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A pé e de ônibus, equatoriano chega a Viamão após viagem de dois meses

Manuel Zambrano chegou antes para recepcionar a seleção equatoriana, que desembarca hoje em Canoas

09/06/2014 - 08h52min

Atualizada em: 09/06/2014 - 08h52min


Luiz Armando Vaz / Agência RBS

Foram dois meses a pé, de carona e de ônibus pelas estradas da América do Sul. De Guayaquil a Viamão. Tudo para estar hoje a postos quando chegar o Equador ao Hotel Vila Ventura. Manuel Ángel Loor Zambrano, 59 anos, conhecido como El Rey das Cascoritas, percorreu 6,4 mil quilômetros para apoiar sua seleção. Cruzou Peru, Bolívia e Paraguai e varou o Oeste do Brasil para ficar perto da Copa.

Manuel chegou a Viamão na segunda-feira. Logo se tornou celebridade na cidade. Foi recebido pela prefeitura e ganhou hospedagem. Dorme e faz as refeições no Hotel-fazenda Quinta da Estância, na RS-118. Rey das Cascoritas pode ser traduzido como Rei das Embaixadinhas. Os malabarismos com a bola garantiram o mínimo de dinheiro para chegar a Viamão. O restante veio da bondade alheia ou da mão das embaixadas equatorianas.

O equatoriano desceu a América de carona e ônibus, na incerteza do próximo dia. Quando o dinheiro rareava, dormia em estações rodoviárias. Quando havia alguns trocados, dormia em hotéis baratos. Nos dias de maior aperto, banana, laranja e pão eram almoço e janta.

Os poucos recursos vinham de malabarismos com a bola. Chegou a se apresentar antes de jogos em estádios na Bolívia e no Paraguai. Na pequena mala que trouxe, algumas peças de roupa e uma camiseta gigante da seleção do Equador. Ela recebeu assinaturas de autoridades e serviu de cobertor nos dias mais frio.

O plano de Manuel em Viamão é se apresentar em escolas públicas e espaços de lazer para retribuir ao apoio da prefeitura. O sonho, ultrapassar os portões do Vila Ventura para se encontrar com os ídolos da seleção. Realista, diz ser esse o máximo que conseguirá. Assistir a um jogo da Copa está tão distante dos planos como sua Guayaquil de Viamão. Por isso, prefere ver os jogadores. Diz ser amigo do meia-atacante Valencia e dos goleiros Banguera e Dominguez.

- Me perderia no Brasil, é muito grande, e os ingressos são caros _ explicou o equatoriano.

Mesmo conformado em ficar do lado de fora dos estádios, mostra otimismo com sua seleção. Aposta em classificação na primeira fase. O sonho, é claro, escrever a história numa final contra o Brasil.


Manuel demonstra a habilidade de equilibrar a bola com uma caneta
Foto: Luiz Armando Vaz, Agência RBSk

Bola de pedra

Se a embaixadinha é a profissão de Manuel Zambrano, ele caprichou nos detalhes. O destaque é como faz. Equilibra a bola e gira em um pedaço de madeira preso nos dentes. Repete com caneta. É capaz de fazer isso de pé, sentado ou em movimento.

Em busca de desafios, aperfeiçoou a técnica. Faz embaixadinhas com bola de sinuca, e, o mais impressionante, com uma bola de pedra de 16 quilos. Só não as trouxe para o Brasil porque foram retidas pela polícia paraguaia.

Para Viamão, trouxe bola de pedra menor, de cerca de quatro quilos.

Orgulhoso, Manuel conta ter feito apresentações de embaixadinhas em quatro Eliminatórias de Copa (2002, 2006, 2010 e 2014). Também esteve na Copa América da Argentina (2011), da Venezuela (2007), do Peru (2004) e do Equador (1993. Seu currículo registra ainda ida ao Mundial Sub-17 no Peru, em 2005.


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