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Estrelas da Periferia

"Sou mulher, negra, e a grande maioria é homem, branco", diz DJ gaúcha que já tocou em festa no Maracanã

DJ Carola, que mora no Jardim Carvalho superou a falta de grana, acreditou no seu sonho e já tocou na Arena e no Beira-Rio, além do estádio carioca.

02/03/2020 - 17h34min

Atualizada em: 02/03/2020 - 17h41min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Quem olha para a DJ Carola, 23 anos, já tendo no currículo apresentações para multidões em locais como o Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, não imagina que a moradora do Jardim Carvalho, na zona leste da Capital, pensou em desistir da carreira artística durante a adolescência. Carolina Alcântara destaca que veio de família muito pobre, sem condições de bancar seu sonho. 

André Ávila / Agencia RBS
Carola: obstáculos não são limites para seus sonhos

Na infância, fez aulas de teatro e sonhava em ser cantora. 

— Eles acabavam, involuntariamente, me desencorajando. Na adolescência, comecei a focar nos meus estudos e queria cursar Psicologia. Mas acabei me apaixonando pelo universo da música, mesmo que, naquela época, alguns DJs da região tivessem tentado me desencorajar — relembra a gaúcha. 

No início, como não tinha grana para pagar um curso de DJ, estudou os princípios básicos de música e mixagem em um site especializado.  Aos poucos, galgou seus passos para realizar o sonho.

Jamais desistir

Em 2012, Carola participou de um concurso promovido por um site, no qual DJs enviavam suas performances para uma banca formada por especialistas. 

— Fiquei entre os cinco finalistas e nos apresentamos em uma casa noturna, para que fossem julgados diversos aspectos, como repertório e presença de palco. Aquilo mudou o conceito de muita gente sobre mim e me trouxe um certo respeito — relembra a garota:

— Com menos de um ano de carreira,  deixei pra trás 70 concorrentes, a maioria homens, e fiquei em segundo lugar no concurso. A partir dali, as coisas começaram a melhorar, fui recebendo mais convites para shows.

Uma das grandes experiências de sua trajetória veio em 2015, ao tocar em um festival de música eletrônica dentro do Maracanã. No mesmo ano, também deu show no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, e, nos dois anos seguintes, na Arena. 

Ao falar de seu estilo, Carola não gosta de se colocar dentro de uma definição mais clássica.

— Me considero uma artista. Dentro disso, trabalho com músicas que acho boas, não fico presa a um gênero. Quem gosta de música eletrônica entende que tenho elementos de diversos estilos — argumenta. 

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Aos poucos

Subindo um degrau por vez, em 2017, viu sua primeira produção própria, My Brother, chegar ao Spotify, com mais de 500 mil reproduções. No ano passado, foi eleita a melhor DJ do Rio Grande do Sul, pela Associação Gaúcha de DJs:

— Essa foi, de longe, uma das minhas maiores realizações pessoais. E eu estava concorrendo com meninas que têm muita história no meio musical, e a eleição era por voto popular.

Mas o céu não é o limite para ela:

— Tenho muitas barreiras para derrubar e me consolidar de vez no mercado. Fujo do estereótipo de um DJ de música eletrônica. Sou mulher, negra, e a grande maioria é homem, branco. Mas, com muito trabalho, vou chegando lá.

Pitaco:

Vanessa, da dupla com Claus, fala sobre o trabalho da DJ:

– A Carola chega em um momento muito propício no cenário das mulheres mandando como DJs. E ela ainda tem um diferencial, que são as produções, todas bem feitas, com timbres atuais e dinâmicos. Um sucesso!

Aqui, o espaço é todo seu:

— Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.

— Se quiser falar com Carola, ligue para 99693-8926.



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