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Pressão da sociedade

"Por que a mulher precisa ser mãe para ser feliz?", questiona Thalita Rebouças

"Depositar em um bebê a sua esperança de felicidade é ruim", afirmou a escritora de 46 anos ao falar da sua decisão de não querer ter filhos

23/09/2021 - 10h45min

Atualizada em: 23/09/2021 - 10h46min


Edu Rodrigues / Divulgação
"É uma cobrança que, além de tudo, é muito agressiva", diz Thalita Rebouças sobre pressão para ser mãe

Aos 46 anos, a escritora e roteirista Thalita Rebouças, autora de best-sellers adolescentes, como Fala Sério, Mãe e Tudo por Um Popstar, não tem filhos por opção. Em entrevista à colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, publicada nesta quarta-feira (22), ela contou que já sofreu muita pressão e ouviu comentários maldosos por conta de sua decisão.

— Sou da geração que mais foi pressionada. Tomei a decisão com 27 ou 28, por aí. Não era a minha praia, é muito tempo de dedicação. Sempre falo que fazer filho é fácil, educar que é difícil. Não sei se teria vocação. Comparo com a minha carreira de atriz, para exemplificar. Sei que tenho um mínimo de talento, mas não tenho vocação para ficar esperando horas para gravar no set, ensaiando etc. Com a maternidade seria parecido. Acho mesmo que teria talento, mas não sei se tenho vocação. Na dúvida, por que vou arriscar?  — explicou ela. 

Em seguida, afirmou que  "depositar em um bebê a sua esperança de felicidade é ruim".

— A gente precisa libertar as meninas mais novas dessa pressão. Eu estava casada quando decidi e fiquei mais anos casada e bem. Não é para fazer perguntas do tipo: "Não tem medo de se arrepender?". Imagina se eu pergunto o contrário para alguém que decidiu ser mãe? Vira polêmica. Outro dia comentaram numa foto: "Está grávida? Já estava na hora". É uma cobrança que, além de tudo, é muito agressiva. Por que a mulher precisa ser mãe para ser completa, para ser feliz? Depositar em um bebê ou em uma criança a sua esperança de felicidade é ruim.

A escritora ainda relatou ter tido sua habilidade de escrita para crianças e adolescentes questionada pelo fato de não ser mãe.

— Isso é sempre o assunto. Costumo dizer: "Como uma pessoa escreve sobre um assassino sem matar?". Eu escrevo ficção, não preciso ser mãe para fazer livros. Aliás, acho positivo o fato de não ser, não coloco no subtexto coisas de mãe e consigo estar bem no ponto de vista do filho. Um homem que cria uma personagem mãe nunca é questionado dessa forma. É o machismo. A gente tem que mudar isso — afirmou. 

Por fim, Thalita falou sobre o casamento com o psicólogo Renato Caminha, com quem está há quase um ano.

— Fui na casa da minha ex-terapeuta porque estava pensando em fazer um projeto sobre terapia. Aí o Renato estava lá. Olhei para ele e falei para o pessoal: "Peraí que vou ali fazer uma coisa rapidinho". Fui e estou indo até hoje — brincou ela. — É muito louco, é um encontro especial. As pessoas dizem que queriam ser uma mosquinha para ver o que conversamos. Eu escrevendo sobre adolescência há 20 anos e ele estudando e trabalhando com isso há 30. A gente troca bastante.


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