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Então, é Natal

VÍDEO: descubra quem é nosso famoso Papai Noel por um dia no centro de POA

Bom Velhinho fez a farra com a galera no Largo Glênio Peres

24/12/2019 - 07h00min

Atualizada em: 24/12/2019 - 10h17min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Reconhece nosso Papai Noel?

Na semana passada, um dos humoristas mais conhecidos do país embarcou na aventura proposta pelo Diário Gaúcho: ser Papai Noel por uma tarde em um dos pontos mais movimentados da Capital. Durante horas, André Damasceno, 62 anos, se divertiu entre as pessoas que circulavam pelo Largo Glênio Peres, no Centro, naquela tradicional correria que precede o fim de ano.

Porém, essa mesma correria que alguns acham bem estressante não foi desculpa para que dezenas de pessoas parassem, tirassem fotos com o ilustre personagem e ficassem instigadas: de quem era mesmo aquela voz familiar do grande público?


Às vésperas das celebrações, teve até criança entregando o bico para o Bom Velhinho, mostrando que uma das tradições mais clássicas segue viva no imaginário dos pequenos. Entre o nosso Papai Noel, cheio de humor, e as pessoas que por ali passavam foi uma intensa troca de afeto – no final das contas, a essência da data. Feliz Natal!     

Pouco depois das 15h, André Damasceno começou a se preparar para circular pelo Largo Glênio Peres. No Chalé da Praça XV, vestiu a roupa do Papai Noel, colocou o gorro, o cinto e a tradicional barba. Alguns minutos depois, passou a caminhar pelos arredores. 

E bastou o nosso "Papai Noel por uma tarde" circular por um dos locais mais populares da Capital, para as pessoas irem se aproximando. Jovens, crianças e idosos – todos tinham curiosidade de saber quem era aquela figura por trás do gorro e da barba típicos do grande símbolo do Natal. 

Ao avistar o personagem mais famoso desta época do ano, Luis Mello, da Vila Cefer, na zona leste da Capital, não se aguentou e pediu uma selfie com a estrela da festa. Logo que ouviu o bordão "Não me faz te pegar nojo", consagrado pelo humorista como o Magro do Bonfa na Escolinha do Professor Raimundo, nos anos 1990, não se conteve. 

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Luis não se aguentou e tirou uma selfie com o Papai Noel

— Na hora, vi que era ele! Ouvindo aquele bordão e aquela voz inconfundível, não tem como errar — comentou o segurança, correspondido de pronto pelo Bom Velhinho:

— Bah, "veio", vamos tirar foto. Tu olha pra lá e "dá" a selfie aqui com o Papai Noel. 

É o Papai Noel do Bonfa. 

Luis dava risada da brincadeira toda:

— É especial, não tem outro igual...

— E não me faz te pegar nojo – finalizou o Papai Noel mais malandro da praça.

Surpresa boa

Mas o momento mais emocionante da tarde viria em seguida. A pequena Agatha, quatro anos, do bairro Lageado, na zona sul da Capital, se aproximou do Bom Velhinho. E, de maneira espontânea, entregou o seu bico em uma das cenas mais simbólicas da relação entre o Papai Noel e as crianças mundo afora. 

Mateus Bruxel / Agencia RBS
A pequena Agatha entregou o bico para o nosso Papai Noel

— Não vou mais usar — prometeu a pequena.

A mãe, Cristiane Oliveira, atenta e orgulhosa, contou que estava "numa luta" para que Agatha parasse de usar bico. Foi quando algumas pessoas em volta observavam que ali, no Glênio Peres, acontecia uma das maiores magias que o Natal pode proporcionar.

Teve até rap, mano!

Outro que reconheceu o personagem foi o rapper Luis Henrique dos Passos, do Morro da Cruz, na zona leste de Porto Alegre. E ainda improvisou um rap com Damasceno, misturando trechos de canções suas com o bordão do humorista.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Teve até rap de Damasceno com Luis Henrique

— Não tinha como não reconhecer! A voz dele é muito marcante — afirmou Luis.

"É época de rever tudo de bom que foi feito"

Depois da experiência de circular vestido de Papai Noel, André Damasceno conversou com o Diário Gaúcho sobre a importância do Natal para ele e sobre a troca de carinho com as pessoas que o abordaram no coração de Porto Alegre.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Aí está nosso Papai Noel, de "cara limpa"

Como foi pra ti a experiência de ser Papai Noel por uma tarde, em um lugar tão emblemático da Capital como o Largo Glênio Peres?
Foi uma emoção muito grande, pois, profissionalmente, nunca tinha feito isso. Me lembrei da minha infância. Eu e os meus pais (Claudio Damasceno Ferreira, hoje com 90 anos, e Aldira Damasceno Ferreira, 88) moramos em várias cidades (Rio Grande, Rio de Janeiro, Cachoeira do Sul, Santa Maria, Caxias do Sul e Curitiba), pois o pai era militar. Mas a gente passava o Natal sempre em Porto Alegre. Natal, pra mim, sempre teve a ver com Porto Alegre. Depois, em 1976, vim morar na Capital, quando entrei na Faculdade de Engenharia Civil, me formei em 1982 e fui ficando em Porto Alegre.

E como foi essa troca com as pessoas, contigo vestido de Papai Noel?

Ver a alegria das crianças é contagiante! Foi muito legal ver elas conversando com o Papai Noel. Poder passar alegria e carinho para as pessoas é muito bacana. 

Pra ti, qual é o significado do Natal?

Para mim, é uma época na qual a gente tem que repensar uma série de coisas. Claro, tem o sentido bíblico, o nascimento de Jesus Cristo, mas, muito além disso, é época de parar para pensar e rever o ano, rever tudo de bom que foi feito, e ver o que pode ser feito de bom no ano que vem. E tem uma coisa fundamental nesta época: ajudar as pessoas. Isso sempre foi um lema pra mim. Eu sempre fui muito ajudado pelas pessoas na minha vida, como pelo Chico Anysio (1931 – 2012), no período em que participei da Escolinha do Professor Raimundo. Então, hoje, eu tento ajudar ao máximo as pessoas. Estou de padrinho, inclusive, de um grupo de humoristas de Porto Alegre, o Cinco Muito.

Como foi a sensação de as pessoas te reconhecerem, mesmo tanto tempo depois da tua estreia na Escolinha do Professor Raimundo, na Globo?

Com a fantasia do Papai Noel, não tem como a pessoa ser reconhecida fisicamente, é claro. Mas foi legal ver que elas reconheciam quando eu fazia a voz do Magro do Bonfa. Foi uma emoção, muito gratificante! Significa que o personagem ainda está vivo. Depois de tanto tempo, está muito presente. Tanto isso é verdade que o nome do meu espetáculo (Não me Faz te Pegar Nojo) é o nome do bordão que eu criei. E acredito que o que tenha contribuído para isso é o fato de o Viva (canal a cabo) ter reprisado o programa nos últimos anos. Isso faz com que o personagem se mantenha vivo e que até a nova geração consiga reconhecê-lo.

Quando o Magro do Bonfa conquistou o país
Nosso Papai Noel que encantou crianças e adultos no Largo Glênio Peres é um dos humoristas gaúchos que ganhou o país. Damasceno é engenheiro civil de formação, mas foi com um personagem icônico que ficou conhecido dos brasileiros.

Divulgação / Agencia RBS
Na época da Escolinha, com seu icônico personagem

Em 1984, fez o seu primeiro show, no Bar Opinião. Até 1990, conciliava a carreira de professor de Matemática com o humor. Em 1993, deu o pulo do gato: mandou seu material para a Globo com um de seus personagens: o Magro do Bonfa, no qual tira sarro dos trejeitos e do sotaque de um típico porto-alegrense, morador do Bairro Bom Fim.

— Naquele ano, eu editei uma fita VHS com um comercial que eu tinha feito para uma rede de lojas, no qual eu fazia imitações de uma série de personalidades nacionais, como o ex-presidente Lula e Pelé, além de ter mandado uma esquete do Magro do Bonfa. O Chico adorou, me ligou e perguntou qual personagem eu gostaria de fazer — relembra.  

Até 1995, o gaúcho natural de Porto Alegre ficou na Globo com o seu personagem. Depois, teve uma passagem pela Record e voltou para a Globo em 2003, quando passou a fazer uma hilária imitação do ex-presidente Lula, no Zorra Total, até 2013. E lá se vão 35 anos de carreira. 

Que venha 2020!

No dia 24 de janeiro, no Teatro da Amrigs, estreia o seu novo espetáculo, Não me Faz te Pegar Nojo, dentro da programação do Porto Verão Alegre. Depois da Capital, o show passará por Florianópolis, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e pelo Nordeste. 

Além da turnê do novo espetáculo, que deve rodar o Brasil nos próximos dois anos, Damasceno lançará uma palestra no ano que vem batizada de Lógica, Humor e Qualidade de Vida.  Em 2020, nosso Papai Noel generoso dirigirá o espetáculo de seus novos apadrinhados no humor. São os integrantes do Cinco Muito, quinteto que vem chamando atenção por aqui. 



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