Brasileirão



Na marca do pênalti

Colunistas opinam: Inter é o favorito para o Gre-Nal 403

Wianey Carlet, Diogo Olivier, David Coimbra e Luiz Zini Pires falam sobre o clássico deste domingo na Arena

08/11/2014 - 08h08min

Atualizada em: 08/11/2014 - 08h08min


Montagem sobre fotos / Agência RBS

O Gre-Nal 403 encaminhará o ano de 2015 da Dupla. Muito mais do que a rivalidade histórica, o clássico deste domingo também é importante para a conquista de uma das vagas para a próxima edição da Libertadores. Sem vencer o tradicional adversário há mais de dois anos, o Grêmio depende das ideias de Felipão para quebrar a hegemonia vermelha e manter o sonho de buscar o Tri da América na próxima temporada.

Mais folgado na tabela, o Inter pode praticamente eliminar um dos perseguidores do G-4 com um triunfo na Arena. Além de ficar muito mais próximo de uma das vagas da Libertadores, manteria a invencibilidade no novo estádio gremista.

Tudo o que você precisa saber para acompanhar o Gre-Nal 403

VÍDEO: Desenho Tático analisa dois possíveis cenários para o Gre-Nal

Os colunistas de Zero Hora opinam quem é o favorito para o Gre-Nal 403. Confira:

Inter

Wianey Carlet

Em mais de 20 rodadas, o Inter se manteve alinhado ao grupo que se posicionava no G-4, enquanto o Grêmio teve raras aparições entre os quatro times melhor classificados. Este dado indica que a média técnica do Inter foi imensamente superior a do Grêmio. E qualidade de desempenho é fator essencial em uma campanha. A questão é saber se a diferença entre os dois times, em favor do Inter, é tão substancial que justifique apontar a equipe de Abel Braga como favorita.

Resposta fácil: não, não é. O Grêmio teve contra si a necessidade de substituir o treinador no meio da temporada, enquanto o Inter manteve inalterada a sua comissão técnica. O ano está terminando, e Luiz Felipe Scolari admite que ainda não encontrou a escalação ideal do Grêmio. Enquanto isso, mesmo tendo demorado em corrigir sua escalação em várias posições, Abel Braga está alguns pontos à frente no quesito conjunto. Porém, repito: a diferença é mínima.

A colocação de Grêmio e Inter na tabela é o primeiro indicativo de que o Inter chega melhor. Entretanto, recomenda-se não esquecer que a diferença que separa os dois é de apenas dois pontos. Uma vitória do Grêmio colocaria o tricolor à frente do Inter. Portanto, moderação na euforia e na depressão. É possível que o Inter supere o Grêmio com apoio da qualidade técnica dos seus meio-campistas. Este setor, sabemos, é o mais importante de um time. Nele se decidem os jogos. E o Inter tem jogadores superiores nas quatro posições. Não é pouco.

Também é recomendável considerar o fator local como item favorável ao Grêmio. Contar com o apoio de 40 mil torcedores contra 1.300 do rival é boa vantagem. Por fim, um quesito que sempre é importante, às vezes até decisivo: a mobilização. O Inter, se vencer, será apenas mais um bom resultado entre tantos nos últimos dois anos. Para o Grêmio, seria quebrar uma sequência de fracassos. Derrotar o Inter também significaria passar à frente na tabela, aproximar-se de uma vaga para a Libertadores, além de desarrumar a casa do adversário.

O Inter chega um pouco melhor para o Gre-Nal, pero no mucho.

Grêmio

Diogo Olivier

Subi no muro neste Gre-Nal. Ao contrário dos anteriores, nos quais era fácil detectar o momento melhor de um e de outro, neste é impossível. Então, conduzido pelos fatos, cá estou. A visão daqui de cima é interessante. Oferece uma distância que te traz benefícios. Como é a primeira vez, estou curtindo. Há uma certa paz. Só começou a dar problema com as pedradas. São os prejuízos do muro. Você é alvo fácil. Apanha dos dois lados. Todo mundo diz: "desce daí!". O curioso é que a raiva só passa se você descer para o lado de quem te pede para descer. Do contrário a apedrejamento iraniano continua.

É o que o meu editor, o Diego Araujo, me pede agora. Ele exige - com a gentileza habitual, mas exige - que eu desça do muro aqui no Na Marca do Pênalti. Missão dada, missão cumprida. Foi o que disse o chefe do Capitão Nascimento no primeiro Tropa de Elite, diante da advertência de seu subordinado, que entendia ser a visita do Papa à favela um convite à "m". O capitão eu não temos nada a ver, tirando alguns segundos de paralisia no dia, mas ambos trabalhamos em grupo e recebemos ordens. Pois e agora? Como sair dessa sem quebrar a hierarquia e nem mentir diante do tribunal da minha consciência?

Que enrascada.

Os dois têm a mesma campanha. Só dois pontos de diferença, como é o caso em favor do Inter, é um erro do árbitro, um frango do goleiro, um lance de sorte, um gol contra. Ambos vêm de vitória, não experimentam crise alguma, exibem candidatura à Libertadores e serão escalados com força máxima pelos seus treinadores. Nem isso. Nem um desfalque significativo que sirva de argumento. O Inter tem mais qualidade individual, mas o Grêmio é mais forte coletivamente. O Grêmio corre mais, mas o Inter compensa na posse de bola.

E agora, o que fazer?

Eis a minha decisão: sorteio. Se os árbitros decidem quem vai sair com a bola na moedinha e até o regulamento universal das competições admite a sentença do acaso quando os critérios de desempate forem insuficientes - obviamente a situação deste Gre-Nal -, então jornalista também pode. Três colegas, escolhidos aleatoriamente aqui ao meu lado, serão testemunhas. Será na moedinha, pela rapidez do processo. Tenho de entregar este texto antes das 15h desta sexta-feira. Além de descer do muro sem cair, preciso ser rápido. Cara, Grêmio; coroa, Inter. A moedinha sobe, desenha algumas piruetas no ar, cai no tapete da Redação, rola metros ali adiante e...cara!

Grêmio. O Grêmio é o favorito no Gre-Nal. Missão cumprida e consciência tranquila.

Inter

David Coimbra

Li o ótimo texto do Diogo Olivier contando que decidiu subir no muro neste Gre-Nal e me empolguei:

- Ei, Diogo, tem espaço para mim aí em cima?

Quero a companhia do Diogo. Não só porque somos amigos, não só por causa da vista privilegiada que teremos do alto, mas também porque quero ficar ali, naquele lugar confortável, sem descer para um lado ou para o outro do quintal.

Quem é favorito para o Gre-Nal deste domingo?

Desta vez não há favorito.

O Inter tem seus trunfos na habilidade de D'Alessandro, no chute à meia distância de Alex, na movimentação de Aránguiz, na velocidade de Nilmar, mas o Grêmio conta com a sabedoria de Felipão.

Tudo pode acontecer.

Tenho que escolher alguém, seu editor?

Talvez o Grêmio, pela Lei das Probabilidades. Afinal, o Grêmio não vence um Gre-Nal há ANOS. Está chegando a hora de vencer um. Mas quem diz que a Lei das Probabilidades se aplica no futebol? O futebol não é o domínio da lei, é a ditadura do centroavante goleador, do zagueiro firme, do meio-campista habilidoso, são esses que mandam no futebol.

Mas é preciso mesmo escolher um dos dois, caro editor?

Está certo: o Inter, que está na frente na tabela, só para ser um pouco diferente do Diogo. Assim, fico sentado de costas para ele no muro, mas sempre em cima do muro. Daqui não saio, daqui nenhum editor me tira.

Inter

Luiz Zini Pires

Os números falam por si só. Gritam. Só não ouve quem não quer. A infalível tabela do Brasileirão é outro sinal. Quem não detectou foi driblado pelo GPS no pulo de um gol perdido.

Um time, hoje na terceira posição, luta entre os quatro melhores da competição desde maio, o outro, sexto colocado, debate-se entre os oito incertos. São 64% de chances de alcançar a Copa Libertadores da América 2015 contra 34% depois de 32 partidas.

Entre falha geral nas organizações das equipes antes e depois da Copa do Mundo, na atrapalhada busca de reforços no país e no Exterior e na tímida aposta nas categorias de base, o torneio sul-americano é a única salvação de um ano quase estéril - olha a importância do Gauchão aí, torcedor.

O clássico 403 é a final que nos resta, a emoção que sobrou, o copo de chope de barril do final do ano na ausência da Veuve Clicquot do título nacional. Atrás do tímido brinde, um desejo, um pedido. Por que a Dupla não joga com o ímpeto de um Atlético-MG?

Se o presidente dos EUA, Barack Obama visitasse Porto Alegre seguiria a tendência e apostaria uma dúzia de Rolling Rock Extra Pale no Inter. Os distantes se abastecem nos números. Os locais entregam-se à paixão e o fervor indica um lado, mesmo contra as imutáveis estatísticas, pois falamos de futebol e não da NBA. Imaginam que o Gre-Nal motiva mais, que um grupo possa correr mais do que o outro pela trepidação do seu vestiário e das velhas raposas. Se é que um jogador que ganha mais de R$ 300 mil precisa de motivação. Se necessitar, me avisa, bota um freio no globo terrestre que eu quero descer.

*ZHEsportes


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