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Terceiro turno

Falta de unidade política ajuda a explicar insucessos do Grêmio nos últimos anos

Divisão interna é um fato histórico no clube

24/05/2015 - 15h03min

Atualizada em: 24/05/2015 - 15h03min


Luís Henrique Benfica
Luís Henrique Benfica
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Diego Vara / Agência RBS
Koff e Odone se enfrentaram em eleição em 2012

A política do Grêmio ferve. A polêmica de sexta-feira, envolvendo Romildo Bolzan Júnior, Eurico Miranda e o técnico Doriva, virou o tema preferido dos conselheiros. Enquanto situacionistas defendem o presidente, a oposição faz reparos a seu comportamento e teme por prejuízos ao clube, por ter cutucado um adversário poderoso e influente. Mais um capítulo do terceiro turno eleitoral, uma característica do clube desde 1996.

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Ao criticar, durante a semana, "a autofagia" do Grêmio, o presidente Romildo Bolzan Júnior já havia trazido à tona o acirrado e interminável debate político interno, que, para muitos, está na raiz das dificuldades vividas dentro de campo nos últimos 14 anos. Bolzan comentava as declarações de Felipão, que vê o Grêmio dividido hoje em facções.

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- A divergência política nos apequena - constatou o presidente.

Não houve referência direta a qualquer grupo político. Conhecedores dos bastidores do clube entendem, contudo, que o recado presidencial possa ter como alvo até mesmo gente que trabalhou por sua eleição e hoje se ressente da falta de maior espaço nas decisões. Em vez do terceiro turno, em que vencedores e derrotados passam a gestão inteira em conflito, o que se tem, agora, é o chamado fogo amigo, na opinião de Eduardo Magrisso, do Movimento Grêmio Independente (MGI).

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Com experiência na vida pública - foi prefeito de Osório e presidente estadual do PDT -, Bolzan criou no clube conselhos políticos, destinados a ouvir reivindicações dos grupos que ajudaram a elegê-lo. Ainda assim, não escapa de críticas de alguns integrantes desses mesmos grupos, sobretudo através das redes sociais. 

- É gente do segundo escalão interno, que gostaria de estar um degrau acima - interpreta um conselheiro ligado à direção.

A demora na escolha de um vice-presidente de futebol pode ser reflexo da falta de unidade política. Alguns dos nomes examinados pelo presidente sofrem restrições de parte do Conselho de Administração. E o processo não avança, em prejuízo da equipe.

- O vestiário é sensível a essa divisão. Se o torcedor, de fora, percebe que o clube está dividido, o que esperar do jogador? - avalia Renato Moreira, que compôs a diretoria de Fábio Koff e hoje está na oposição.

Confira os bastidores eleitorais desde 1996

O final do mandato de Fábio Koff, em 1996, logo após a conquista do bicampeonato brasileiro, acirrou a luta política interna do Grêmio. A partir daí, lideranças do peso de Paulo Odone, Cacalo e José Alberto Guerreiro, além do próprio Koff, passaram a ter envolvimento direto a cada eleição, seja como candidatos ou apoiadores, alternando vitórias e derrotas. A cada eleição segue-se o chamado terceiro turno, em que o grupo derrotado passa a exercer forte oposição. A falta de conquistas em campo acirra a divisão.

Na eleição de 2004, o associado passou a ter direito a voto, o que estimulou a criação de diversos movimentos - hoje, são 14. Pouco a pouco, os chamados "cardeais" do clube começam a sair de cena, abrindo uma etapa de transição na vida política do clube.

Confira um resumo das disputas políticas nos últimos 19 anos, com os personagens mais significativos:

1996 - Apoiado por Koff, Cacalo derrota José Alberto Guerreiro.
1998 - Guerreiro derrota Saul Berdichevski, candidato apoiado por Koff e Cacalo
2000 - Guerreiro derrota Adalberto Preis, que é apoiado por Cacalo. Na semana final da campanha, José Otávio Germano, que estava na chapa de Preis, passa para a de Guerreiro. Koff faz discurso contra Carlos Biedermann, que apoiava Preis, e também passa para o lado de Guerreiro.
2002 - Por consenso, Obino é eleito presidente do centenário do clube (2003)
2004 - Obino indica Preis, que é derrotado por Odone, na primeira eleição com voto direto do associado
2006 - Odone é reconduzido sem necessidade de eleição
2008 - Com o apoio de Koff e Cacalo, Duda Kroeff é eleito contra Vicente Martins, apoiado por Odone
2010 - Odone ganha no primeiro turno de Airton Ruschel, que não conseguiu apoio de lideranças de peso.
2012 - Koff derrota Odone
2014 - Apoiado por Koff, Bolzan derrota Bellini, que concorre sem apoio declarado de ex-presidentes

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