Noveleiros
Michele Vaz Pradella: inclusão e acessibilidade no horário nobre
Em "Travessia", a autora mostra as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência
Os benefícios e perigos da internet, orientação sexual, entre outros temas abordados na novela Travessia não são os únicos trunfos da trama. Gloria Perez tem acertado em cheio também ao mostrar situações de desrespeito e falta de inclusão para pessoas com deficiência.
É a primeira vez que uma atriz cadeirante tem destaque em uma novela. A escolhida foi Tabata Contri, que interpreta Juliana. Além de ajudar Brisa (Lucy Alves) na disputa pela guarda de Tonho (Vicente Alvite), a advogada trava batalhas diárias contra o desrespeito às leis de acessibilidade. Nos embates com Nunes (Orã Figueiredo), ela ressalta a importância de serem construídas rampas no bar Recanto da Vila. E as pautas defendidas não param por aí.
Longo caminho
Na travessia de Juliana (e da própria Tabata), há dificuldades diárias: pegar ônibus, esbarrar no preconceito de taxistas ou, simplesmente, ouvir expressões capacitistas. Uma das cenas mais emblemáticas foi quando Olímpia (Betty Gofman) conheceu Juliana, espantando-se com o fato de uma mulher com deficiência trabalhar, exercer seu ofício como advogada e andar sozinha pelas ruas. Tudo isso foi perguntado à assistente dela, Flora (Thaissa Szapiro), que prontamente respondeu que Juliana sabia falar e poderia responder às questões. Uma sequência que parece surreal, mas que faz parte do dia a dia de muitos PCDs.