Pirata na berlinda
Barcos vive relação conturbada com a torcida gremista
Atacante recebeu vaias na partida contra o Fluminense e reclamou da torcida
Barcos vê a relação de 465 dias com a torcida passar por fase de estremecimento. Desde que chegou como o matador que levaria o Grêmio aos títulos, nunca a relação esteve tão tensa.
Nem mesmo em 2013, quando chegou a ficar nove jogos sem balançar as redes do adversário, o Pirata e os gremistas estiveram em rotas tão opostas. O curioso nesse casamento é que, em 2014, os números são bem melhores. Se no ano passado foram só 13 gols, agora já conta 17 em 25 jogos. Barcos é o terceiro maior goleador do Brasil - atrás de Robert, do Fortaleza, com 25, e Lima, do Paysandu, com 18. Mesmo assim, há a crise.
No domingo, após o 1 a 0 no Fluminense, com gol do meia Rodriguinho, o argentino reagiu ao ser questionado sobre as vaias da torcida - ouvidas depois de duas chances desperdiçadas. Reclamou de maneira mais contundente da postura dos gremistas:
- Se tenho de dar explicações ao torcedor pelo que faço no campo, por que eles ou vocês (jornalistas) não estão lá dentro?
Na manhã de ontem, com a cabeça fria, o centroavante usou sua conta no twitter para se explicar e prometer empenho:
- Toda a vez que entro em campo, defendo essa camisa com dedicação. O que preciso dar aos torcedores é gols.
Mesmo que tenha desencantado neste ano, Barcos precisa lutar contra a estatística. Dos 17 gols, 13 foram no Gauchão. Nas competições de maior quilate, a Libertadores e o Brasileirão, fez dois em cada. Isso fermenta ainda mais a cobrança.
É bem verdade que há exageros dos gremistas. Ao deixar a Arena, depois da queda na Libertadores, o Pirata teve o carro, com família e amigos dentro, cercado. Seis torcedores o cobraram e deram tapas e chutes no veículo. No dia seguinte, ele reclamou. Avisou que só sairia se o presidente ordenasse. Mandou o recado: não seria a torcida que o demitiria. Típico atrito de casório em crise. Como o do Pirata com a sua torcida.