Grêmio



Briga na Arena

"A imagem mostra que foi errado", afirma major da BM sobre abordagem de policiais ao Gaúcho da Geral

Vídeo mostra policiais militares agredindo com socos e golpes de cassetete o torcedor do Grêmio Juliano Franczak

29/07/2013 - 02h25min

Atualizada em: 29/07/2013 - 02h25min


Torcedor é detido após conflito com a polícia

Após a divulgação, em redes sociais, de um vídeo que mostra o torcedor conhecido como Gaúcho da Geral sendo agredido pelas costas com socos e golpes de cassetete por dois policiais militares, a Brigada Militar admitiu o erro e afirma que será aberta uma investigação interna sobre a conduta dos PMs antes do jogo entre Grêmio e Fluminense, na Arena, no domingo.



O major Francisco Vieira, subcomandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE) concedeu entrevista a Zero Hora no início da madrugada desta segunda-feira e falou sobre a ação que levou Juliano Franczak ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) para assinatura de termo circunstanciado por conduta inconveniente. Vieira afirma que o torcedor já se envolveu em confusões com a polícia _ Franczak admite que já foi retirado da torcida no jogo entre Grêmio e Fluminense pela Libertadores da América deste ano. Confira trechos da entrevista de Vieira:

Zero Hora - O que justifica a agressão pelas costas ao torcedor?
Major Francisco Vieira -
A imagem, ela é clara, fala por si só. Não é o papel da Brigada. Aquele procedimento não é o correto. Vamos instaurar uma investigação para saber qual foi o motivo, o que os levou a fazer aquilo ali.

ZH - O senhor já falou com os policiais que participaram do ato?
Vieira -
Não, ainda não.

ZH - O que foi passado inicialmente pelos policiais é de que o torcedor estava fazendo de conta que tinha um problema na perna.
Vieira -
O Gaúcho sempre aparece nos jogos pulando. Desde a época do Olímpico. Ele se dependura e fica pulando. Nunca passou pela minha cabeça que ele tivesse um problema no joelho. Até então, o motivo da intervenção era de que ele estava usando uma muleta como mastro de bandeira. Ele nunca passou de muleta pela revista.

ZH - O argumento dele é de que entrou com a muleta e não teve problema algum. E depois foi abordado por usar a muleta. Ele não pode usar a muleta como mastro, é isso?
Vieira -
Toda a pessoa que tem mobilidade reduzida tem um lugar para ficar em qualquer estádio. Quando alguém entra com uma muleta no estádio, a gente vê quem é, o que está fazendo. Se houve um processo errado na origem, na entrada da revista, vamos apurar depois. Ele não poderia estar com a muleta naquele local. E, se estivesse, deveria estar identificado. Nós fomos lá perguntar para ele de onde ele tirou a muleta. Um camarada que faz avalanche e fica pulando como ele pula e tem mobilidade reduzida, com certeza não fecha. Mas isso não está em questão, até porque o procedimento dos policiais não é o previsto. Isso vai ser apurado.

ZH - Algo poderia justificar a ação?
Vieira -
Evidente que não. Assim como não justifica 30 camaradas virem para cima de dez brigadianos. Imagina uma abordagem policial na Rua da Praia e toda a Rua da Praia vem para cima da polícia. Não sei porque eles vieram para cima da BM. O brigadiano que fez aquilo (a agressão pelas costas), ele que responda pelo seu ato. Isso não é técnica. Vai ser aberto um inquérito para apurar, mas só para fins de apuração, porque a imagem mostra que foi errado. Mas nada do que o policial tenha feito tira o que a torcida Geral fez.

ZH - Há um crescimento da animosidade entre BM e Geral após a ida do Grêmio para a Arena. Esse tipo de ação policial não contribui para acentuar o conflito e pode colocar a torcida contra a Brigada?
Vieira -
Na medida em que um policial não mantém o controle, ele perde a razão. Essa relação da Brigada com a Geral não vem de agora. A Geral quer dominar o setor e ficar só eles mandando ali, que é o que eles já fazem. Claro que o procedimento ajuda a manter esse clima de que a Brigada é truculenta.

ZH - Estamos às vésperas de um clássico Gre-Nal em que foi discutida a possibilidade de torcida única. O senhor acha que essa situação pode acirrar os ânimos?
Vieira -
Tanto a Arena quanto o novo Beira-Rio têm uma concepção de engenharia para o torcedor que não vai para brigar. O problema não tem nada a ver com Grêmio ou Inter. O problema está na Geral. Enquanto não acabarmos com os casos pontuais, sempre vai ser essa pressão.

ZH - O senhor recomendaria jogo com duas torcidas?
Vieira -
Isso tem de ser decidido por um colegiado. Eu não vejo problema algum. Nós estamos preparados para com ou sem torcida única. Mas a Brigada ainda não se posicionou.

Assista o vídeo que mostra como a confusão começou:


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