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Rap e reinserção social: conheça o grupo Mensagem que Liberta

Grupo da Serra tem entre os integrantes dois ex-presidiários e promove ações sociais.

22/03/2022 - 10h47min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Grupo quer afastar jovens da criminalidade

Oriundos dos bairros Zatt, Ouro Verde e Vila Nova 2, de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, os rappers do grupo cristão Mensagem que Liberta (ML MCs) têm uma história dura de vida. Dois deles, Rafael e Douglas, são ex-presidiários, o que os levou a enfrentar inúmeros preconceitos. A ideia do grupo surgiu há dez anos, com Mano Leco, que fundou o Mensagem que Liberta sozinho e foi atrás de parceiros para levar o grupo para a estrada.

- O grupo começou comigo, pois eu queria juntar as pessoas para que a gente possa realizar ações para fazer projetos nas comunidades e conseguir parceiros para apoiar as causas que eu sempre defendi. Tentei com outros integrantes, mas não deu certo, pois não tínhamos os mesmos objetivos - lembra Leco.

Dois anos atrás, então, ele encontrou Rafael e Douglas que, prontamente, toparam a empreitada. Depois de cumprirem suas penas, os dois começaram a sentir na pele o que ex-presidiários passam.

- Depois que saíram do presídio, eles encontraram muitas dificuldades para se reintegrar na sociedade, para arrumar serviço e ter credibilidade junto à sociedade. Eles erraram bastante, sabem disso, mas a realidade aqui fora, para ex-presidiário, é difícil, ninguém quer dar emprego para quem já cumpriu pena. Muitas pessoas, por falta de oportunidade, acabam voltando para o crime - comenta Leco.

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Preconceito

Porém, essa não foi a realidade de Douglas e de Rafael. Além de integrar o grupo, eles trabalham em mais de um emprego, durante o dia. Nas horas livres, eles escrevem os raps do grupo e ainda ajudam Leco a organizar eventos e festas para as comunidades carentes da cidade. 

- Por meio do grupo, a gente também faz palestras em escolas e nas comunidades, como incentivo para os jovens, para dar força para que saiam do mundo do crime ou das drogas. E nessas festas, levamos cachorro-quente, pipoca, refrigerante e brinquedos infláveis para as crianças - explica Leco. 

Como eles não têm recursos para bancar os eventos, os rappers atuam como articuladores das festas, usando as redes sociais para conseguir doações. Em um dos eventos, no ano passado, os músicos reuniram mais de 1000 crianças em Bento Gonçalves. 

- E conseguimos envolver toda a comunidade - atesta Leco.

No sábado passado, o grupo gravou o clipe de sua nova canção, em um lugar emblemático: o Presídio Estadual de Bento Gonçalves, que foi desativado. Lá, eles registraram imagens da canção Pelo Reino.

-  Gravamos lá justamente para mostrar que eles poderiam ter voltado para o mundo do crime, mas decidiram escrever uma nova história, buscando oportunidades para mostrar que têm pessoas que saem de lá e mudam de vida - finaliza Leco. 

Pitaco 

Adriano Brasil fala sobre o trabalho dos rappers:

- Esse tipo de rap é fundamental, ainda mais sendo feito por caras que têm a história que esse músicos têm. Parabéns para eles!

Aqui, o espaço é todo seu

- Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas e vídeos e um telefone de contato para jose.barros@diariogaucho.com.br.

-  Para falar com o grupo, ligue para (54) 98408-2705.




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