentina, na atual trama das nove) é um doce. Trabalhadora incansável, assim como Tony Ramos (Olavo). Nos intervalos, ele conta histórias italianas, ele sabe que a minha família é da Toscana, e está sempre bem-humorado. Ailton Graça (padre Ramiro) é impagável. Elisabeth Savala (Mirtes): impossível não rir quando ela está perto!

João Cotta / TV Globo,Divulgação
Roberto é gaudério de coração

Além da novela, estás em várias produções da TV por assinatura. Quais são as principais diferenças entre trabalhar em canais a cabo e em abertos, em termos de produção e de rotina?

São dinâmicas diferentes. Novela é uma obra aberta, ou seja, não tem como prever a curva que o teu personagem vai ter. Um ritmo alucinante, produzir 50 minutos de conteúdo por dia. Isso daria algo em torno de 90 longas-metragens em um ano. Insano! Nas séries, o tempo e o roteiro são mais controlados. Dá para saborear e desenvolver mais cada cena. Tive a oportunidade de trabalhar com Breno Silveira, na Fox, na série Um Contra Todos (2016), durante quatro anos. Foi a experiência mais prazerosa de todo o meu trabalho de ator. Fiz duas temporadas da série A Vida Secreta dos Casais (2017), da Bruna Lombardi, para a HBO, que é outra lógica de produção.  

Nas ruas, o povo te reconhece como o Tobias, ou ainda se lembra de papéis anteriores teus? Quais?

Locais diferentes com públicos diferentes, se identificam, às vezes, com Pepe (de Um Contra Todos, da Fox). Uns lembram do Josué, de Império, e até do Mafioso Tucci, de Poder Paralelo, e do delegado de Apocalipse (produções da Record). Agora, com O Sétimo Guardião, a novela tem despertado curiosidade, um pouco sobre a linguagem, sobre a cidade de Serro Azul, sobre os mistérios. Do Tobias, eu escuto que é do bem, que não é tão bronco assim, e mil perguntas se a fonte é de verdade, se a comida do restaurante do Tobias é real, se a Dona Firmina (Guida Vianna) cozinha mesmo. É bem legal o envolvimento do público. 

Estevam Avellar / TV Globo/Divulgação
Como Josué, braço-direito do Comendador (Alexandre Nero), em Império

Com vários trabalhos recentes no cinema e outros projetos futuros para a telona, te consideras mais ator de cinema? 

Me sinto atraído por personagens instigantes, sejam na TV, no cinema ou no teatro. Tenho recebido mais convites para atuar no cinema, então, fui por aí. Em junho, será lançado O Olhoe a Faca, de Paulo Sacramento. Foram 12 dias embarcados, filmando numa plataforma de petróleo, um desafio e tanto. E, no segundo semestre, estreia Humanpersons, sobre tráfico de órgãos. Também tem Águas Selvagens, de Roly Santos, e Loop, de Bruno Bini em parceria com Bruno Gagliasso. 


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