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"Maior sonho realizado nos meus 74 anos de existência", diz Vera Ambrozio sobre participação no "The Voice+"

Gaúcha encantou os jurados na fase de audições às cegas e está no time de Ludmilla

30/01/2021 - 07h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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TV Globo / Divulgação
Vera Ambrozio é a representante do Estado no "The Voice+"

Única representante do Estado, até o momento, no The Voice+, reality show musical da Globo para talentos a partir de 60 anos, Vera Ambrozio, 74 anos, emocionou o público quando participou das audições às cegas, na estreia do programa, e encantou os técnicos. Moradora do bairro Lomba do Pinheiro, zona leste da Capital, a gaúcha viu Mumuzinho e Ludmilla virarem as cadeiras para sua performance brilhante: soltou o voz na clássica canção Isto Aqui, O que É, de Ary Barroso (1903 – 1964). Ela optou por integrar o time da cantora carioca. 

Diarista aposentada, Vera aproveita a participação no programa para manter vivo o sonho de criança, que era seguir na carreira artística – na infância, participou em um dos programas que marcou a história do rádio brasileiro, o Clube do Guri, na Farroupilha (680 AM). Conheça um pouco mais sobre a história de Vera, retrato de muitas mulheres fortes do samba nacional, e confira uma entrevista exclusiva com a artista!

Cantou com Elis Regina

Com pai maestro e mãe solista, Vera nasceu e foi criada no meio da música, em Porto Alegre. Mas só passou a se dedicar à arte ao se aposentar como diarista, aos 44 anos: 

– Canto desde pequena, mas casei, tive minha família (tem três filhos – Gilberto, Elisangela e Rosângela –, 16 netos e cinco bisnetos) e, só mais tarde, voltei (a cantar). 

Aos 12 anos, se apresentou no programa Clube do Guri, da Farroupilha. Lá, conheceu e cantou com Elis Regina (1945 – 1982). 

– Eu participei com muita honra do Clube do Guri. Foi um marco em minha vida ter cantado com a maior cantora do Brasil, Elis Regina – lembra Vera. 

Após se aposentar como diarista, conseguiu realmente se dedicar à arte, quando passou a frequentar o Clube de Mães Vila Assunção. 

– Aprendi a cantar na Vila Assunção com um grupo de terceira idade, porque tínhamos professores de canto. Foi ali que aprendi a técnica, aprendi a me soltar e ficar tranquila no palco – relembra a cantora, em entrevista ao site Gshow.

Ao ser questionada sobre um ídolo com quem ela gostaria de dividir o palco, a participante do The Voice+ responde prontamente:

– Alcione, ela é maravilhosa. 

Família que incentiva

Depois de cantar no Clube de Mães Vila Assunção, Vera entrou em uma banda de samba de raiz, que rodou o Estado fazendo shows, abrindo espetáculos de nomes conhecidos do samba, que chegou até a Argentina.

– Criamos a banda e fazíamos muitos shows, aberturas de espetáculos, viajávamos muito. Fomos até para a Argentina cantando. Mas, com a morte do nosso mestre, Mestre Jorge do Sul (há três anos), esfriei, fiquei perdida e a banda parou – conta Vera.

Sabendo do talento da avó, os netos Guilherme e Vinícius fizeram uma surpresa e a inscreveram no The Voice+.

– Ter a oportunidade de iniciar um projeto aos 74 anos é algo divino, maravilhoso. É fenomenal, é se sentir viva, ainda mais para mim. Agora, meus netos me fizeram essa surpresa e me inscreveram no The Voice+. Estou aqui por causa deles – comemora a gaúcha.

Segundo a assessoria de imprensa da Globo, ainda não existe a previsão de quando será a próxima apresentação de Vera no programa.


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Como a família: incentivo que vem de casa

Moral internacional

Um capítulo muito especial na história da gaúcha tem relação com uma das grandes estrelas da música mundial: Dionne Warwick. Em 2008, a cantora norte-americana foi convidada para um jantar na casa da ex-empregadora de Vera. 


Tem o apoio de uma lenda da música

– Para a minha surpresa, encontro a Dionne Warwick, aquela cantora maravilhosa, na casa desta minha ex-patroa. Cantei para ela. Foi algo maravilhoso, um sonho maravilhoso que guardo, até hoje, com o maior carinho em minhas lembranças – lembra Vera, que não sabia falar inglês e cantou músicas brasileiras para se comunicar com Dionne.  

Apoio ilustre

Antes de subir ao palco do The Voice+, Vera ganhou um presente da produção do programa. Quando ela falava sobre o encontro com a estrela norte-americana, o apresentador André Marques anunciou a surpresa. Dionne apareceu apor meio de chamada de vídeo para incentivar a gaúcha: 

– Olá, é a Dionne. Me agrada dizer essas poucas palavras em seu nome. Não foi nenhuma surpresa que você tenha passado tranquilamente pelas seletivas. Sei que, sem dúvida, você irá passar sem dificuldades nas audições às cegas. Sua linda voz deveria ecoar em todo o Brasil, como você merece. Boa sorte e que Deus a abençoe. 

Pega de surpresa, Vera foi às lágrimas, mas pretende retribui o carinho que recebeu da artista:

– Foi uma grande surpresa para mim, que me deixou extasiada, não acreditando no que estava acontecendo. Foi de uma grandiosidade que não tem preço. Não sei como vou agradecer. Até agora, não tive coragem ainda de agradecer a ela ao vivo, mas vou fazer, com certeza. 

Entrevista

"Maior sonho realizado nestes meus 74 anos de existência"

Por e-mail, Vera falou sobre os protocolos seguidos durante as gravações do The Voice+, a admiração por Ludmilla, sua técnica no reality show, e projeta seu futuro artístico. 

Como foram os protocolos de segurança contra a covid-19 durante as gravações das audições às cegas? 

O atendimento da Globo, para mim, foi 10. Antes de sairmos daqui (de Porto Alegre), testei para ver se estava com covid-19. Deu negativo. Para pegar o avião, fomos direto com um carro que nos deixou dentro do aeroporto. A viagem foi maravilhosa. No Rio de Janeiro, um carro higienizado estava nos esperando. No hotel, não tinha tumulto, cada um chegava de uma vez no balcão de atendimento. Nos atenderam com todo carinho, eu e o meu neto. Dali, fomos para o quarto, completamente higienizado, preparado para nós dois com todo o carinho. A Globo foi de um cuidado extremo com todos nós. Não tenho do que me queixar. Quando fomos para o estúdio, o carro me pegou na porta (do hotel). Todos os funcionários estavam de máscara, luvas, bota, higienização para entrar. Na chegada ao estúdio, fiz outro teste de covid para ver se estava bem e fui para a sala de entrevista. Ninguém chegou perto de mim para nada. Me trataram com todo o carinho, mas todo mundo a distância. Não tivemos encontro com nenhum candidato, um com o outro, porque ficávamos em cabines isoladas, individuais. Eu e meu neto fomos muito bem atendidos.

Como avalia a chance de cantar em um programa, em rede nacional, que dá espaço para artistas mais experientes?

Eu avalio como o maior sonho realizado nestes meus 74 anos de existência. 

Depois da sua participação no The Voice+, o que imagina para sua carreira em Porto Alegre?

 Eu só posso dizer a você que vivo o hoje. O amanhã, entrego nas mãos de Deus, nosso pai maior. Eu já tinha pendurado as minhas chuteiras e meus netos me fizeram essa grande surpresa de me colocar no The Voice+. Então, é uma nova vida que começa. O futuro dirá o que vai acontecer comigo daqui para a frente. Eu espero que dê tudo certo, vou dar o meu melhor. Ainda tem muita água para passar debaixo dessa ponte.

Qual é a sensação de estar no time da Ludmilla, uma artista muito representativa na música nacional? 

Ludmilla, para mim, é uma mulher glamorosa, uma negra lindíssima, cantora completa que representa a nossa negritude. Então, eu só tenho que aplaudir e amar essa garota, porque lembra a mim no passado, eu também era assim.

João Miguel Júnior / TV Globo/Divulgação
Vera entrou para o time de Ludmilla

A dinâmica do programa

- O The Voice+ tem cinco etapas, começando pelas audições às cegas, quando os técnicos avaliam apenas as vozes, viram a cadeira para seus eleitos e formam seus times. Delas sairão 48 candidatos no total, sendo 12 em cada time. A Globo não divulga o número de participantes que estarão nessa primeira fase do programa, mas o que se sabe é que, para chegar aos candidatos que disputarão as audições às cegas, a equipe do reality realizou uma seleção, exclusivamente virtual, com centenas de pessoas.

- As fases seguintes são: ira-teima, em que, diante de apresentações individuais, os técnicos escolhem oito vozes de seu time para seguir no reality; e Top dos Tops, em que os técnicos selecionam quatro candidatos de seu time, entre os oito, que vão para a próxima fase. Na semifinal, que tem início com 16 candidatos, os quatro participantes de cada time se apresentam, e os técnicos apontam as duas vozes de seus respectivos times que vão para a última etapa do programa.

- A final está prevista para ir ao ar ao vivo. Nessa etapa decisiva, os finalistas se apresentam, e o vencedor será escolhido pelo público. O prêmio será de R$ 250 mil e um contrato com a gravadora Universal Music. Quem acompanha as outras edições do The Voice perceberá que não haverá, no programa, as batalhas, quando os candidatos cantam juntos.


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