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Opinião

Luiz Zini Pires: o movimento que deseja melhorar o futebol

10/05/2015 - 09h01min

Atualizada em: 10/05/2015 - 09h01min


Jefferson Botega / Agencia RBS

Movimento por um Futebol Melhor (MFM) completou 29 meses de vida na semana passada. Une 61 clubes num universo de quase um milhão de torcedores cadastrados. Desde janeiro de 2013, o programa depositou R$ 200 milhões nos empoeirados cofres dos times brasileiros. Projeta aplicar mais R$ 130 milhões na temporada, apesar da crise econômica que tranca os negócios do país.

O MFM é um programa de benefícios que tem o apoio de 12 grandes empresas. Oferece vantagens ao sócio-torcedor que, quando busca o produto com a marca das empresas cadastradas no Movimento, recebe um desconto especial - algo como R$ 30
mensais por torcedor.

- Conquistamos 500 mil novos sócios desde o início do projeto. Nestes primeiros cinco meses de 2015 foram 160 mil - explica o executivo carioca Rafael Pulcinelli, 34 anos, gerente corporativo da Ambev e que fala pelo Movimento.

Ele tem uma certeza.

- O sócio-torcedor virou uma realidade. É a principal fonte alternativa para alavancar as receitas dos clubes e ajudar em todos os setores, até na contratação de jogadores. O sócio pode gerar uma infinidade de dinheiro aos clubes.

O Inter é uma das referências do MFM. É dotado de uma inteligência especial quando o assunto envolve sócios e é consultado regularmente por clubes que desejam aumentar a sua base
de associados.

- Usamos muito o Inter, que tem o maior número de sócios no Brasil, como referência nos nossos estudos. Aliás, nós temos duas referências no nosso trabalho, o Inter, que tem cerca de 137 mil sócios, e o Benfica, de Portugal, com 270 mil, o número 1 do mundo.

O Benfica é um caso à parte no futebol mundial, dissecado por gestores de diferentes idiomas. O segredo do clube é oferecer descontos no maior número possível de produtos que fazem parte da vida do torcedor, no futebol e fora dele. Abrange o caderno escolar e a conta do gás, a roupa social e a bomba de gasolina, a chuteira, a camisa e o boleto da energia elétrica. Até em picolé tem.

- Antes, quando o time ia bem, o sócio também. Quando o time ia mal, o sócio ia junto. Agora não é mais assim. O Movimento tenta focar também naquele fã que não vai ao estádio. Os torcedores do Grêmio e Inter podem receber benefícios mesmo morando longe do Rio Grande do Sul.

O MTM é questionado pelo seu ranking, o que mede o número de sócios. Pulcinelli responde. Explica como os números são levantados e solidificados.

- O clube passa a identificação do torcedor, que é o número do seu CPF. Eu recebo a base de CPF dos clubes, que adotam diferentes critérios no envio, e os habilito. A nossa contagem na questão do sócio-torcedor é sempre em cima da quantidade de números de CPF que os clubes apresentam. Se manda um CPF que está inadimplente na sua base, pior para o clube, que não recebe nada em troco.

Pulcinelli entende que não faz sentido discutir o número de sócios do ranking.

- Se o clube informa que o sócio está ativo, ele recebe os benefícios destinados ao sócio-torcedor e ganha descontos nas compras. Quando você dá o benefício sem que o torcedor precise pagar algo, favorece um cara que não contribue com o clube. Mas cada clube atende a um critério próprio para medir os inadimplentes da sua
lista. Nós respeitamos as regras de todos.

O Inter tem cerca de 2,5% de seus torcedores na base de sócios. É o maior benchmarking do Brasil.

Se o Flamengo, com a maior torcida, atingisse os mesmos índices da equipe gaúcha, passaria dos atuais 53 mil para incríveis 812 mil associados. O Grêmio sairia dos atuais 82,5 mil para 150 mil.

O futebol brasileiro ficaria cerca de R$ 800 milhões mais rico se somente os 12 grandes clubes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul atingissem o mesmo número de sócios captados do Inter.


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