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Glossário pantaneiro

"Bruaca", "flozô", "reiva" e mais: entenda o que significam os termos usados em "Pantanal"

Vocabulário da novela vem dando o que falar entre os espectadores

08/06/2022 - 09h16min

Atualizada em: 08/06/2022 - 09h17min


GZH
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João Miguel Júnior / TV Globo,Divulgação
Jesuita Barbosa e Alanis Guillen interpretam os protagonistas Jove e Juma em "Pantanal"

Para quem já se rendeu aos encantos do remake de Pantanal, é possível que em algum momento passe a usar termos como "diacho", "banzé" ou "pirangueiro". Também não seria de se estranhar se, lá pelas tantas, o espectador em questão começasse a achar "reiva" uma expressão especialmente sonora, e muito mais gostosa de ser pronunciada.

Não há com o que se preocupar: é só o efeito que o linguajar utilizado pelos personagens da trama das nove da TV Globo desperta no público. O vocabulário é um dos muitos aspectos da novela que têm virado assunto nas redes sociais — no Twitter, aliás, é fácil localizar usuários confessando já terem adotado os termos pantaneiros no dia a dia.

Para ajudar na hora de decifrar o "pantanês", GZH preparou um glossário com os principais termos da novela. Confira abaixo:

Alforje: é o mesmo tipo de bolsa que no Sul é conhecida como "mala de garupa", usada para carregar itens sobre o cavalo. Quando deixou pela primeira vez o Pantanal rumo ao Rio de Janeiro, José Leôncio (Renato Góes/Marcos Palmeira) queria encher o alforje com o que lhe era de direito. Ou seja, foi cobrar uma dívida. 

Arribar: na língua portuguesa, o verbo tem o sentido de chegar a algum lugar e é usado principalmente quando um navio chega ao porto — arribou, diz-se.  Mas, na cultura pantaneira, arribar significa "estar para baixo, desanimado". É por isso que os personagens da novela dizem que estão "arribados" quando se sentem tristes, cansados ou algo do tipo.

Banzé: é o termo usado para definir alguma situação barulhenta, de bagunça e muita agitação. Se deparar com esse cenário, você pode reclamar que a coisa "virou um banzé" ou já chegar tirando satisfações: "Mas que banzé é esse aqui?".

Bruaca: expressão pejorativa, é usada para ofender a aparência e/ou a personalidade de uma mulher. Pode significar bruxa ou meretriz. É o modo como Tenório (Murilo Benício) chama a esposa Maria (Isabel Teixeira), a "Maria Bruaca".

Chalana: é uma embarcação de fundo plano, comum na região pantaneira, cercada por rios. Quem a dirige recebe o nome de chalaneiro. Na novela, Eugênio (Almir Sater) é o chalaneiro oficial do pedaço.

Cramulhão: é o famoso diabo, figura mítica muito presente no imaginário das lendas e do folclore pantaneiro. É também o melhor amigo de Trindade (Gabriel Sater), que brada aos quatro ventos que tem um pacto com o dito cujo.

Currutela: sinônimo de bordel, prostíbulo e casa da luz vermelha, entre outros, a palavra serve para nomear um estabelecimento que abriga profissionais do sexo. Usa-se "currutela" principalmente em regiões de garimpo, como é o caso do Pantanal. Foi em uma, aliás, que José Leôncio conheceu a mãe de Zé Lucas de Nada (Irandhir Santos).

Diacho: é uma expressão que serve para demonstrar descontentamento e irritação. "Mas que diacho", dizem os peões de Pantanal quando algo não sai como o esperado. É um eufemismo para a palavra "diabo", já que o povo prefere não citar o nome do demo, para não chamar coisa ruim.

Flozô: de cunho homofóbico, a expressão que deriva da palavra "flor" é usada pelos peões da fazenda de José Leôncio para ridicularizar Jove (Jesuíta Barbosa), personagem que não demonstra o mesmo tipo de masculinidade que os tropeiros. 

Jacú: também pertencente ao repertório de ofensas proferidas contra Jove, é um termo usado para dizer que alguém é "cheio de dedos", "cheio de frescuras".

Marruá: a palavra é usada para caracterizar bois agressivos, que ainda não passaram por doma e são considerados selvagens. Na novela, foi o apelido dado à personagem de Juliana Paes, a Maria Marruá, por conta de sua personalidade arredia. Juma, que herdou o jeitão "de poucos amigos" da mãe, também recebeu a alcunha.

Olhadura: os personagens de Pantanal usam a palavra como uma espécie de sinônimo para "cara feia". Quando alguém está olhando sério, de "cara feia", eles perguntam: "Por que essa olhadura?".

Parecência: o jeitinho pantaneiro de dizer "parecença". O sentido é o mesmo que o do termo original — significa semelhança. A pronúncia incorreta ganhou destaque na novela quando José Leôncio ficou chocado com a "parecência" entre José Lucas de Nada e o seu pai, Joventino, dois personagens vividos por Irandhir Santos.

Pirangueiro: é um adjetivo usado para definir alguém mau caráter, de quem não se pode esperar boas ações. Já foi usado para se referir a Levi (Leandro Lima), após o personagem tentar abusar de Muda (Bella Campos) e ainda esfaquear Tibério (Guito Show).

Pitica: presente no vocabulário de Juma, pitica é o mesmo que criança. A personagem usa o termo com frequência quando lembra da infância. "Quando eu era pitica...", ela diz. 

Reiva: outra expressão clássica da protagonista, "reiva" nada mais é do que raiva. Sem ter tido oportunidade de estudar, Juma pronuncia vários termos de forma errada, mas este acabou chamando atenção pela repetição. Sempre que alguém lhe pergunta se é verdade que ela vira onça, ela explica: "Só quando eu tô com 'reiva'".

Relar: e lá vem mais uma de Juma. A personagem usou a palavra na primeira vez que tomou banho de rio com Jove, ao ordenar que ele não "relasse" nela. Ou seja, "relar" é o mesmo que se esfregar.

Tapera: é uma casa velha e mal cuidada, por vezes abandonada, e geralmente localizada em zonas rurais. É como o núcleo pantaneiro se refere à casa de Juma.


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