Copa 2014 - Liga dos Fanáticos



Série História das Copas

O caminho da Seleção Brasileira do início da Copa até o tri em 1970

Conheça na edição deste final de semana da série História das Copas a arrancada para o tricampeonato mundial

25/01/2014 - 09h01min

Atualizada em: 26/05/2021 - 11h34min


Foram cinco Copas sofrendo. Até que, em 1958, veio a redenção. E que redenção.
O futebol brasileiro passou a encantar o mundo com a conquista do título na Suécia.
Principalmente por conta de um guri de 17 anos que entrou no time a pedido dos companeiros e consagrou-se como o melhor jogador do Mundial - e de todos os tempos. Esse menino era Pelé, o eterno camisa 10 da Seleção.

Quatro anos depois, porém, Pelé jogou só duas partidas, devido a uma lesão, e o nome do bi foi Garrincha - mesmo que tenha ido mal na primeira fase. Em 1966, Pelé voltou a sofrer, dessa vez com a forte marcação. E o Brasil, desorganizado, caiu na primeira fase. Mas em 1970, com Pelé no auge da carreira aos 29 anos, já consagrado como Rei do Futebol, a Seleção, sob o comando do técnico Zagallo - bicampeão como jogador em 1958 e 1962 - novamente encantou o mundo com o seu futebol.

1958 - A primeira vez

Em meio às desconfianças devido aos tropeços nos jogos depois da Copa de 1954, o Brasil teve várias trocas de técnico. Foram oito nomes diferentes na casamata entre a eliminação nas quartas de final da Copa da Suíça e dezembro de 1957. No começo de 1958, a CBD colocou o empresário Paulo Machado de Carvalho no comando do futebol. Vicente Feola, um dos oito técnicos dos últimos três anos, voltou ao cargo. Um psicólogo e um dentista fariam parte da comissão.

No período de preparação de 20 dias, em Poço de Caldas (MG), foram feitos testes psicológicos nos jogadores. Menos em um. Reza a lenda que o lateral Nilton Santos se reuniu com o psicólogo João Carvalhaes e pediu:

- Doutor, tem um sujeito que talvez seja incapaz de acertar o mais fácil dos testes. Mesmo que ele erre tudo, aprove-o. Vamos precisar dele na Copa.

Craques, Pelé e Garrincha começaram na reserva

O tal sujeito era o ponta Garrincha, conhecido por sua simplicidade e pela inocência. Também dessa preparação saiu uma das frases mais ouvidas hoje no futebol. Ao ser
questionado pela falta de empenho nos treinos, o meia Didi resumiu:

- Treino é treino, jogo é jogo. Pelé, com 17 anos, estava na reserva. Mesmo assim, ganhou a camisa 10 - a numeração foi definida pelo uruguaio Lorenzo Villizio, do comitê organizador da Copa. Após os dois primeiros jogos, o guri, assim como Garrincha, entrou e não saiu mais até a final. A dupla deu trabalho aos marcadores e levou os torcedores à loucura. E o Brasil, ao primeiro título mundial.

Bellini e a taça erguida

Até 1958, a cerimônia da entrega da taça era apenas um ritual, sem muita graça. Mas na Suécia, devido ao número de fotógrafos em campo, o capitão Bellini atendeu aos pedidos e ergueu a Jules Rimet acima da cabeça. O gesto acabou eternizado e passou a ser imitado por todos os campeões.

Os jogos x Grupo D - Brasil, Áustria, URSS e Inglaterra
Brasil 3x0 Áustria
Brasil 0x0 Inglaterra
Brasil 2x0 URSS

Quartas de final
Brasil 1x0 País de Gales

Semifinal
Brasil 5x2 França

Final
Suécia 2x5 Brasil

1962 - Favorito

Com o fim do complexo de vira-lata, o Brasil virou favorito ao bi em 1962, no Chile. Só que, depois da taça na Suécia, foram nove meses sem jogo da Seleção. No período entre as Copas, a Seleção teve três técnicos - Gentil Cardoso, o gaúcho Oswaldo Rolla e Vicente Feola, que caiu após eliminação na primeira fase na Olimpíada de Roma, em 1960. Para a reta final de preparação à Copa, a CBD chamou o técnico Aymoré Moreira. O diretor de futebol da CBD, Paulo de Carvalho, repetiu o planejamento. Para isso, Aymoré escalou o time com o máximo de jogadores de 1958. As exceções foram os dois zagueiros. O Brasil estreou na Copa do Chile com vitória sobre o México.

No empate com a Tchecoslováquia, ao final do jogo, Pelé sentiu a coxa esquerda e ficou de fora da Copa. Por sorte, o Brasil tinha Amarildo. Ele fez os dois gols no jogo seguinte, contra a Espanha, que teve ignorado pênalti de Nilton Santos. Nas quartas e semifinais, Garrincha brilhou contra a Inglaterra e Chile.

Os jogos

Grupo C - Brasil, México, Espanha e Tchecoslováquia
Brasil 2x0 México
Brasil 0x0 Tchecoslováquia
Espanha 1x2 Brasil

Quartas de final
Brasil 3x1 Inglaterra

Semifinal
Brasil 4x2 Chile

Final
Brasil 3x1 Tchecoslováquia

1966 - Eliminado

Após o bi, o sucesso subiu à cabeça. A preparação para a Copa de 1966 foi um caos, com desmandos de muitos dirigentes. Coincidência ou não, coincidiu com os primeiros anos da ditadura militar (1964- 1985). Desde 1956, a CBD era comandada por João Havelange, que queria o técnico Vicente Feola, campeão em 1958, de volta. Havelange tirou Paulo Machado de Carvalho da direção do futebol e recolocou Feola na casamata. Ao todo, foram 47 jogadores convocados para a fase de preparação a dois meses da Copa. Apesar da bagunça, a CBD dava como certo o tri. Manteve entre os convocados o máximo de jogadores que estiveram nas duas Copas anteriores. A fé era que, com Pelé e Garrincha, seria fácil.

Para agradar a ditadura, a CBD levou os jogadores para treinar em cinco cidades diferentes. A desorganização só poderia resultar na queda na primeira fase, com uma vitória e duas derrotas. Além da desvantagem física em relação aos europeus, melhores condicionados, ainda teve a lesão de Pelé. O Rei sucumbiu à sucessão de pancadas no jogo contra Portugal.

Os jogos

Grupo C - Brasil, Hungria, Bulgária e Portugal
Brasil 2x0 Bulgária
Brasil 1x3 Hungria
Brasil 1x3 Portugal

1970 - Feras, Lobo e o tri

Apesar do fracasso de 1966, a bagunça seguia. A cada tropeço, troca de técnico. Entre 1967 e 1969 foram dez. Até o jornalista e gaúcho João Saldanha assumir o cargo. Em 1969, o time fez 13 jogos e venceu todos. O valeu o apelido à Seleção de "As Feras de Saldanha". Fora de campo, porém, havia descompasso. O Brasil vivia sob ditadura. Saldanha, comunista, era ferrenho opositor e desagradava ao governo. De temperamento forte, o técnico comprava brigas, algumas delas acabavam em vias de fato. Assim, em março de 1970, dois meses e meio antes da Copa, a CBD trocou-o por Zagallo, bi em 1958 e 1962 como jogador.

Com Zagallo, a comissão foi recheada de militares, como os preparadores físicos Cláudio Coutinho (treinador da Seleção de 1977 a 1979) e Carlos Alberto Parreira (técnico do tetra, em 1994). A nova visão no preparo físico foi decisiva para o tri na altitude e no calor do México. Zagallo teve dificuldades. Não acreditava no futebol  ofensivo de Saldanha e achava que Pelé e Tostão não poderiam jogar juntos.

Nesse clima, e ainda sem o time definido, o Brasil chegou a Guadalajara em 2 de maio.
A parte tática, porém, estava acertada. Entre os jogadores. Ainda no Brasil, Pelé, Clodoaldo, Tostão, Rivellino e Gérson fizeram reunião na concentração e decidiram como o time atuaria. Assim, o que se viu em campo foi uma Seleção ofensiva, que encantou o mundo com seis vitórias em seis jogos, marcando 19 gols e sofrendo sete.

Os jogos

Grupo C - Brasil, Inglaterra, Romênia e Tchecoslováquia
Brasil 4x1 Tchecoslováquia
Brasil 1x0 Inglaterra
Brasil 3x2 Romênia

Quartas de final
Brasil 4x2 Peru

Semifinal
Brasil 3x1 Uruguai

Final
Brasil 4x1 Itália


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