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O Planeta Atlântida do ritmo de todos os gêneros musicais e idades

Diversidade no line-up e encontro de gerações garantiram a festa na Saba, na sexta e no sábado, na 27ª edição do festival

04/02/2024 - 14h33min

Atualizada em: 04/02/2024 - 14h34min


Camila Bengo
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Anselmo Cunha / Agencia RBS
Tradição e novidades estiveram presentes nos dois dias do maior festival de música do sul do país.

Se a edição do ano passado, a primeira após o hiato da pandemia, foi do reencontro, esta foi da vontade de estar junto. O Planeta Atlântida 2024 ocorreu na última sexta e sábado,  levando milhares de pessoas à Saba, em Atlântida. Havia gente de diferentes idades e preferências musicais, sim, mas todos saíram contemplados.

Repetindo o que já vem sendo visto no festival há alguns anos, a diversidade foi o que marcou a programação nos dois dias. Teve rock, pagode, funk, sertanejo, reggae, trap e até bloco de Carnaval. Foi um Planeta Atlântida para unir todas as tribos.

Algo que ficou visível já na tarde de sexta-feira, na fila de planetários que esperavam para entrar na Saba tão logo os portões fossem abertos. Havia quem já passasse dos 40 anos (e provavelmente trouxesse alguns Planetas no currículo), mas também adolescentes que se preparavam para viver a experiência pela primeira vez. Nada mudou: mesmo após 27 edições, o festival segue como um rito de passagem para os jovens gaúchos.

E entre os novatos, é possível que muitos estivessem entusiasmados para os shows dos artistas de trap, variante do rap que virou um verdadeiro fenômeno no país - ancorado, sobretudo, no público jovem. Oito representantes do gênero subiram aos palcos desta edição, que também teve um espaço para apresentações assinado pelo Rap in Cena. Foi o Planeta do trap, para o delírio da gurizada.

Mas também foi um Planeta da velha guarda. Atrações como Paralamas do Sucesso, Comunidade Nin-Jitsu, Papas da Língua e Armandinho mexeram com a memória afetiva dos planetários da antiga. Já NX Zero e Fresno, que se apresentaram na sexta e no sábado, respectivamente, provaram que a idade não importa: o emo segue vivíssimo.

A programação ainda contemplou o pagode, com Menos é Mais e Thiaguinho; o pop e o funk brasileiros, com Ludmilla, Luísa Sonza e Pedro Sampaio; a música eletrônica, com Alok; e o sertanejo, com ninguém menos que Gusttavo Lima, o Embaixador.


Tradição 

Quando Neto Fagundes subiu ao palco, pouco antes das 17h, não tinha mais volta: estava iniciado o Planeta Atlântida 2024. Como já é tradição desde 2007, o músico interpretou o hino do Rio Grande do Sul. Era a largada para as mais de 50 atrações que passariam pelo festival dali em diante. Às 17h, Vitor Kley fez o primeiro show do palco principal. O pop ensolarado do artista combinou com o calor escaldante que fazia na Saba - Kley chegou até a comentar que "nunca o Sol brilhou tanto para ele" no Planeta. O músico também se enrolou em uma bandeira do Estado e brincou que iria "fazer a capa da Zero Hora". Conseguiu, pois sua foto ilustrou a edição do final de semana.

Representando o trap, MC Cabelinho se apresentou no palco principal por volta das 18h30min. O músico avisou que havia contraído um resfriado e pediu desculpas por "não estar 100%". Ninguém se importou com a porcentagem: os planetários pularam e cantaram do início ao fim hits como Né Segredo, 7 Meiota, X1 e Eu Sou o Trem. Foi só um gostinho da força do trap no Planeta Atlântida 2024. 

Quando o calor já havia dado uma trégua, às 20h, o grupo Menos É Mais botou os planetários para sambar. Os brasilienses fizeram um show que circulou entre clássicos dos anos 1990 e hits atuais do pagode. E pulando para o rock, NX Zero convocou os emos presentes na Saba. Foi um show de nostalgia, razões e emoções, celebrando o retorno da banda, no ano passado, após seis anos de hiato. Às 23h, Alok iluminou o Planeta Atlântida com seus leds verdes. A apresentação também contou com forte aparato de pirotecnia e um show à parte promovido pelos drones. Os dispositivos foram utilizados para escrever no céu frases como "Bah! Tchê!" e "Ah, eu sou gaúcho!", incitando o bairrismo dos planetários.

A pausa para descanso foi rápida. Às 00h30min, Ludmilla agitou a Saba. Não é força de expressão: ninguém ficou parado no show da cantora. Avisando que "joga nas 11", a artista incluiu uma variedade de ritmos no setlist, com pagode, funk, reggaeton, rap, R&B e afrobeat. Houve também a tradicional participação da esposa dela, Brunna Gonçalves, na canção Maldivas.. A rainha da favela deixou o palco aclamada por gritos e aplausos persistentes.

O fechamento da noite ficou a cargo de Pedro Sampaio. O DJ entregou um show repleto de hits do funk e deixou o público animado. Tanto que ninguém queria se despedir dele (vide os gritos de "eu não vou embora"), e o show acabou se estendendo por meia hora além do previsto. Os planetários rebolaram até a última música, fechando com chave de ouro o primeiro dia do festival.

Históricos

O segundo dia de Planeta Atlântida 2024 teve início às 15h, quando os portões foram abertos para o público. Contudo, às 7h da manhã já era possível encontrar planetários na fila. Eram fãs do sertanejo Gusttavo Lima, que subiria ao palco às 23h, ansiosos por garantir um bom lugar para a apresentação do ídolo

Antes disso, porém, outras grandes atrações também passariam pelo festival. A primeira delas foi a banda Fresno, que convocou novamente a nação emo com show no palco Planeta. Os gaúchos saudaram a terra que amam desde guris com sucessos como Polo, Porto Alegre e Quebre as Correntes. A banda se emocionou com o retorno ao Planeta Atlântida e, depois da apresentação principal, ainda fez um pocket-show em um espaço assinado por patrocinador. 

Às 18h30min, Armandinho transformou a Saba em luau. O terror (o poeta) apresentou canções fundamentais como Reggae das Tramanda, Toca uma Regueira Aí e Lua Cheia. O público vibrou com a apresentação do artista, provando ser verdade o que dizem sobre ele: "Não tem quem não goste do 'loco', o pinta é 'afudê'". 

Os  Paralamas do Sucesso subiram ao palco às 20h, quebrando a barreira geracional. O show da banda, hoje formada por Herbert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria), uniu novos e antigos planetários. Algumas canções já batiam os 40 anos, como é o caso da clássica Meu Erro, mas foram cantadas até pela gurizada. O rock nunca sai de moda.

Quem também conseguiu unir todas as tribos foi Thiaguinho. O artista se apresentou às 21h30min, levando à Saba sucessos do Exaltasamba e de sua fase solo. O hitmaker do pagode fez o público presente sambar e cantar todas as músicas do início ao fim. Faltou lugar no setlist para tantos sucessos. 

A questão do espaço também marcou o show de Gusttavo Lima. Só que entre a plateia: a disputa para ver de perto Embaixador estava tão grande, que ficou até difícil circular pela Saba. O sertanejo permaneceu no palco por uma hora e meia e apresentou seus principais sucessos - além de beber muita cachaça. Também interpretou hits gaúchos como Do Fundo da Grota, de Baitaca, e Querência Amada, de Teixeirinha. Ainda deu tempo para cantar Anna Júlia, da banda Los Hermanos, em ritmo de axé. Ele fez a festa.

Depois de assistir ao jogo do Inter no Beira-Rio, Luísa Sonza deu sequência ao fervo no Planeta Atlântida. O show circulou entre a saliência e o drama: hits rebolativos, como Toma, dividiram o setlist com canções sensíveis, aos moldes de Penhasco. Também teve lugar para Chico, música feita por Luísa para o ex-namorado - o nome dele foi suprimido da letra após o fim traumático do relacionamento dos dois. A apresentação teve, ainda, participação de Duda Beat e Neto Fagundes, que interpretou o Canto Alegretense. O público delirou com a braba de Tuparendi.

Fechando a noite, os trappers Matuê, Teto e Wiu, representantes da gravadora 30praum, fizeram um show incendiário. Tanto que a produção precisou usar uma mangueira de incêndio para jogar água nos planetários - pedido deles. Os artistas se revezaram entre músicas colaborativas e sucessos individuais de cada um, fazendo com que o público pulasse do início ao fim, com direito a roda punk. Ao fim da apresentação, por volta das 4h, ficou provado que o trap veio para ficar no Planeta Atlântida. E os planetários puderam voltar para casa com a certeza de que fizeram parte de uma edição histórica.

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