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Retratos da Fama

O menino de Brotas conta a vida em musical

Daniel comemora 30 anos de carreira e conta sua trajetória em DVD

06/10/2013 - 14h01min

Atualizada em: 06/10/2013 - 14h01min


José Augusto Barros
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Para comemorar três décadas de carreira, Daniel queria algo marcante. O cantor, que empolga plateias com sucessos como Adoro Amar Você, resolveu contar a sua trajetória no DVD Daniel 30 Anos - o Musical. Retratos da Fama é todo desse paulista de Brotas, que conquistou o país com talento, simpatia e perseverança. Aliás, a longa entrevista que o cantor concedeu ao Diário Gaúcho, por telefone, de São Paulo, reflete por que, aos 45 anos, ele é um artista diferenciado em um meio tão glamouroso e, por vezes, pouco acessível.

Daniel não foge das perguntas sobre vida pessoal e nunca foi visto envolvido em baixaria ou escândalos. E os fãs gaúchos já podem comemorar, pois ele será a principal atração do Aniversário Show da Rádio Farroupilha (680 AM), no dia 10 de novembro, com entrada franca. Uma salva de palmas, porque o show vai começar!

Diferentes fases retratadas no espetáculo

- Infância - Ao som de Romaria, uma das músicas que ouvia quando era pequeno, começa o musical. Com seis anos, Daniel passava dias gravando a própria voz. Aos nove, ganha o primeiro violão do pai, José Camillo.

- Encontro com João Paulo - No começo dos anos 80, durante concursos musicais, Daniel conhece João Paulo, e, logo, eles formam a dupla. Em 1985, lançam o primeiro disco.

- Locomotiva do sucesso - A dupla atinge o auge com as músicas Eu me Amarrei e Estou Apaixonado. Foram mais de 5 milhões de álbuns vendidos!

- Despedida - No auge da dupla, em 1997, João Paulo é vítima de um acidente de carro, em São Paulo, e Daniel decide seguir carreira solo.

- Celebração do Amor - Daniel emplaca canções inéditas e começa uma nova história nos palcos. O destaque fica por conta de Quando o Coração se Apaixona, com participação da sua esposa dançando, a bailarina Aline de Pádua.

- Solo - A fase sozinha nos palcos consolida-se em seus discos e junto ao público, com destaque para o hit Fricote.

- O Artista está só - Essa fase aparece simbolizada no musical pela faixa Com Meu Mundo e Nada Mais.

- Sempre tive questionamentos. E é com essa canção do Guilherme Arantes que eu mostro que a felicidade está nas pequenas coisas - explica o cantor.

- Sucesso - É quando Daniel interpreta O Menino da Porteira e Tantinho, consolidando uma trajetória brilhante.

Inovador e emocionante

Em um show diferente dos padrões brasileiros, um musical, Daniel conta a sua história de maneira cronológica, em um belo registro. O musical é dividido em oito partes, e cada trecho representa um momento da sua vida.

Gravado em São Paulo, o DVD (R$ 30, preço médio) envolveu mais de 300 pessoas em uma megaprodução. Compila hits do cantor e traz atores de musicais como Rei Leão e Hair Spray. O pacote ainda conta com um EP inédito, cuja principal canção é Maravida, tema de abertura de Amor à Vida, novela da TV Globo.

Só de cuequinha? O guri foi corajoso

Em 2000, Daniel surpreendeu os fãs e estrelou uma campanha de uma marca de cuecas, usando um modelo estilo asa-delta. As imagens saíram em revistas, em outdoors e em painéis de propaganda, nos ônibus.

A repercussão da campanha assustou o cantor na época. Em algumas entrevistas, anos depois, ele admitiu ter arrependido-se e contou que virou motivo de piada entre os amigos.

"É indescritível o momento que estou passando agora"

Nesta entrevista exclusiva para o Diário Gaúcho, Daniel fala sobre as suas raízes e a importância do pai na sua iniciação no mundo da música. O cantor ainda conta por que a fase que está vivendo agora é tão indescritível, quando tem o privilégio de conseguir equilibrar todos os compromissos da vida profissional com o prazer de voltar para casa, para os braços das três mulheres da sua vida.

Diário Gaúcho - Como pintou a ideia de gravar o musical, para registrar os seus 30 anos de carreira?

Daniel - Surgiu há anos, quando tive um primeiro contato com esse gênero, em Nova York, com o Fantasma da Ópera. Aproveitando os meus 30 anos de carreira, decidi contar tudo em um musical.

Diário - De que maneira você participou da preparação do DVD?

Daniel - Ativamente! Contei a minha história para o Marcelo Amiky (diretor do musical, ao lado de Vivien Fortese). Na hora, ele comentou: "rapaz, o Daniel fez esse roteiro para a gente!". Conseguimos separar um elenco legal, na parte vocal, e enquadrá-lo nas vozes de cada personagem. Depois, a banda ensaiava em estúdio, e eu, separadamente. No fim, locamos um barracão e ficamos, pelo menos, 20 dias só nos ensaios finais.

Diário - No DVD, há muitas referências ao seu pai (José Camillo, 76 anos). Ele foi o seu maior norte, quando começou a cantar?

Daniel - Desde que eu me entendo por gente, canto. Na minha casa, todo mundo gosta de música, principalmente ele. E o pai sempre esteve muito presente. Foi ele, por exemplo, quem começou a me ensinar a separar a primeira e a segunda voz, e a me firmar na minha própria voz. Lembro dele falando: "tampa os ouvidos, se escute". Eu tinha cinco ou seis anos.

Diário - Como foi o começo da dupla com o João Paulo?

Daniel - Depois que eu e ele começamos os ensaios, o meu pai continuou agendando festivais e concursos. Passado um tempo, muitos começaram a dizer que precisávamos gravar um disco, e, aí, tudo começou a andar com as próprias pernas. Com o lançamento do terceiro disco, quando já não estávamos vendendo muito, nós ouvimos a canção Desejo de Amar, e eu e João tínhamos a certeza de que essa música tinha que ser gravada por nós. Foi o que fizemos!

Diário - Ele ainda é muito presente na sua vida, tanto nas entrevistas quanto nas músicas e nos shows. O que passou pela sua cabeça no momento da morte do João Paulo?

Daniel - Muita tristeza! Surgiram algumas incertezas, de seguir ou não com a carreira. Só não parei porque não encontrei outra profissão. E hoje, não me vejo fazendo outra coisa. A perda dele foi muito complicada, difícil de superar. Mas o dia a dia também é complicado, temos os nossos obstáculos e as nossas barreiras.

Diário - Cantor, jurado do The Voice Brasil, estrela de musical e ator (em filmes como O Menino da Porteira e na novela Paraíso, da TV Globo, ambos em 2009). Como começou a despontar esse seu lado multimídia?

Daniel - Eu acho que é muito importante o artista passar a sua verdade para o público e, depois, enveredar para outros lados, tornando-se bem completo. Estar em tanta coisa ao mesmo tempo é bom para mim, me oxigena, me traz algo novo, inovador. Claro, o meu princípio, a minha origem é a música, mas tenho muita vontade de fazer coisas pelo Brasil afora, me aprimorar, pois o mundo gira, não para. E, para nos mantermos, temos que acompanhar!

Diário - A participação na primeira e na segunda temporada do The Voice Brasil aproximou-o de outros públicos?

Daniel - Certamente! Fez com que eu me aproximasse de um público mais jovem, muitas pessoas começaram a me enxergar com outros olhos. E estar naquela cadeira me dá uma sobrecarga de responsabilidade.

Diário - E as parcerias do The Voice? Alguma chance de trabalharem juntos fora dos palcos?

Daniel - Nos bastidores, conversamos bastante. Quem sabe no futuro? Acho válido!

Diário - Sempre que você faz shows por aqui, o público lota os seus espetáculos. Como é a relação com os gaúchos, com Porto Alegre e com a música daqui?

Daniel - Gosto de tudo aí! Já tive a oportunidade de conhecer CTGs em Porto Alegre e achei a estrutura fantástica. A culinária é formidável! Não tem como ir a Porto Alegre e não comer churrasco. Considero a cultura de vocês muito diferente. O povo é muito educado, a filosofia é outra, parece outro país. Musicalmente, não tem como não citar Teixeirinha, que é uma referência grandiosa para mim. Também gosto muito do Gaúcho da Fronteira e do Tchê Garotos. Acho excelente o som deles.

Diário - Cogita a possibilidade de o musical correr o Brasil?

Daniel - Por enquanto, está só em DVD. Mas, quando finalizamos, demos aquela lapidada, vimos o resultado, e bateu vontade de levar esse trabalho para todo o país, neste formato. É algo inovador e espero que contribua para a cultura de fazer trabalhos bem elaborados. Acredito que o brasileiro assimilará esse trabalho!

Diário - Como tem conciliado as gravações e os shows com a família?

Daniel - Dá trabalho! A vontade é de ficar mais próximo da Lara (três anos) e da Luiza (um ano). Sinto um aperto a mais na hora de viajar. Mas tenho uma estabilidade que me permite fazer shows e, na medida do possível, voltar rápido para casa (Daniel, a esposa, Aline de Pádua, e as duas filhas dividem-se entre uma casa em Brotas e um apartamento na capital paulista). Mas gosto de viajar com a equipe, de pegar a estrada. O momento do show te renova. É indescritível o momento que estou passando agora! Ser pai fortalece demais tudo. E a minha vida é cantar, jamais posso parar!

Diário - Planeja ser pai de novo?

Daniel - Talvez, daqui a dois anos. Não importa se será menino ou menina. Sonhamos em ter três filhos.


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