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"O brasileiro ainda naturaliza a morte de pretos", diz Babu Santana sobre racismo no país

Ator fala sobre protestos em todo o mundo e novos projetos após o "BBB 20"

18/06/2020 - 09h55min


Júlio Boll
Júlio Boll
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Christoffer Pixinine / Divulgação
Babu segue produzindo lives e pensando em projetos para a TV

Em um dos vídeos dentro do Big Brother Brasil 20, Babu Santana se mostrou orgulhoso ao ver que o reality estava tendo uma edição de “bandeiras”. Além do poder das mulheres — que estavam em evidência —, o programa também trouxe o debate sobre o racismo, em que o próprio Babu e Thelma se viram como os protagonistas para o público.

Agora, quase dois meses após o término da edição, o ator segue falando sobre o tema em lives nas redes sociais. Diante do caso de George Floyd e dos protestos movidos pelo manifesto Black Lives Matter, Babu acredita que tudo o que acontece agora é uma necessidade. 

— O povo preto está cansado desse tratamento, mas que não vem de agora, tá? Essa revolta existe desde que um branco resolveu escravizar um preto. Então, se você não vai pras ruas e às vezes não tem atitudes mais drásticas, como ser ouvido? Notado? Como ver transformação? — questiona o ex-brother, em entrevista a GaúchaZH.

Em relação ao Brasil, ele acredita que o engajamento na defesa dos negros venha do fator cultural e lembra que, nos Estados Unidos, havia uma segregação racial amparada por leis. 

— Entende o absurdo e a revolta que isso gera? Isso também explica bem porque agem dessa forma lá. Aqui no Brasil, a segregação não foi “formalizada”, mas o racismo aqui segrega desde o fim da escravidão. O brasileiro ainda naturaliza morte de pretos, o que impacta nas atitudes — opina Babu.

Ainda dentro da casa, o quarto colocado do BBB 20 foi vítima de comentários racistas. A mineira Ivy chegou a questionar o pente que ele usava no cabelo e dizer que “quanto mais morena fica, melhor”. Ele pontua que esse preconceito está “enraizado” e acaba sendo “cultural”.

— Dentro de casa eu não era um personagem, estava ali com minha verdade, minhas experiências, meus diálogos. Então, se lá houve racismo, nada mais é do que uma reflexão do que também vemos aqui fora. Mas que precisa ser questionado, finalizado — frisa o ator.

Vida nova

Já do lado de fora do programa, o artista se viu saindo de um confinamento e entrando em outro, por conta das regras de isolamento impostas pela pandemia de coronavírus. Ele sente saudade dos diálogos dentro do BBB 20, já que considera a experiência “uma das melhores de sua vida”. Gratidão é o que ficou de sentimento.

— Sem dúvidas, foi um divisor de águas na minha carreira. Hoje, posso dizer, que sobre mim existe uma lente de aumento, e isso é bem especial, porque dá visibilidade aos meus discursos e aos meus projetos. Muita alegria por tudo que estou vivendo — reflete.

Poucos dias após o programa, ele já foi anunciado como o novo contratado da Rede Globo e aproveita o momento de isolamento para pensar em projetos para o cinema e para a televisão. Na telinha, curte alguns capítulos de Novo Mundo, reprise na faixa das seis em que vive o forasteiro Jacinto. 

Babu também tem sido visto em lives, nas quais promove muitas conversas sobre o racismo e a evolução da sociedade. Ele procura dar voz a pessoas negras que são referências em suas áreas de atuação: a primeira conversa nas redes foi com Deivão Du Corte, jovem cabeleireiro que reinventou a forma de olharem para o corte de cabelo black.

— São muitas ideias brotando e estou aproveitando o momento para equilibrar tudo. Sei que o público pode esperar muita novidade. Estamos trabalhando bastante e isso me alegra muito. Meu sonho é este: fazer arte todos os dias.


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