Entretenimento



Estrelas da Periferia

Tapa de luva no preconceito: Doce Acaso dá seu recado

Pagodeiros têm como uma das bandeiras o combate a qualquer tipo de preconceito, especialmente a homofobia. 

07/04/2020 - 07h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
Enviar E-mail

Formado em 2016, a trajetória de Doce Acaso, que tem integrantes de Canoas e dos bairros Teresópolis e Azenha, na Capital, praticamente, gira em torno de Lucas Pereira, vocalista. Quando a banda nasceu, ele ainda não havia entrado nela. 

À época, Doce Acaso contava, em sua formação, com os canoenses Sandro Silva (reco-reco) e Juan Miguel (violão). Em seguida, entrou Alex Silva (pandeiro), irmão de Sandro. E foi em uma festa que os músicos acharam Lucas para entrar no time.

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Banda foi formada em 2016

- Estávamos fazendo um som em um aniversário de família e convidamos o Lucas para cantar. Quando ele soltou a voz, dissemos: "Bah, esse é o cara" - relembra Sandro.

Naquele ano, a banda engrenou rapidamente no circuito pagodeiro, investindo no romantismo. Teve destaque, inclusive, em um festival de pagode de uma casa noturna. 

- Ali, ganhamos destaque, pois estávamos fazendo um som diferente do que estava rolando - avalia Lucas, que já estava na banda.


Reencontro

Mesmo chamando atenção no cenário, o grupo não conseguiu escapar de ser alvo de preconceito. Em um show em uma casa noturna, à época, Lucas, que é homossexual, foi alvo de comentários homofóbicos de um garçom. 

Foi a única vez que algo do gênero aconteceu, segundo os músicos. Mas foi o suficiente para que eles pensassem em fazer músicas contra o preconceito, seja de que espécie for.

- A situação, naquela vez, até que foi contornada de maneira rápida, mas ficamos muito bravos - relembra Fabrício Figueira (percussão geral).

Dali em diante, "saturados" do mercado da Capital, que pouco espaço dava para bandas locais, o grupo deu uma parada. Em 2019, porém, durante um encontro, os músicos fizeram um show despretensioso e viram que aquela chama, acesa três anos antes, permanecia ali.

- A gente falou: "Cara, nosso som segue bom". Então, marcamos um dia e fomos para estúdio, gravamos um vídeo, e muita gente comentou. Recebemos, inclusive, retorno de gente de fora do Rio Grande do Sul - diz Lucas.

Com a banda engrenando novamente, ele e a turma começaram a planejar a gravação de duas músicas, Pare e Pense e Reencontro. As duas, por sinal, batem forte contra a discriminação em suas letras.

- Nossa ideia é combater qualquer tipo de preconceito, homofobia, racismo... E quebrar o preconceito no segmento - explica Lucas.


Planos

As gravações das faixas, por conta da pandemia do coronavírus, estão suspensas, mas serão retomadas assim que a vida de todos voltar ao normal. Outro projeto que também deve ser retomado é a gravação em inglês e espanhol das músicas da banda, já que Lucas canta nos dois idiomas. 

Afinal, não é à toa que afirmamos, no início deste texto, que o Doce Acaso gira em torno do seu talento. Em setembro, a banda tem dois shows marcados no Rio de Janeiro, que, por enquanto, seguem de pé. 

- Lucas é nossa referência, nosso vocalista, nossa fonte de inspiração, um artista acima da média - destaca Fabrício.

Ainda integra a banda Renato Carré no tam-tam. 

- Se quiser falar com o grupo, ligue para 9449-0986.

- Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas, vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.

Pitaco:

Emerson Tuty, vocalista do Pyração, fala sobre o trabalho do grupo:

- Pagode romântico está em alta no país, com nomes como Mumuzinho, Ferrugem e Dilsinho. Temos que incentivar as bandas locais e fazer esse tipo de pagode. Muito bom o som do Doce Acaso, e o vocalista é de primeira, parabéns!



MAIS SOBRE

Últimas Notícias