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Tetracampeã mundial

Karen Jonz faz sucesso com comentários espontâneos sobre skate na TV: "Saiu na hora"

"É uma ferramenta de transformar vidas", opinou a skatista sobre o esporte no qual é pioneira em entrevista ao programa "Timeline", da Rádio Gaúcha

06/08/2021 - 08h55min


@karenjonz Instagram / Reprodução
" Para mim, o skate é um ponto de luz na Terra", disse Karen Jonz em entrevista ao programa "Timeline", da Rádio Gaúcha

A skatista Karen Jonz, de 37 anos, é tetracampeã mundial em sua modalidade e foi pioneira na participação feminina em competições do esporte no país. Porém, foram nas últimas semanas que o Brasil descobriu outra faceta da atleta: Karen chamou atenção e virou assunto nas redes sociais pelo seu jeito espontâneo e divertido ao comentar a primeira transmissão do skate street como esporte oficial nas Olimpíadas pelo canal por assinatura SporTV. 

Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (5), Karen explicou o termo "xerecar", usado por ela quando uma das atletas caiu de pernas abertas em um corrimão, atingindo as partes íntimas, e que fez sucesso na internet.

— Essa palavra não existe no skate, ela saiu na hora, sei lá porque — contou.

Sobre a repercussão de sua participação nas transmissões, afirma ser apenas um reflexo do estilo natural intrínseco ao skate.

— Eu fico muito grata, não imaginava que eu tivesse esse talento (risos), não sei como eu posso chamar, de estar ali comentando, de trazer informação de forma leve, conseguir traduzir para todo mundo. Mas acho que, mais uma vez, é um reflexo puro do skate como ele é, e as pessoas estão conhecendo agora, porque para gente sempre foi assim. Eu estava ali comentando da mesma maneira que eu comento os campeonatos em casa, da mesma maneira que eu sou no dia a dia, como eu ajo normalmente. No skate também, todo mundo que estava nas Olimpíadas também estava sendo como normalmente é, não tinha máscara, não tinha fingimento, e todo mundo se apaixonou pelo contexto. O que é mais legal ainda, porque a gente não precisou se moldar, ou mudar de alguma maneira, para que isso repercutisse e fizesse um grande sucesso — afirmou.

Em um momento da entrevista, ao falar sobre o Rio Grande do Sul, a jornalista Kelly Matos explicou que a skatista é casada com o músico Lucas Silveira, da banda gaúcha Fresno.

— Não, o Lucas que é casado comigo! — retrucou Karen, bem-humorada.

Kelly, então, lembrou que agora a situação do Lucas é parecida com a do jogador de futebol norte-americano Tom Brady , muitas vezes chamado de "marido da Gisele" aqui no Brasil por ser casado com a top gaúcha Gisele Bündchen.

— O Lucas Lima (músico gaúcho, casado com a cantora Sandy) também zoou. Ele falou: "Lucas, bem-vindo ao time de ser 'o marido da Fulana', é assim mesmo" — acrescentou Karen.

"Eu andava com os caras"

Questionada sobre seu pioneirismo feminino em competições de skate, a atleta lembrou que, no início de sua carreira, precisava participar de campeonatos com skatistas homens.

— Na época, eu realmente andava com os caras. Organizavam campeonatos, eu queria participar e ninguém sabia o que fazer comigo, não sabiam se deixavam, se não deixavam, discutiam como era a regra, como ia se criar essa regra. Acabaram (deixando): "Ah, ela é gente fina, está aqui com a gente". No próximo, já sabiam que eu ia estar lá de novo, no terceiro eu já queria levar mais uma menina. Foi se abrindo dessa maneira. No profissional a mesma coisa, não queriam deixar eu competir de jeito nenhum, e depois mudaram a regra e permitiram. Nos outros anos, já havia outras meninas, até a gente realmente institucionalizar a categoria profissional feminina no vertical, porque não existia. (...) Eu queria participar de campeonatos, queria poder viver de skate, ganhar dinheiro. Era ridícula a premiação, era muito baixa. A gente queria fazer mais pelo gesto — explicou. 

Sobre a grande repercussão do esporte nas redes sociais nos últimos dias, Karen diz não ficar surpresa.

Não é só chegar ali e competir, ver quem é o melhor. Os valores do skate são outros

KAREN JONZ

sobre união dos skatistas

— Para mim, o skate é um ponto de luz na Terra, sempre foi. As pessoas estão descobrindo agora, fico muito feliz com isso. Acho que demorou, até. O skate sempre esteve aí, gente, como vocês não perceberam antes? Que bom que perceberam agora, sejam bem-vindos, que usem o skate para se divertir tanto quanto a gente, que anda de skate há muito tempo, se diverte. É isso mesmo, é incrível — opinou.

Por fim, comentou a união entre os skatistas, até mesmo quando estão competindo, fato que chamou atenção em Tóquio. Para ela, isso acontece porque o skate é mais um "estilo de vida" do que um esporte. 

— A gente até fala que não considera o skate um esporte, e sim um estilo de vida. Vem junto com cultura, com valores, não é só um esporte em competição. Talvez as Olimpíadas sejam a maneira com que foi apresentado ao público, mas se vocês forem pesquisar mais a fundo, vão entender o porquê. Não é só chegar ali e competir, ver quem é o melhor. Os valores do skate são outros e acho que até por isso todo mundo se apaixonou, não é uma coisa rasa. Vocês estão vendo o topo do iceberg. O skate, para mim, transforma vidas. É uma ferramenta de transformar vidas, e que bom que está tudo mundo conhecendo agora, que cresça. Vida longa ao skate! — concluiu.


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