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"Teria essa atenção toda se fôssemos pais pretos?", questiona Giovanna Ewbank após episódio de racismo contra filhos

Atriz e marido, Bruno Gagliasso, relataram o episódio ao Fantástico

01/08/2022 - 10h55min

Atualizada em: 01/08/2022 - 10h57min


GZH
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Reprodução / Globo
Maju Coutinho (E) conduziu a entrevista com o casal, que está passando as férias em Portugal

Em entrevista exclusiva ao Fantástico, os atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso falaram sobre os ataques racistas que seus filhos sofreram em Portugal no sábado (30). O episódio repercutiu nas redes sociais ao longo do final de semana, com vídeos da resposta irada da atriz viralizando rapidamente.

— Racista nojenta, uma filha de uma put*, é isso que você é. Horrorosa, feia. Você é nojenta — diz Giovanna no vídeo, gravado em um restaurante na Costa da Caparica.

Os insultos foram dirigidos a uma mulher branca que xingou os filhos do casal, Títi e Bless, e disparou ofensas contra uma família de turistas angolanos que estava no local. Segundo o relato do casal brasileiro, ela pediu que eles saíssem do restaurante e voltassem para a África, chamando o grupo de "pretos imundos".  

— Olha para a sua cara, que pena de você, dá pena. Você é uma nojenta. Você merece sabe o quê? Você merece um soco, uma porrada na sua cara. Isso que você merece — complementa a atriz na gravação que circulou na internet.

Bruno e Giovanna, que vão ao país europeu com frequência, gostam de ir ao restaurante onde estavam quando o caso aconteceu justamente porque lá encontram muitas pessoas pretas, o que consideram importante para os filhos. O local fica em uma praia a cerca de 20km de Lisboa.

Conforme Bruno, o casal começou a perceber a atitude da mulher quando uma das crianças saiu da beira da praia e reclamou para eles. 

— O gerente pediu para que ela não entrasse e fosse embora, mas ela se negou a ir embora e começou a xingar alto. E a gente ouviu — relatou o ator, que disse que mandou chamar a polícia.

A reação de Giovanna à atitude da mulher ganhou muita repercussão.

— Acho que ela nunca esperava que uma mulher branca fosse combatê-la como eu fui, daquela maneira. Eu sei que eu, como mulher branca, indo lá confrontá-la, a minha fala vai ser validada. Eu não vou sair com a louca, a raivosa, como acontece com tantas outras mães pretas, que são leoas todos os dias, assim como eu fui nesse episódio, mas que são invalidadas, são taxadas como loucas — declarou Giovanna.

Após o casal chamar a polícia e prestar queixa, a mulher chegou a ser detida. Conforme o jornal local, entretanto, ela já foi liberada. A agressora foi identificada e prestou depoimento em uma delegacia. Giovanna e Bruno ainda podem apresentar uma queixa crime formal às autoridades portuguesas.

— O que será que teria acontecido se for se fôssemos pretos, eu e minha mulher? — questionou Bruno.

— Teria essa atenção toda se fôssemos pais pretos de crianças pretas? — completou Giovanna. — Hoje eu sou uma mulher muito consciente dos meus privilégios, eu sou uma mulher que está sempre rodeada de outras mulheres pretas, aprendendo diariamente. Eu vou fazer jus ao privilégio branco e vou combater de frente. Eu quero que todo mundo saiba que nós não vamos combater o racismo de maneira leve, a gente vai passar por cima e fazer jus a esse tal privilégio branco— concluiu.

A entrevista, exibida neste domingo (31), foi conduzida por Maju Coutinho, que também se emocionou com o caso. 

— Foi a primeira vez que a minha filha me viu combatendo o racismo de frente. Ela ficou muito assustada — conta Giovanna. — É muito cruel pensar que Títi e Bless, que tem nove e sete anos, que eles já têm que ser fortes. Que já estão sendo preparados para combater o racismo, sendo que, com nove e sete anos, são duas crianças que teriam que estar vivendo sem pensar em absolutamente nada. E como milhares de crianças são colocadas nessa situação todos os dias.

Conforme a TV Globo, a direção do restaurante se manifestou repudiando a conduta racista e  se colocando à disposição para fornecer as imagens das câmeras de segurança do local. O consulado brasileiro ofereceu assistência jurídica no caso.

Veja o vídeo:



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