Entretenimento



Estrelas da Periferia

Coletivo Poetas Vivos leva sua arte a escolas, universidades e bares da Capital

Criações poéticas do grupo remetem à realidade dos jovens da periferia

19/07/2022 - 11h04min

Atualizada em: 19/07/2022 - 11h04min


Michele Vaz Pradella
Michele Vaz Pradella
Enviar E-mail
Leandro Montiel / Divulgação
Grupo porto-alegrense busca aproximar a criação poética da realidade nas periferias

"Se eu não me amar primeiro, eu vou amar quem? Quero confiança para poder depositar o dobro do que vem". A potência das palavras do coletivo Poetas Vivos ecoa pelas redes sociais e nos eventos promovidos por essa galera. Para além das apresentações em festivais de rap e hip-hop, o grupo tenta levar o amor pela criação poética a vários locais, como escolas, universidades e até bares de Porto Alegre.

Felipe Deds, produtor cultural, escritor, poeta, MC e educador social, é um dos idealizadores do Poetas Vivos, coletivo que surgiu em 2018 nas primeiras batalhas de slam (de poesia) realizadas no Rio Grande do Sul. Além de Felipe, o grupo é composto atualmente por Mariana Marmontel, Dickel, DaNova e DJ Ericão, jovens que buscam ocupar espaços com sua arte. 

Felipe destaca que é possível minimizar a distância que existe entre os jovens e a poesia. Se na escola, ao estudarem esse tipo de criação literária, há um foco maior em poetas mortos há décadas, o Poetas Vivos chega com o pé na porta, levando ao público a poesia contemporânea, criada por autores pretos e periféricos, que contam as mazelas atuais da sociedade. 

É assim, com temas da realidade de boa parte da gurizada de hoje em dia, que o coletivo conquista, aos poucos, seu objetivo de desmistificar a criação poética.

Surpresos, os adolescentes aprendem que rap, hip-hop e funk também são arte, que a poesia está em várias manifestações culturais oriundas da periferia. Em alguns casos, novos talentos se identificam com as apresentações dos Poetas Vivos, dando os primeiros passos na carreira artística. Felipe conta que, não raro, recebem mensagens de jovens que descobriram seus dons graças às apresentações do grupo na escola: 

– Quando começamos a nos aproximar da nossa realidade, dá para ver que a galera consegue se reconhecer e se identificar de outra forma dentro da poesia. A gente consegue ver um olhar de transformação depois que nos apresentamos.

Reinvenção

Leandro Montiel / Divulgação
Reinvenção foi a marca do coletivo durante a pandemia

Assim como muitos profissionais do meio artístico, os integrantes do Poetas Vivos enfrentaram dificuldades durante a pandemia. Com instituições de ensino fechadas e bares vazios, essa turma precisou se reinventar, como tantos outros brasileiros fizeram neste período. Além de manter contato com o público em eventos online, passaram a vender produtos como camisetas, moletons e porta-copos, além dos livros que já eram comercializados presencialmente. 

Com a retomada gradual das atividades, voltaram a surgir convites para palestras e apresentações em escolas, circuitos de poesia pelos bares dos bairros Cidade Baixa e Bonfim, além de eventos de grande porte, como o Rap in Cena, a ser realizado nos dias 15 e 16 de outubro, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, na Capital.

Sonhos

Leandro Montiel / Divulgação
A galera no Rolê Rap In Cena em 2021

Além de levarem a poesia até as pessoas, Felipe conta que o próximo passo é a criação de um lugar que contemple a arte dos Poetas Vivos e que tenha as portas abertas para quem mais precisa.

– Almejamos a criação do Centro Cultural Poetas Vivos, um espaço para receber crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e que tenham interesse em trabalhar seu lado artístico – conta o produtor, que vai além:

– Que o nosso grito consiga alcançar pessoas fora do Rio Grande do Sul, para que saibam que nós enfrentamos uma luta diária para passar por cima da invisibilidade, do racismo, dessas mazelas que acabam nos atingindo. Queremos mostrar que somos pertencentes aos espaços que quisermos.

AQUI, O ESPAÇO É TODO SEU!

/// Para participar da seção, mande um pequeno histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas, vídeos e um telefone de contato para michele.pradella@diariogaucho.com.br.

/// Para falar com o coletivo, ligue para 99740-2203 ou acesse o perfil no Instagram: @poetasvivxs.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias