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Recursos escassos

Sem apoio da Câmara de Vereadores, Feira do Livro pode ficar sem cobertura nas bancas para barrar a chuva

Presidente da Câmara Riograndense do Livro, Isatir Bottin Filho, espera que a decisão seja revista

15/10/2021 - 08h53min

Atualizada em: 15/10/2021 - 08h59min


Carlos Redel
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Félix Zucco / Agencia RBS
Feira do Livro de Porto Alegre realizada em 2019, a última edição presencial antes da pandemia

Faltando praticamente duas semanas para o começo da 67ª Feira do Livro de Porto Alegre — no próximo dia 29 —, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre anunciou que não vai ser uma das patrocinadoras do evento. Assim, a Câmara Riograndense do Livro (CRL), organizadora do encontro cultural, deixará de contar com quase R$ 50 mil em seu orçamento, o que poderá afetar a cobertura das bancas. 

De acordo com o presidente da CLR, Isatir Bottin Filho, após os organizadores do evento serem "pegos de surpresa ao serem informados pela imprensa” da decisão dos vereadores, uma reunião de emergência foi realizada na manhã desta quinta-feira (14). Segundo ele, caso falte dinheiro, a estrutura que cobre as bancas terá de ser deixada de lado, mesmo que seja muito importante para o evento que, frequentemente, acontece em períodos de chuva. 

— Nós contávamos com esse valor, e contamos ainda, porque esperamos que os vereadores revertam essa decisão. A Feira do Livro é uma senhora de 67 anos e fica muito ruim a Câmara de Vereadores dar as costas para um evento que é da cidade, o maior evento literário que a gente tem, gratuito, democrático. Ficamos muito chocados — explica Bottin Filho. 

O presidente da Câmara Riograndense do Livro explica que a Feira é um evento caro, que gira em torno de R$ 1 milhão para ser tirado do papel. E, em “um ano difícil” como 2021, qualquer valor faz falta. Bottin Filho diz que o governo federal “trancou” o setor cultural e que o projeto da Feira do Livro, que geralmente é homologado em janeiro ou fevereiro, desta vez, foi somente confirmado em julho. Assim, a busca de recursos com base na Lei Rouanet e na Lei de Incentivo à Cultura (LIC) foi atrasada, o que dificultou ainda mais a realização do evento.

— A Feira do Livro é um evento gratuito e, além da venda de livros pelos livreiros, editores e distribuidores, temos um evento cultural bem grande que acompanha a Feira, com debates, palestras, contação de histórias, lançamentos com sessões de autógrafos, uma série de atividades que são públicas e que geram custo — ressalta o presidente. 

Bottin Filho destaca que o objetivo da Câmara Riograndense do Livro neste ano foi voltar com a Feira para a Praça da Alfândega porque, apesar de o evento de 2020 ter acontecido, ele foi totalmente online. Isso fez com que a venda não fosse muito representativa para os livreiros, principalmente por conta da concorrência com sites nacionais de grande porte.  

— Fica difícil de competir — lamenta. 

Assim, o encontro deste ano será híbrido, mesclando o presencial com o virtual. E, para ajudar a arcar os custos, o retorno da Câmara de Vereadores como apoiadora seria essencial, uma vez que faz cinco anos que, por motivos de contenção orçamentária, o órgão suspendeu a participação. Porém, a Mesa Diretora não aprovou a iniciativa do presidente da Casa Márcio Bins Ely (PDT) — além dele, somente cinco vereadores demonstraram interesse na proposta. 

— Isso causou um pouquinho de indignação, por ser justamente a Câmara de Vereadores, o parlamento municipal da cidade. A Feira é a Feira do Livro de Porto Alegre. O mínimo que a gente pede é o apoio do poder público para ajudar a cultura — reforça o presidente da Câmara Riograndense do Livro. 

Bottin Filho completa: 

— Ou a gente consegue reverter com a Câmara de Vereadores ou vamos tentar captar esse valor com empresas, pois ainda temos Rouanet e LIC. Esse ano está difícil, muito difícil, mas vai dar tudo certo. Pelo menos, esperamos que dê tudo certo.


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