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Caso de polícia

Ator Felipe Titto é detido por desacatar policiais militares em Canela

Segundo ocorrência, artista paulista estava alterado e tentou coagir servidores da BM na noite de sexta-feira (9)

13/04/2021 - 08h52min

Atualizada em: 13/04/2021 - 08h52min


Lizie Antonello
Lizie Antonello
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Felipe Nyland / Agencia RBS
Felipe Titto é ator e esteve em Caxias do Sul em 2015 para participar de um desfile

A Polícia Civil de Canela instaurou, nesta segunda-feira (12), um termo circunstanciado contra o ator global Felipe Titto, 34 anos, que foi levado para a delegacia por desacatar policiais militares na noite de sexta-feira (9). A Brigada Militar (BM) do município registrou uma ocorrência contra ele. 

O soldado Jeferson Oliveira, 35 anos, atendeu a ocorrência. Policial militar há 15 anos, ele disse que, por volta das 22h da última sexta-feira (9), estava no posto da BM quando dois carros encostaram buzinando. Primeiro um C3, onde estava um casal, e, logo atrás, um Jeep Compass, tripulado por dois homens. Todos desembarcaram.

— Comecei a questionar o que tinha acontecido. Os ocupantes dessa caminhonete (Compass) acusavam o casal de ter abandonado um animal na via pública, fato esse não comprovado. O casal do outro veículo (C3) relatava que não. Que simplesmente aquele carro começou a segui-los e a buzinar. E eles vieram até o posto da Brigada — relatou o soldado.

Segundo informações do casal à polícia, a caminhonete os seguiu desde a entrada da cidade por três a quatro ruas. Sem saber do que se tratava, eles buscaram ajuda no posto da BM.

Nesse meio tempo, uma guarnição que estava na rua chegou ao local. Segundo o soldado, o ator era caroneiro no Compass e "estava alterado".

— Se alterou com a guarnição, dizendo que ele tinha seguidores, que era da Rede Globo, que tinha poder e que iria ligar para alguém — contou o policial.

Os policiais deram voz de prisão ao ator por desacato. Ele foi levado até a delegacia, onde foi feita a ocorrência. Titto foi liberado após o registro. De acordo com o delegado Vladimir Medeiros, o caso gerou a instauração de um termo circunstanciado, que pode ou não resultar em indiciamento e deve ser remetido ao judiciário de Canela nos próximos dias. Antes disso, o ator, o condutor do Compass, os policiais e o casal do C3 serão ouvidos.  

Outro lado

A reportagem entrou em contato com a agência do ator, em São Paulo, mas não teve retorno até esta publicação. Ele se pronunciou, contudo, por meio de vídeos em seu perfil do Instagram, em que narrou seu lado da história.

O ator disse que estava na Serra gaúcha, na última sexta-feira (9), visitando cidades para o projeto de expansão de seu hotel, o Cabana Home, cuja sede é em Araçoiaba da Serra, em São Paulo.

— Voltando da visita do último lote, eu chegando em Canela, que era o lugar onde eu estava hospedado (era meio no centro dos lugares que eu fui visitar, então era o melhor lugar por logística), eu vi um carro arrancando do acostamento, onde ele tinha acabado de abandonar um cachorro. Um vira-latinha. E esse cachorrinho disparado atrás desse carro.

De acordo com Tito, foi então que ele decidiu perseguir o outro veículo, após presenciar o desespero do animal supostamente abandonado. 

— Eu vi essa cena, obviamente, pra quem me conhece e o tanto que eu gosto de cachorro ou o tanto de cachorro que eu tenho, eu fui atrás desse carro. Isso sem dúvida nenhuma aconteceria. Tendo feito isso, eu emparelho com o carro aqui [mostra com as mãos]: "Ô, para aí, véio, você não vai abandonar o cachorro e vai sair fora". O cara fechou o vidro e andou. Prova, pra mim, que realmente ele estava errado.

Para o artista, o outro motorista teria dado alguma justificativa, caso a situação estivesse sendo interpretada erroneamente. Por isso, ele continuou seguindo o automóvel, até que esse parou em frente à delegacia. Os policiais, contudo, teriam se irritado assim que ele abordou o outro motorista, dizendo que ele estava falando muito alto. Além disso, não teriam levado a sério suas queixas em relação ao cachorro, disse:

—Quem me conhece sabe que eu defendo a polícia para c...., que é um p.. trabalho de maluco sair para defender as pessoas. Mas todo saco de laranja tem a laranja podre e eu dei de frente com elas. 

O ator prosseguiu seu relato afirmando que dois novos policiais desembarcaram em frente ao local e teriam sido estes que trouxeram a história para a mídia.

— Esse cara, véio, chegou e falou: "Você está falando muito, fala baixo. Não quero saber de cachorro, não quero saber de história, a gente vai resolver essa m... aqui, se tiver infração de trânsito, você vai tomar multa, porque veio seguindo o cara. E acabou, cara, cada um pra sua casa. E fala menos, você fala muito".

Tito afirmou que ninguém o reconheceu como ator por causa da máscara e ele se identificou apenas pelo primeiro nome. Segundo ele, em nenhum momento ele ameaçou usar sua fama contra alguém ou destacou o número de seguidores que tem nas redes sociais. O policial teria o prendido por desacato, na verdade, quando ele tentou descobrir o nome do oficial e pediu pelo celular. 

— Eu olhei para o meu sócio e falei "mano, me dá meu celular aqui. Essa história não está me descendo redonda. Deixa eu fazer umas ligações aqui". Eu iria ligar para advogado. Ai o cara olhou: "Agora você vai pegar celular? Me senti coagido. Agora você me desacatou. Você está preso!".

Segundo o ator, uma vez na viatura, os policiais fizeram piadas e brincadeiras sobre sua situação, sugerindo o uso do fuzil que tinham no automóvel, a certa altura.  Tito compartilhou vídeos em que é possível acompanhar o tratamento que os policiais deram a ele, antes de prendê-lo por desacato. 



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