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Energia, surpresas positivas e cobertores para espantar o frio: a primeira noite do Carnaval de Porto Alegre

Público matou a saudade após dois anos sem desfiles no Complexo Cultural do Porto Seco

07/05/2022 - 08h37min

Atualizada em: 07/05/2022 - 08h40min


Gustavo Gossen
Gustavo Gossen
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Com o último componente da Academia de Samba Puro cruzando a linha da dispersão por volta das 5h10min deste sábado (7), terminou a primeira noite do Carnaval de Porto Alegre 2022. Mais do que isso: teve fim a saudade que o público estava de prestigiar, vibrar e se divertir com as escolas de samba após dois anos.

A principal mudança física do sambódromo foram os camarotes (mais numerosos, em ambos os lados) e os dois segmentos de arquibancadas (na concentração e na dispersão), ambos totalmente cobertos. Para matar a sede, houve quem não abrisse mão da cervejinha gelada e do refrigerante. No entanto, outro item estava entre os mais vistos: o cobertor.

O frio não foi empecilho para o público, que lotou, pelo menos, metade dos espaços nessa primeira noite. Os cobertores trazidos de casa trataram de afugentar a temperatura que chegou a bater em 13ºC na zona norte da Capital por volta das 3h.

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Após a apresentação da tribo Os Comanches, começaram os desfiles das agremiações do Grupo Prata. Duas delas sobem para a elite no ano que vem. A disputa promete ser acirrada. Quem esteve no Complexo Cultural do Porto Seco se surpreendeu com as apresentações vibrantes, sambas de refrões empolgantes, alegorias altas e efeitos especiais.

— Tem horas que a gente olha e nem parece que é o grupo de acesso. Surpresa muito positiva. As escolas de hoje superaram nossas expectativas — relata Janaína Pires, assistente administrativo que promete retornar na próxima noite para ver de perto Bambas da Orgia.

A Unidos da Vila Mapa abriu a competição com o enredo Do Museu do Percurso do Negro, vem minhas raízes africanas. Em seguida, foi a vez da Copacabana enaltecer a negritude com uma homenagem a Mestre Borel, um dos homens mais importantes e reconhecidos da cultura afro.

Com a Realeza, o público relembrou a Revolução Farroupilha, porém, sob a ótica dos escravizados. Em um dos versos, o intérprete Alex do Cavaco entoou "no remanso da dor, Lanceiro Negro eu sou".

A Academia de Samba Praiana, logo nos primeiros minutos de desfile, mostrou a que veio. Com o enredo que sacudiu o Porto Seco, a verde e rosa buscou o retorno ao primeiro grupo, relembrando os antigos carnavais da Capital. As tribos, os blocos, os cordões, os bailes de clubes, as descidas da Borges, todas as folias estavam no samba, que clamava: "tira do armário a fantasia e a alegria que guardou!". No abre-alas, uma escultura com a representação do ex-Rei Momo e uma das personalidades históricas da cidade: Vicente Rao.

De Viamão, a Vila Isabel também tratou de conquistar um espacinho entre as favoritas com o enredo Ao amor! Miraguaí! Povo alegre em um Porto Alegre. Um elemento cenográfico retratava a pomba da paz, símbolo da agremiação. O público se esforçou para buscar um melhor ângulo para conseguir fotografar todo o abre-alas com um gigantesco barco a vela.

A penúltima a cruzar a passarela foi a União da Tinga, com um enredo que mesclou democracia, Orçamento Participativo e direitos trabalhistas, com a música Canção do Estudante como fio condutor. Outra canção também continha referência no samba: "quem sabe faz a hora, não espera acontecer", relembrando Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Geraldo Vandré.

Também com um desfile redondinho aos olhos do público, a Academia de Samba Puro fechou a disputa do Grupo Prata com homenagens a negros que escreveram o nome na história. A letra continha menções diretas ao ex-governador Alceu Collares e à ex-miss Brasil Deise Nunes, além de João Cândido e Zumbi dos Palmares, entre outros. Atrás da escola, após o cronômetro zerar, um bloco de foliões entrou na pista e comandou um arrastão de alegria.


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