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Entrevista

Em retorno a Porto Alegre com show de humor, Nany People fala sobre atual fase da carreira: "Está sendo um sonho"

Artista apresenta "TsuNany" nesta sexta-feira, no Teatro da Amrigs

18/05/2022 - 09h00min

Atualizada em: 18/05/2022 - 09h00min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Sergio Cyrillo / Divulgação
Espetáculo aborda os hábitos da vida moderna

Um fenômeno está prestes a chegar em Porto Alegre, espalhando uma onda de humor. É a previsão para esta sexta-feira (20), dia em que Nany People, 56 anos, desembarca na Capital com o espetáculo TsuNany. A apresentação ocorre a partir das 20h30min no Teatro da Amrigs (Avenida Ipiranga, 5.311).

Com mais de 30 anos de carreira, a artista mostra-se incansável: na Globo, faz parte do elenco da novela Quanto Mais Vida, Melhor!, como Madame Lu, e do júri do Caldeirola, quadro de calouros do Caldeirão com Mion. Nesta entrevista exclusiva, Nany fala sobre seus atuais projetos. Confira!

Como surgiu o TsuNany?

O nome do espetáculo nasceu quando eu fui mestre de cerimônia de um show da Virada Cultural, no Rio de Janeiro, em 2011. Assim que eu cheguei, o Fábio Porchat falou: “Chegou o furacão do humor, o ‘tsunany’ do humor”. E o nome foi ele quem sugeriu. A peça fala sobre tudo aquilo que você vê, se identifica, se critica e não se crucifica. Tem alguns motes que eu sigo até hoje, como a diferença do universo masculino e feminino, crítica à idade, sobretudo da minha geração, que deitou para dormir na ficha telefônica e acordou na fibra óptica, e desses bons e velhos hábitos da tecnologia na vida da gente, já que isso emplaca de uma maneira social, cultural, econômica e sexual. De resto, os textos mudam, as piadas mudam de acordo com a mudança de cenário do nosso dia a dia. Tem uma pegada motivacional também.

A peça apresenta de maneira bem-humorada os hábitos ruins da vida moderna. Com qual você mais implica?

Eu pego no pé do WhatsApp, um tipo de comunicação feita para ser instantânea. Passou de 30 segundos enviando uma resposta, liga para a pessoa, não fica lá mandando o Velho e o Novo Testamentos, pois ninguém tem vontade de ouvir um áudio de 10 minutos. Tem também essa coisa que é a tal de redesignação facial, que eu chamo de “desarmonização facial”.

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Você acredita que existe uma maneira certa de viver?

Acredito que existe uma maneira certa de encarar a vida, que é sem se achar dono da verdade. Mas maneira certa de viver não, cada uma faz a sua certeza. Quando eu lancei a minha biografia em 2015, chamada Ser Mulher Não É para Qualquer Um, coloquei as minhas verdades, os meus conceitos. E o segredo de uma boa convivência consiste em você respeitar a maneira de o outro ver a vida. As diferenças acontecem quando um ser quer que todo mundo enxergue a vida só do ângulo dele. A maneira certa de viver a vida é com um olhar democrático, um olhar carismático, da boa vontade que a gente tem de fazer uma aproximação entre os universos de cada um. Respeitando as diferenças, todo mundo vive melhor.

Como é fazer parte do júri do Caldeirola?

É um projeto maravilhoso, muito divertido, que a televisão estava precisando. Não só pelo motivo de ser um universo para artistas que não teriam onde mostrar sua arte, mas também pelo clima democrático que é o programa. Começa na concepção do próprio (Marcos) Mion, que teve essa ideia de chamar pessoas de diversos segmentos (para compor o júri), e a gente vota em quem quer. Não existe uma corrente de pré-concepção. Está sendo um sonho.

João Miguel Jr. / Globo
Jurados do quatro "Caldeirola"

Na reta final de Quanto Mais Vida, Melhor!, qual balanço você faz da sua participação?

Eu diria que foi Copa do Mundo, o penta. Tinha sido escalada para fazer a Morte, quando a novela se chamaria A Morte Pode Esperar. Por causa da pandemia, mudou-se todo o contexto, até a maneira de fazer humor na novela. Entrei para uma participação muito limitada, como porteira do motel. Mas o papel foi crescendo e acabei virando a Madame Lu. Para quem tinha sido dispensada da novela, depois ser chamada de novo e virar esse placar, é como um penta. (A novela) foi maravilhosa, divertida, muito bem feita por toda produção e direção, que até resolveu unir o papel da Madame Lu à funcionária do motel.

Com mais de três décadas de carreira e trabalhos de sucesso em diversas áreas, o que você ainda não teve a oportunidade de realizar?

Em três décadas de carreira, fui repórter de duas grandes damas da TV, a Hebe Camargo (1929 – 2012) e a Xuxa. Passei também pelo Goulart de Andrade (1933 – 2016), que me apresentou para a TV, e pelo Amaury Júnior, que me apresentou para outro tipo de público. Mas foi a Hebe Camargo quem me apresentou para o sofá da família brasileira. Adoraria ter um programa de entrevistas. Um programa no qual eu pudesse falar o que eu quisesse. A maneira como eu costumo perguntar não é ofensiva, os convidados ficam muito à vontade comigo, pois não tem nada de abusivo ou sensacionalista, é divertido.

Você é uma artista muito respeitada. Quais barreiras enfrentou?

A visão que as pessoas têm da gente em relação à respeitabilidade não está ligada só com o respeito ao nosso trabalho, mas à maneira como a gente age e lida com as situações fora do trabalho. Um filme demora, no máximo, 30 diárias, uma peça de teatro dura duas horas. A partir do momento em que eu saí do Interior, com 20 anos, e fui para a cidade grande viver de um de uma profissão que na minha região nem é consumida, sabia que teria de me virar o tempo todo na corda bamba. Acho que as barreiras que enfrentei foram as de me manter no ofício. A maior barreira que o artista enfrenta no dia a dia é saber garimpar, por intuição, projetos que façam você permanecer no jogo, na trilha.

Tem alguma lembrança marcante no Rio Grande do Sul?

Eu tive um “cala boca” muito grande aí (no RS), na penúltima vez que fui no Porto Verão Alegre. Descobri, quase na semana do evento, que seria em uma casa magistral, o Bourbon Country. E a minha surpresa no momento em que soube que estava com lotação esgotada? Mas o mais marcante foi quando eu disse: “Gente, vocês estão dando um soco na boca do meu estômago ao falar ‘olha, querida, você é conhecida aqui, sim’”. Nisso, apareceram várias pessoas na plateia com a minha biografia. Elas compraram e, educadamente, iam ao final do espetáculo pedir autógrafo. Isso não tem preço, é muito gratificante. Existe gente que realmente assiste ao que você faz, acompanha a sua vida, comunga das suas ideias. Estou empolgadíssima de fazer o TsuNany na Amrigs. Quero me surpreender de novo.

Te programa!

/// O quê: espetáculo TsuNany, com Nany People
/// Quando: nesta sexta-feira, às 20h30min
/// Onde: Teatro da Amrigs (Avenida Ipiranga, 5.311), em Porto Alegre
/// Quanto: ingressos a R$ 60, disponíveis no site sympla.com.br


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