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Entrevista

Titãs lança segundo EP na pandemia: "Aliviou nossa angústia"

Guitarrista Tony Bellotto conversou com GaúchaZH sobre o capítulo dois do projeto Trio Acústico

26/08/2020 - 09h46min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Silmara Ciuffa / Divulgação
Sérgio Britto, Branco Mello e Tony Bellotto estão lançando segundo disco do projeto com releituras de hits dos Titãs

Quando decidiram criar o projeto Trio Acústico, composto por três EPs, antes da pandemia de coronavírus, Tony Bellotto, Sérgio Britto e Branco Mello pretendiam celebrar a longevidade dos Titãs — agora um trio — e dar uma cara diferente para sucessos acumulados em 38 anos de carreira. No primeiro álbum da trilogia, lançado em abril, fizeram um apanhado de hits presentes em discos épicos da banda, como Tô Cansado e Família, de Cabeça Dinossauro (1986); O Pulso e Miséria, de Õ Blésq Blom (1989); além de Querem Meu Sangue, do LP de estreia, de 1984, e Sonífera Ilha, primeiro single da banda.

Agora, apresentam o segundo EP do projeto, com novas versões para Televisão, que batizou o segundo álbum, de 1985; Nem 5 Minutos Guardados, que conserva a melodia da faixa original (do Acústico MTV, de 1997) — sob camadas de cello, flauta e clarinete, com piano tomando a frente dos violões —, e Go Back, que surgiu como um reggae no primeiro disco e ganhou uma versão em espanhol, bem diferente da original. O capítulo final da trilogia deve sair até o final do ano.

Por telefone, o guitarrista Tony Bellotto, que também passou a cantar (é quem comanda os vocais na emblemática Polícia), conversou com GaúchaZH sobre o projeto, o atual momento e o novo formato dos Titãs.

Como está sendo a experiência de lançar esses discos em meio a uma pandemia?

Cara, a gente teve uma sorte. Quando começou a pandemia, o isolamento social, os três discos já estavam quase gravados, faltava um detalhe ou outro. A ideia desse projeto era fazer um registro de estúdio mesmo, feito com cuidado, com algumas coisas a mais, com alguma coisa de orquestração. A ideia era gravar e lançar o trabalho dessa maneira, dividido, e isso se mostrou positivo. Foi ótimo, para a gente se sentir conectado com o nosso público e o fato de estar lançando na pandemia aliviou nossa angústia.

Depois de tanto tempo na guitarra, como está sendo a sua experiência nos vocais?

Vem sendo uma experiência bem interessante. Depois de 40 anos de carreira, aos 60 anos, estrear algo novo é muito positivo. Estou vendo com bastante entusiasmo, me dedicando ao canto. Sempre é uma experiência interessante. Nas gravações, pude entender como funciona o processo de gravação de voz, é uma coisa especial.

No começo, os Titãs eram uma banda numerosa, com vários músicos protagonistas que tinham destaque na banda e seguem em destaque nas carreiras solo, como Arnaldo Antunes, Nando Reis e Paulo Miklos. Agora, vocês experimentam esse formato reduzido trio. Qual o sentimento?

Nós somos uma banda sui generis. Tínhamos oito integrantes, quase todos cantavam. Quando o Arnaldo saiu (em 1992), foi muito louco. Ficamos inseguros, pensamos: “Será que seguiremos sem ele, será que o público vai aceitar?”. A partir dali, vimos que essa era uma característica da banda. A ideia de a gente não ter um líder sempre foi algo interessante, diferentemente do que a imprensa da época pensava, que sempre tinha uma tendência de localizar no cantor da banda o líder. E, ao mesmo tempo em que não conseguimos manter todos os integrantes, a gente sabe que eles tinham muita produção, coisas que não cabiam na banda. Fizemos uma marca coletiva. Sinto que a gente é muito fiel ao espírito da banda, cada um dos nossos parceiros mantém algo do grupo em sua carreira solo. E a essência é essa: quando você assiste a um show do Pink Floyd, nem sabe quantos integrantes são originais.


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