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Stênio Garcia relembra dia do assassinato de Daniella Perez: "Se eu pudesse imaginar, teria evitado"

Ator refletiu sobre a morte da atriz em publicação sobre o documentário que retratará o crime ocorrido em 1992

15/07/2022 - 08h56min

Atualizada em: 15/07/2022 - 09h09min


@steniogarciaoficial / Reprodução Instagram
Stênio Garcia trabalhou com Daniella Perez nas novelas "O Dono do Mundo" (1991) e "De Corpo e Alma" (1992)

O ator Stênio Garcia, de 90 anos, desabafou ao comentar uma publicação de Gloria Perez sobre o documentário Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, produzido pela HBO e que retratará o caso de assassinato da filha da escritora e roteirista, em 1992. O artista lamentou o ocorrido e relatou que tinha uma relação muito boa com Daniella, com quem contracenou em duas novelas.

"Até hoje isso me atordoa muito porque fiz o pai dela na ficção duas vezes, e no dia do crime gravamos o dia todo e saímos juntos. E eu correndo para viajar pedi que a Dani desse autógrafo para as crianças. Se eu pudesse imaginar, eu teria evitado", comentou o artista no post.

Na época, Daniella interpretava Yasmin, uma das personagens principais da novela De Corpo e Alma. Stênio também integrava o elenco e deu vida a Domingos Bianchi, pai da protagonista. Um ano antes, os atores já haviam interpretado os mesmos papéis familiares, na obra O Dono do Mundo.

A estreia do documentário está prevista para 21 de julho na plataforma de streaming HBO Max. Gloria Perez, que participou do processo de produção, concedeu entrevista aos responsáveis pela obra e reabriu os autos do processo para que o longa conseguisse retratar fielmente os fatos.

"Confio que esse documentário não deixe mais espaço nenhum para as versões fantasiosas que os assassinos tentaram emplacar na imprensa, durante os anos que antecederam o júri que condenou os dois (Guilherme de Pádua e Paula Nogueira Thomaz) por homicídio duplamente qualificado", escreveu a escritora na publicação sobre o trailer do documentário.

Relembre o caso

Daniella Perez foi assassinada em 28 de dezembro de 1992. Na tarde deste dia, Guilherme de Pádua, colega de trabalho da atriz, a seguiu na saída do estúdio onde gravavam a novela De Corpo e Alma

Quando a artista parou em um posto de gasolina para abastecer, Guilherme e sua então esposa, Paula Thomaz, que estava escondida no banco de trás do carro, armaram uma emboscada. Em seguida, o ator deu um soco em Daniella, que caiu desacordada. A vítima foi colocada no banco de trás do veículo e levada até um terreno baldio na Barra da Tijuca. No local, o casal apunhalou 18 vezes a artista com uma tesoura.

Um advogado que passava pelo local do crime estranhou ao ver dois veículos parados. Ele anotou as placas e ligou para a polícia. Quando as autoridades chegaram, encontraram o corpo de Daniella. Em pouco tempo, descobriram que o outro veículo pertencia a Guilherme, que chegou a adulterar uma letra da placa do automóvel.

O ator foi encaminhado à delegacia no dia 29 de dezembro de 1992. Inicialmente, ele negou o crime. No entanto, com a apresentação das provas e o andamento do processo, acabou confessando. A polícia também acabou descobrindo o envolvimento de Paula. No dia 31 de dezembro, as autoridades decretaram a prisão do então casal. 

Apesar da pressão da mídia e dos familiares de Daniella, o julgamento só ocorreu cinco anos depois, com a condenação dos assassinos por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade de defesa da vítima. Segundo o depoimento de Guilherme, ele cometeu o crime por achar que seu papel na novela estava perdendo importância e a atriz estaria roubando seu espaço na trama. Já uma das motivações de Paula seria o ciúme do marido, que protagonizava cenas amorosas com a colega de elenco.

Guilherme acabou sendo condenado a 19 anos de prisão e Paula, a 18 anos e seis meses. Em maio de 1993, ela deu à luz ao filho do casal, enquanto estava na prisão. Pouco tempo depois, Guilherme e Paula se separaram. 

Com o cumprimento de sete anos de prisão, os dois foram soltos e colocados em liberdade condicional. A decisão revoltou familiares da vítima. "Foram sete anos num segundo. A vida da minha filha vale só isso? Os sete anos de mordomia que Guilherme de Pádua passou dentro da cadeia?", disse Gloria Perez na época.

Após a morte de Daniella, o crime de homicídio qualificado, praticado por motivo torpe ou fútil, ou cometido com crueldade, foi incluído na Lei dos Crimes Hediondos, com mais de um milhão de assinaturas. Também foi decidido que para este tipo de delito não é mais possível pagar fiança e é necessário mais tempo para a progressão do crime.


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