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Polêmica

Por que hit apelidado de "Shallow Now" foi tão criticado e Paula Fernandes coleciona polêmicas

"Juntos" tem parceria de Luan Santana

01/06/2019 - 12h00min

Atualizada em: 03/06/2019 - 07h30min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Desde que foi lançada, na metade de maio, a canção Juntos (Shallow), parceria de Paula Fernandes e Luan Santana, deu o que falar e dividiu opiniões. Veja alguns dos motivos pelos quais a música recebeu tantas críticas e por que tudo que envolve Paula Fernandes tem gerado tanta polêmica nos últimos tempos.

Univesal Music / Divulgação
Versão de Paula, com participação de Luan, foi lançada no dia 18 de maio

No dia 18 de maio, Paula Fernandes monopolizou o noticiário musical, e boa parte do país ao lançar a sua versão em português para Shallow, trilha sonora do filme Nasce uma Estrela (2018), com Lady Gaga e Bradley Cooper. Batizada de Juntos (Shallow), a faixa contou com a parceria de Luan Santana em sua adaptação.

Até aí, nada de anormal, tendo em vista que uma das coisas mais comuns na música brasileira são versões nossas de sucessos internacionais. Para citar um exemplo, podemos lembrar da inusitada versão de Hey Jude, dos Beatles, na voz de Kiko Zambianchi, gravada especialmente para a novela Top Model (1989). 

No caso de Juntos, o que chamou a atenção do público, gerando centenas de memes e de críticas, foi o refrão que mistura termos em português com outros em inglês ("juntos e shallow now"):  "Diga o que te fez / Sentir saudade / Bote um ponto final / Cole de uma vez / Nossas metades / Juntos e shallow now". Traduzindo, o fim da música significa algo do tipo "juntos e rasos agora", o que não faria sentido algum. 

Segundo Paula, ela enviou a letra para aprovação de Lady Gaga, e a norte-americana lhe respondeu sem fazer correção alguma. Em comunicado divulgado pela sua gravadora, a Universal Music, a brasileira se disse feliz e empolgada com a repercussão. "A minha versão conta o reencontro de duas pessoas apaixonadas, e sinto que esse lançamento também é um reencontro com meus fãs. Mal posso esperar para ver todos cantando Juntos e Shallow Now no DVD", dizia o comunicado.

"É um tributo"

Aparentemente, a mineira, 34 anos, não se importou com as dezenas de memes nem com as piadinhas que a sua versão recebeu. Em uma das poucas entrevistas que concedeu após o lançamento do hit ao site G1, ela defendeu a sua escolha na hora da composição. 

— É muito importante dizer que a música não tem objetivo de ser uma comparação. É um tributo. Lady Gaga é uma artista única, completa. E quero que os fãs saibam que tem uma fã cantando. Ela se chama Paula Fernandes. Eu quis fazer daquela maneira. Tenho a licença poética de me expressar dessa forma. E todo mundo esquece que tem um contexto do início da música que é muito profundo, quando fala sobre colar os nossos pedaços. Aí entrou o meu dom criativo, e eu tenho muito orgulho disso. Como eu digo: se não gosta, não entra no meu perfil — argumentou respondendo às provocações na web.





Questionada sobre a falta de sentido da expressão "juntos e shallow now", a sertaneja pontuou: 

— Aí, entra a licença poética. É o nome da música. Foi um pedaço que optamos por manter. Muitas vezes, quando você traduz, vê que a letra não tem nada a ver. Mas a música é mais do que isso. É como o cheiro, uma coisa mais profunda, que remete a lembranças, a sensações. E é um tributo — finalizou a cantora, que afirmou se divertir com os memes e com as versões. 

Outro foco

Luan Santana falou sobre a canção logo após a gravação do seu novo DVD, na Bahia. Na oportunidade, disse que estava alheio ao burburinho.

— Eu estou meio por fora, porque aconteceu tudo nesse período pré-DVD — afirmou o sertanejo ao portal Gshow, em 19 de maio, após o show em Salvador.

Segundo ele, a participação no dueto foi feita à distância. Mas ele curtiu. 

— Paula me chamou, eu gravei a voz no meu estúdio, durante a correria do DVD, e mandei para ela. Ela me mandou (a versão final da música) há uns dois dias. Achei massa. Mas eu estava muito focado, preocupado com esse novo material. Agora que vou ter tempo de pegar o celular e ver isso tudo — contou, sem polemizar. 

Contatadas pelo Diário Gaúcho, as assessorias de Luan e Paula não responderam aos nossos pedidos de entrevistas. 

 "Juntos e Shallow Now" em versão ao vivo  

Mas, pelo jeito, a vida seguiu para a cantora depois de tamanha repercussão. 

Na semana passada, Paula lançou mais uma canção. Preciso te Amar para Viver integra o seu novo EP, Hora Certa, do qual Juntos também faz parte. E prepare-se porque vem mais por aí. Juntos ganhará mais uma versão de Paula e Luan: ao vivo. 

Em 12 de junho, Dia dos Namorados, a cantora grava o seu DVD em um show a ser realizado em Sete Lagoas, sua cidade natal, em Minas Gerais. A apresentação prevê a participação especial de Luan, que dividirá os vocais com a parceira.

Versões e mais versões 

Essa mescla inusitada deu o que falar, gerando memes e versões hilárias de Juntos, chegando até ao noticiário policial. Uma ação contra o tráfico de drogas na Paraíba do Sul, no Estado do Rio de Janeiro, foi intitulada de... Juntos e Shallow Now! A Banda Desejar, de Pernambuco, criou uma versão em ritmo de forró, batizada de No Chão (Shallow). No YouTube da banda, já são mais de 87 mil visualizações. 

Outra variação inusitada do hit veio com o grupo baiano La Fúria, que não fez no embalo do axé, mas adaptou para o pagode. 

No ranking das paradas

Nos rankings de empresas que monitoram a execução das músicas no país, tanto em rádios quanto na internet, a música vem colhendo bons resultados. Na lista atualizada nesta sexta-feira pela Connectmix, das cem mais tocadas entre todos os gêneros, Juntos aparece em 25º lugar.

No ranking da Crowley, curiosamente, a original, Shallow, está bem taco a taco (55º lugar) com Juntos (60º lugar), também entre as 100 mais tocadas, entre todos os gêneros. 

Passado de sucessos, presente de polêmicas

 Mas, afinal, por que tudo o que envolve Paula Fernandes, atualmente, gera polêmica? Conforme produtores e fontes do meio musical consultados pelo Diário Gaúcho, que preferem não se identificar, atitudes antipáticas, tanto nos bastidores quanto nos palcos atrapalharam a trajetória da sertaneja. 

Um dos exemplos ocorreu em Lajeado, no Vale do Taquari. No ano passado, a mineira foi chamada de "baita mala" pelo prefeito da cidade, Emanuel Hassen (PT). O perrengue aconteceu por conta de um vídeo que Paula publicou em seu Instagram, no qual aparecia segurando um cachorro que estava na plateia do show - momento em que ela interrompeu a apresentação para fazer um discurso sobre seu amor pelos animais. Na publicação, Hassen fez comentários sugerindo que a cantora havia sido negligente com o público: "Que legal! 

Mas ignorou todos os fãs. Gente que veio de longe. Baita mala". Via assessoria, a cantora disse que estava disponível para os fãs em Taquari: "Eu estava a postos (para receber as pessoas)".

No meio do show 

Em junho do ano passado, mais um rolo. Nas redes sociais, Roberta Miranda fez um longo desabafo acusando outra artista de imitá-la. Apesar de não ter citado o nome de Paula, seus seguidores logo perceberam a quem ela estava se referindo. 

— Uma coisa que eu fiquei indignada foi há três, quatro anos, no Multishow, ganhando prêmio. Olhou pra mim e virou as costas para Roberta Miranda. Nem por isso eu vim a público falar da falta de respeito que essa coisa aí fez. Fiquei chateada. Ela ainda disse que eu era "a ídolo dela" — declarou Roberta, indicando que, de fato, se referia a Paula, pois a colega levou o reconhecimento de melhor show no Prêmio Multishow em 2013.

Em entrevista ao site TV Foco, Paula declarou que tinha mais o que fazer do que se preocupar com a tal polêmica. Outra situação inusitada foi durante a apresentação de Andrea Bocelli em São Paulo, em 2016. Paula dividiu os vocais de Vivo Per Lei com o italiano, mas desistiu de fazer todo o dueto e deixou o palco no meio da performance, cantando somente a primeira estrofe. À época, alegou desorganização do evento e que cantou uma parte que não estava combinada. A soprano Maria Almeida, que participou da apresentação, fez acusações contra a artista nas redes sociais.

Talento x renovação

Por outro lado, há que se reconhecer: Paula tem uma das vozes mais diferenciadas da música nacional. Entre 2009 e 2010, começou a chamar a atenção do público com o hit Pássaro de Fogo. Quando participou do tradicional especial de Natal de Roberto Carlos, na TV Globo, em 2010, estourou para o grande público com o Rei. À época, de acordo com fontes do mercado, o cachê dela beirava os R$ 300 mil - hoje, estaria em cerca de R$ 80 mil. 

Entre seus expressivos números, aparecem seis indicações ao Grammy Latino (faturou a honraria na categoria Melhor Álbum de Música Sertaneja em 2016) e dez indicações ao Prêmio Multishow de Música Brasileira. Com 26 anos de carreira (começou aos oito anos de idade), a mineira chegou ao auge, mas não se manteve.

Concorrência forte

Entre os motivos que fizeram Paula perder espaço, o principal foi o surgimento de sertanejas com novo perfil, entre 2014 e 2015, como Marília Mendonça, Maiara & Maraisa e Simone & Simaria. Paula passou a perder espaço no mercado. As coleguinhas, diferentemente da mineira, passaram a investir em músicas que ressaltavam o empoderamento feminino, sem deixar de falar em farras e bebedeira, estilo bem distante do romantismo meloso e dos dramas existenciais em várias das canções da mineirinha.

Entre os erros apontados pelas fontes ouvidas pelo Diário Gaúcho, estaria a saída dela do escritório Talismã Music, do sertanejo Leonardo, bem relacionado no meio musical. Em junho de 2012, Paula recorreu à Justiça para rescindir seu contrato com a empresa que a representava desde 2008. A Talismã alegou ter direito a percentagens sobre shows e publicidade até 2014. Paula avisou que, a partir de novembro de 2012, não estaria mais na Talismã. 

"Brasileiro gosta de pegar no pé"


Responsável por releituras de canções estrangeiras como Estou Apaixonado, versão para Estoy Enamorado, dos colombianos Donato e Estefano, Daniel acredita que Paula poderia terminado a canção em português. Mas é político:

— É apenas uma opinião, não uma crítica. 

Em entrevista por telefone, ao Diário Gaúcho, o sertanejo afirma que a releitura de Shallow não repercutiu de maneira negativa para a sertaneja.

— Acredito que não, até porque a música está tocando pra caramba! O brasileiro é assim mesmo, gosta de pegar no pé. As pessoas não perdem tempo. Hoje em dia, não dá para dar mole, ainda mais com a velocidade que as coisas estão acontecendo. Mas, daqui a pouco, ninguém mais lembra disso — minimiza o astro.

Ele ressalta o peso sobre o artista perante fãs, quando opta por fazer sua versão de um hit consagrado. E cita sua própria experiência, quando fazia dupla com João Paulo (morto em 1997, em acidente de carro). Eles lançaram Te Amo Cada Vez Mais, versão de To Love You More, da norte-americana Céline Dion: 

_ É uma responsabilidade fazer uma versão de uma canção que já é um grande sucesso. É até mais difícil do que gravar algo inédito. Tem que estar preparado para críticas positivas e negativas.



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