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Estrelas da Periferia

"Quero representar a mulher moderna, que vai na vanera, mas sem bombacha", diz Janna Martins

Cantora já atuou em bandas de baile e, agora, ganha destaque na carreira solo

01/09/2020 - 09h15min

Atualizada em: 01/09/2020 - 10h40min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Rianna Gonçalves / Divulgação
Gaúcha começou a carreira ainda na infância

Na infância, quando ainda nem imaginava que seria uma cantora, Janna Martins, hoje com 31 anos, natural de Butiá, já estava sendo levada para o mundo da música, por uma influência que vinha de casa. Na época, seu pai, Jesuíno, era dono de um dos bailões mais bombados da Região Carbonífera, o Bailão do Jesuíno.

- Eu nasci, praticamente, dentro de um bailão. O bailão do meu pai trazia diversos artistas bombados aqui para a região. E eu cantava desde muito pequena, na escola, em eventos de igreja. Inclusive, minha mãe, Nubia, sempre conta que minhas primeiras brincadeiras eram todas musicas - lembra Janna.

Influenciada por atividades em CTGs e ativa participante de invernadas, Janna era adolescente quando a explosão da Tchê Music marcou a música gaúcha, entre o fim dos anos 1990 e o início dos 2000, com o estouro de grupos como Tchê Garotos, Tchê Guri e Tchê Barbaridade. 

- Nessa época, eu era adolescente, estava na fase de sair e a vanera era muito forte na minha vida. Lembro que, nessa época, o Luiz Claudio (atualmente no tchê Garotos), estava com a Tribo da Vanera, que tinha a Carmen (ex-Tchê Barbaridade), nos vocais. Por causada música Quem Sabe a Gente Se Encontra, eu comecei a cantar. E quando cantei essa faixa, com a banda de uns amigos, o dono de uma banda de baile aqui da região, a Longa Metragem, viu a performance e me convidou para cantar na banda -  relembra Janna.

Marca forte

Aos poucos, a partir dali, Janna começou a construir sua marca e tentar ocupar seu espaço no gênero que é a sua paixão: a vanera. Primeiro, cantou em outras bandas, sempre como a vocalista principal. Quando começou a tentar colocar em prática o sonho de ser cantora de vanera, ouvia comentários machistas, de que mulheres deviam cantar sertanejo ou pop, pelo fato de que existem poucas representantes femininas na vanera. Mas não desistiu. 

Em 2016, fez uma parceria com um compositor paranaense, Jhunior Villa, que alavancou sua carreira solo. No ano seguinte, gravou a primeira versão de Coração Calado, sua primeira canção solo, e foi para o Paraná, a convite do compositor.

- Me trataram muito bem lá, como a rainha da vanera - lembra.

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Ali, ela começou a trabalhar sua marca pessoal, como cantora de vanera, mas diferenciada, sem ter que usar bota a bombacha, por exemplo.

- Queria muito seguir cantando vanera, mas não queria usar bota e bombacha, tendo que estar com uma roupa tradicionalista, embora eu goste das roupas das nossas tradições. Queria seguir cantando vanera moderna, representando a mulher que eu via nos bailes, que dançava, que tomava a cerveja dela, independente - afirma Janna.

Recentemente, Coração Calado ganhou um clipe, no qual Janna se inspirou em Anitta para gravar alguns trechos, que mostram uma mulher empoderada:

- Compus essa canção como um grito da minha alma. Gravar esse clipe, com essas cenas, colocamos uma cama dentro do estúdio, buscamos referências na área pop, com cenas empoderadas. Foi muito libertador ter feito aquele clipe, e é libertador para várias mulheres, que me passam um retorno muito positivo. 

Pitaco  

Adriano Brasil, produtor artístico, fala sobre Janna:

- Ela tem um baita trabalho, não é fácil ser mulher e cantar vanera no Rio Grande do Sul. A voz dela é muito boa, referência para outras cantoras que queiram entrar nesse gênero. Parabéns, Janna!

Aqui, o espaço é todo seu

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