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Retorno ao Leblon

Elenco de "Laços de Família" relembra trama, que volta nesta segunda no "Vale a Pena Ver de Novo"

Novela de Manoel Carlos celebra 20 anos com retorno à programação

07/09/2020 - 08h00min

Atualizada em: 10/09/2020 - 10h08min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
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Quem conhece a obra de Manoel Carlos a identifica em um primeiro olhar. O autor tem um jeito único de criar personagens de forte apelo popular e identificação com o público. É o caso de Laços de Família, que volta a partir desta segunda no Vale a Pena Ver de Novo (RBS TV, 16h25min), além de estar disponível, na íntegra, para assinantes do Globoplay.

Passados 20 anos, personagens e cenas continuam vivos na memória afetiva dos telespectadores. Para os atores, também é uma história singular, que marcou suas carreiras. Em entrevista a Retratos da Fama, parte do elenco celebra o retorno da novela à telinha e recorda histórias emocionantes dos bastidores da trama.


"Camila seria cancelada"

TV Globo / Divulgação
Carol passou por uma transformação pela personagem

Na estreia de Laços de Família, Carolina Dieckmann tinha apenas 21 anos e um desafio gigante pela frente. Sua personagem, Camila, causou revolta no público ao se apaixonar por Edu (Reynaldo Gianecchini), o namorado de sua mãe, Helena (Vera Fisher). A atriz reconhece que é quase impossível justificar tal atitude:

— Roubar o namorado da mãe é complicado. Se a novela estivesse passando pela primeira vez, do jeito que a situação está, a gente correria mais riscos de ter essa discussão inflamada, pelas pessoas realmente estarem mais polarizadas. A Camila seria cancelada na primeira semana de novela.

Se até a metade da novela o público odiava Camila, o jogo virou com o drama da doença. O maestro Manoel Carlos conduziu a história de modo que, ao descobrir que estava com leucemia, Camila passou de traidora a mártir em poucos capítulos.

Virada

E foi a partir daí que Carolina e Camila viraram uma só. A atriz se entregou de corpo e alma à interpretação da personagem, com o ápice na cena em que a jovem raspa os cabelos ao som de Love by Grace, de Lara Fabian. Carol conta que a sequência seria exibida apenas na campanha de incentivo à doação de medula óssea, mas a comoção nos bastidores convenceu a equipe de que aquilo precisava aparecer na novela:

— Até então, a cena mais forte era uma em que cortavam o meu cabelo por dentro, para dar o efeito de que os fios realmente estavam caindo por causa do câncer. A Camila via a gengiva machucada, o corpo perdendo a batalha para a doença.

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Adorável diabinha

TV Globo / Divulgação
Só a carinha de anjo...

Quem também seria cancelada hoje em dia seria Íris, personagem de Deborah Secco, que infernizava a vida de Camila. Aos 20 anos, na época, a atriz percebeu a dimensão de seu trabalho nas ruas.

— A Íris mudou a minha vida. Tinha muita gente que era apaixonada por ela, mas muita gente que odiava também. Eu não conseguia andar na rua, o que para mim era maravilhoso — relata Deborah, que sentiu a raiva do público na pele:

— Levei uma bolsada no supermercado. Tentei explicar que era só ficção, mas não adiantou – diverte-se a atriz.


Triângulo marcante

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Todos amavam Capitu, divisor de águas na carreira de Gio

A jovem Capitu (Giovanna Antonelli) sustentava sozinha os pais idosos e o filho pequeno. O fato de trabalhar como garota de programa não causou rejeição no público, pelo contrário.

— Acho que deu certo, porque o público gosta de ver histórias humanas. O Maneco tem esse dom de traduzir o ser humano e de não ficar na superficialidade. A Capitu foi um divisor de águas na minha carreira — celebra Giovanna.

Rivalidade

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Clara era só antipatia e rancor

Intérprete de Clara, a mimada esposa de Fred (Luigi Bariccelli), Regiane Alves teve a difícil missão de ser oponente de uma personagem já tão querida pelo público. Não foi fácil fazer oposição a Capitu, lembra ela:

— Ficou muito dessa experiência na minha vida. Eu fazia a chata da novela, esse contraponto a Capitu. Era um triângulo forte, e todo o mundo torcendo para a Capitu e Fred, e você, do outro lado, tendo que defender a personagem...


Palavra de veterano

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Miguel entre livros e sofrimentos, foi um dos grandes personagens da carreira de Tony

Com mais de 50 anos de carreira e dezenas de personagens no currículo, Tony Ramos não esconde que Miguel tem um lugar especial em sua trajetória. O dono da livraria Dom Casmurro não foi um personagem fácil para o ator, que destaca o poder do silêncio de Miguel, mais do que suas falas. Apaixonado por Helena, o livreiro amargou a rejeição por boa parte da trama.

— Você tem que entender que não pode passar, em nenhum momento, decepção, ódio ou rancor, porque não foi correspondido a esse amor. Você tem que manter nesse nível de grandeza. Trabalhar o silêncio desse homem — explica o ator.

Simplicidade

Os momentos mais marcantes, para Tony Ramos, são também os mais singelos. O artista relembra a sequência com a gaúcha Julia Feldens, que viveu Cissa, sua filha na trama. Somente ela falava, desvendando os sentimentos mais profundos do pai. Enquanto isso, Miguel derramava um pranto há muito contido. O ator resume a complexidade de cenas como essa:

— Ser simples é de uma dificuldade absoluta.


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