Entretenimento



Estrelas da Periferia

Conheça o gaiteiro prodígio, de 12 anos, que já abriu baile do Tchê Barbaridade

Filipe Adão, de Viamão, ganhou seu primeiro instrumento aos quatro anos. Hoje, já tem disco e divide o palco com grandes músicos.

14/04/2020 - 07h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
Enviar E-mail

Mesmo que tenha nascido em uma família de artistas, o pequeno Filipe Adão Pires da Silva, 12 anos, morador da Cohab, em Viamão, não imaginava que tão cedo tocaria gaita, um dos símbolos da música gaúcha. Porém, seu destino começava a ser traçado quando tinha somente quatro anos. Naquela época, ganhou sua primeira gaita de oito baixos do avô, Adão, hoje já falecido, que tocava o instrumento nas invernadas dos CTGs Armada Grande e Setembrina dos Farrapos, ambos em Viamão.

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Habilidade na gaita desde cedo

- Conforme eu via ele tocando, ia imitando e fui aprendendo. O vô dizia que eu tinha futuro - lembra Filipe.

Na sequência, o pai do garoto, Alexsandro que, por dez anos, dançou nas invernadas Mirim e juvenil do mesmo CTG em que seu Adão tocava gaita, viu seu pequeno talento crescer. E o incentivou a encarar um curso na Casa da Gaita Ponto, em Porto Alegre, onde ele ainda faz aula de música. 

Rapidamente, Filipe foi chamando atenção no local e, em 2017, acabou sendo convidado para fazer sua primeira apresentação ao lado de um professor - Anderson "Dedé" o acompanhava no violão. No repertório, "apenas" alguns clássicos do cancioneiro gaúcho, como Xote Laranjeira e Vaneirinha do Adeus.

- Antes da apresentação, fiquei nervoso, claro. Mas, depois, com a sensação de dever cumprido - conta, cheio de articulação, o jovem artista.

Conheça outras histórias de Estrelas da Periferia

Com as feras 

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Com Beto Frizzo, do grupo Os Mateadores

Conciliando o amor pela gaita com os estudos, Filipe cursa a sétima série na Escola Castelo Branco, na sua cidade. Hoje, já toca gaita de 120 baixos e gravou um disco com seis faixas, que lhe abriu as porteiras para receber convites, para dividir o palco com grandes nomes da música gaúcha, como o grupo Os Mateadores e os cantores Jorge de Freitas e Teixeirinha Filho. Além disso, Filipe fez a abertura de um baile do Tchê Barbaridade. 

- Qualquer convite que eu recebo me traz uma felicidade muito grande, sempre aceito. É uma honra - comenta o gaiteiro.

Filipe sonha em dividir o palco com, pelo menos, dois monstros da música gaúcha: Baitaca e Mano Lima. E mostra maturidade na hora de administrar sua carreira. Em 2019, passou a ganhar pequenos cachês, por conta das apresentações, e criou uma meta: guardar o dinheiro para comprar um videogame.

- Meu pai tinha condição de me dar um, graças a Deus. Mas eu queria conquistar o meu videogame com o meu suor. E consegui! - comemora o menino.

Sobre o futuro, ele surpreende ao dizer que pretende ter a música  só como lazer nos finais de semana, pois quer seguir uma profissão que tenha a ver com as áreas de administração ou informática. Mas, com esse talento todo, não será difícil a música gaúcha ganhar um grande acordeonista daqui a uns anos.

Aqui, o espaço é seu!

- Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.

- Quer falar com Filipe? Ligue para 99188-3712.

Pitaco:

De gaiteiro para gaiteiro, Bagre Fagundes fala sobre o trabalho de Filipe:

- O guri é bueno com essa gaita. Me lembro do "veio" Albino Manique e de dois craques da nova geração da gaita: Luciano Maia e Bebê Kramer. Estuda bastante e segue em frente rumo ao futuro, guri, pois tu tens bastante talento!


MAIS SOBRE

Últimas Notícias