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Você já ouviu falar em explante das próteses de silicone?
Procedimento tem sido feito por mulheres que apresentam vários sintomas relacionados ao implante
O implante de próteses de silicone é um dos procedimentos estéticos mais populares do Brasil, chegando a cerca de 200 mil cirurgias ao ano, de acordo com o último censo, realizado em 2018 pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Mas o que até pouco tempo era uma maneira de elevar a autoestima, pode estar causando sérios efeitos colaterais. A chamada "doença do silicone" não é comprovada cientificamente, mas segundo quem sente, gera uma lista de sintomas que inclui cansaço extremo, olheiras, visão turva, dores e queda de cabelo. E tudo desaparece após o explante, como é chamada a cirurgia de retirada das próteses. Foi o caso de algumas famosas, como a ex-BBB Amanda Djehdian, 34 anos, e a atriz Fiorella Mattheis, 33, que falaram abertamente sobre o assunto nas redes sociais.
Conversei com o cirurgião plástico Francisco Felipe Laitano, do Hospital São Lucas da PUCRS, para entender mais sobre o assunto. Confira.
Famosas contam suas experiências
Sempre discreta, Fiorella Mattheis, no ar como a Velna no humorístico Vai que Cola, na Globo, não se intimidou ao ser questionada por uma seguidora no Instagram, confirmou ter realizado o procedimento e justificou a decisão.
"Sim! Tive contratura capsular e uma série de inflamações... Por isso, optei por não colocar (as próteses) de novo e não me arrependo. Mas cada caso é um caso. Siga as orientações do seu médico. Explantei no final de fevereiro!", escreveu ela em seu perfil na rede social.
Em março, Amanda Djehdian comemorou três meses do seu explante e exibiu suas cicatrizes nas redes sociais.
"Nada vale a nossa saúde! Como estou feliz, mesmo com essas cicatrizes que ainda estão em fase de cicatrização. Me acho linda, leve, livre!", disse Amanda na legenda da publicação em seu perfil no Instagram.
Interesse no procedimento só aumenta
Conforme dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o implante de próteses mamárias representa 15,8% de todos os procedimentos realizados no mundo, mas já é possível notar redução no interesse: 3,6% menos entre 2018 e 2019. Também é notório o crescimento, 10,7%, do número de retiradas de implantes nos seios no mesmo período.
O cirurgião plástico Francisco Felipe Laitano explica qual é a principal motivação das mulheres que decidem retirar as próteses mamárias:
— A motivação das mulheres que buscam explante vem por meio de relatos de outras mulheres que possuem próteses e que apresentam sintomas inespecíficos, como dores no corpo, queda de cabelo, fraqueza e dores nas articulações. A maioria relata que, quando faz o explante, há uma melhora desses sintomas. Isso tem influenciado as pacientes a solicitarem o explante.
Além disso, o especialista afirma que algumas pacientes que possuem as próteses há mais de uma década, por exemplo, podem mudar de ideia com o passar do tempo e preferem retirar as próteses para terem mamas com menos peso e formato mais natural.
— Era importante em determinado momento da vida, mas deixou de fazer sentido — argumenta.
Nada comprovado
Segundo o cirurgião, as próteses são um dos dispositivos médicos mais estudados. Nenhuma pesquisa referente à segurança das próteses de silicone conseguiu comprovar que existe relação direta das mesmas com os sintomas relatados por pacientes que acreditam sofrer da "doença do silicone":
— Por isso, novos estudos estão sendo realizados. São necessários para termos um esclarecimento maior. No momento, as próteses de silicone são muito seguras e não têm nada que comprove essa periculosidade.
Recuperação
A cirurgia do explante apresenta alguns riscos, principalmente para quem tem as próteses localizadas atrás do músculo peitoral. Nesses casos, muitas vezes, pode ser necessário realizar a capsulectomia, que é a retirada de toda a cápsula (cicatriz que se forma dentro do seio, em volta da prótese).
O médico explica:
— Por essa pele cicatrizada estar grudada na parede do tórax, há o risco de a retirada ocasionar um pneumotórax, quando a parede torácica é perfurada. Há também os riscos inerentes a qualquer cirurgia, como infecções, hematomas. Dependendo do tipo de procedimento que será realizado para dar forma à mama, há riscos de gerar assimetria (formato desigual). Já a recuperação depende do tipo de cirurgia realizada para o reparo da mama. Geralmente, é rápida e, em alguns dias, a paciente já pode voltar às atividades normais.