Estrelas da Periferia
Guri de Novo Hamburgo é um prodígio na viola: Luciano Cardoso começa a trilhar seu caminho na música
Tocar no Festival de Barretos é o grande sonho do artista
Natural de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, Luciano Herpich Pereira Cardoso é apaixonado por moda sertaneja, música gaudéria e a vida no campo. Aos 15 anos, ele toca violão, viola, acordeon e começa a trilhar seu caminho no sonho de viver de música.
– A música é meu porto seguro. É no braço da viola que eu me sinto bem. Desde pequeno, é meu escudo, meu primeiro amor – expressa.
Luciano cresceu ouvindo sertanejo e frequentando alguns Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) com os pais. Aos oito anos, ele começou a tocar violão e, aos nove, descobriu o amor pela viola.
– O pai vivia tocando violão, e eu adorava. Comecei de brincadeira e logo peguei jeito. Nós escutávamos muito Inezita Barroso (1925 – 2015), a rainha dos violeiros, e uma música me chamou muita a atenção – relembra.
A música em questão era A Vaca Foi pro Brejo. A sonoridade diferente da viola surpreendeu Luciano, que, a partir dali, descobriu sua grande paixão.
– O repique, o som, achei muito bonito. Pedi uma viola no Dia das Crianças, tinha nove anos. Todos ficaram surpresos, ninguém na família toca, mas eu ganhei – conta.
Em duas semanas, ele aprendeu a tocar acordeon, em um instrumento emprestado pelo amigo. Com três instrumentos dominados, ele também passou a cantar e sonhar com a vida na música.
– Estou tentando compor, tenho uma música pronta e fazendo outros rabiscos. Eu crio muitas melodias para as letras de outros amigos, boto o ritmo nelas – revela.
Agenda cheia
Inspirado em Tião Carreiro (1934 – 1993), Milionário & José Rico e Porca Véia (1952 – 2020), o jovem gaúcho se apresenta em CTGs desde pequeno. Atualmente, ele está com a agenda cheia e passou a realizar pequenos shows em bares da Região Metropolitana.
– Tenho tocado bastante. Temos várias datas para a sequência do mês e para o próximo. A gente gosta de tocar, mas é bom ganhar um troquinho às vezes, né? Ter os aparelhos e instrumentos dá custo. Mas estamos indo bem – pontua.
O grande sonho do artista é ver o seu nome, Luciano Cardoso, entre as atrações do Festival de Barretos, em São Paulo. Ele destaca que também quer conhecer os Estados de Mato Grosso do Sul e Goiás, “onde está o forte” das músicas que gosta.
– Eu me identifico mais com os modões, o sertanejão mesmo, com a viola, que contam a história do homem do campo. E também com a gaúcha. São diferentes, mas as duas falam da vida no campo e do homem da lavoura – diz.
Luciano acredita que sua principal dificuldade é não ter um empresário, alguém que consiga levá-lo a mais lugares:
– Isso dificulta para que eu cresça mais. Também rola um pouco de inveja quando começa a fazer sucesso e tocar em um ou outro lugar.
Futuro
Apesar dos perrengues, Luciano pretende lançar seu primeiro CD e se dedicar às plataformas digitais. Ele também segue à frente do programa Quero-Quero, que vai ao ar às segundas e quartas, das 18h às 20h, na rádio web Toscana, de Bento Gonçalves.
– Eu boto música para o pessoal. Na segunda-feira, tem modão. Na quarta, faço um entreveiro com tudo. Como são duas horas de programa, eu também toco e faço uns sons ao vivo para os ouvintes, eles gostam muito – conta.
Ainda neste ano, um CD com músicas inéditas e covers deve chegar a todas as plataformas.
– Pretendo gravar meu primeiro CD, muito para ter como lembrança, mas vou lançá-lo também. Quero me esforçar para estar mais presente nas redes sociais, como TikTok e Instagram, no Spotify também – idealiza.
O jovem artista está no primeiro ano do Ensino Médio e já projeta dois cursos após concluir a escola.
– Quero fazer faculdade de música e um técnico em agropecuária, são as coisas de que gosto. Se for ver, muitos cantores têm fazenda e lidam com pecuária. Se Deus quiser, eu vou ter a minha também – explica.
Pitaco de Quem Entende
O produtor musical Diego Garcia comenta sobre o som do artista:
– Oh, viola boa! O menino vem na contramão do que é feito hoje em dia, um violeiro de dar orgulho a Tião Carreiro, Moacyr Franco e ao saudoso Rolando Boldrini (1936 – 2022).
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*Produção: Lucas de Oliveira