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Paixão Tricolor

José Augusto Barros: "Que a paixão pelo futebol siga nos movendo " 

01/12/2016 - 08h07min

Atualizada em: 01/12/2016 - 22h21min


José Augusto Barros
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LUCAS UEBEL / Grêmio

Confesso que ainda é estranho escrever esta coluna, e retomar assuntos cotidianos do Grêmio, enquanto os apaixonados pela Chape sofrem com a perda de um time inteiro, de comissão técnica e de parte da direção, na tragédia que assolou o mundo. Porém, acredito que, de certa maneira, uma forma de homenagear tanto os que se foram quanto os torcedores e familiares que por aqui ficaram, é tentar seguir em frente, abordando com paixão, sentimento tão presente na vida deles, o dia a dia do Tricolor, assim como os queridos vizinhos de Chapecó faziam e seguirão fazendo, assim que o tempo começar a curar, lentamente, as feridas desta tragédia.

Sobre a final de semana que vem, ainda me sinto tão tocado pela tragédia com os catarinenses que espero que façamos aqui um belo espetáculo, é só assim que consigo pensar neste momento. Sempre é importante ganhar um título, esperamos por ele há 15 anos, eu sei.

Mas, acima de tudo, que Grêmio e Atlético-MG façam um grande espetáculo, um jogo bem jogado, sem violência, que as duas torcidas façam uma festa bonita de se ver, em uma homenagem para todo o povo de Chapecó e aos jogadores que se foram, especialmente os que tinham ligação com o Grêmio, que estarão para sempre em nossas lembranças.

Confronto dentro de campo
Que o "confronto" fique dentro de campo. Fora de campo, torcedor, todos os profissionais que se enfrentarão são amigos. Renato Portaluppi, Robinho e Marcelo Grohe. E depois do espetáculo que a torcida colombiana proporcionou na noite desta quarta-feira, me veio à cabeça outra bela atitude dos mesmos torcedores, em 1995, após a vitória do Grêmio na final da Libertadores daquele ano: naquela oportunidade, os torcedores colombianos aplaudiram a vitória do Grêmio, e nossa torcida, em um gesto incrível, mostrando que a solidariedade deles e seu espírito de grandeza não é de hoje.

Então, creio que é hora de refletirmos sobre nosso real papel, nessa rivalidade insana que se acomete sobre o futebol brasileiro, especialmente no futebol gaúcho, que é o que temos mais contato. Acho que está na hora de pararmos de só acusar os bandidos que comete atos criminosos, como os que invadiram a casa de um torcedor colorado, confundido com a de responsável pelo drone no Beira-Rio. Nós, torcedores comuns, também temos uma grande parcela de responsabilidade, por nossos atos, um pouco menos selvagens, é claro, mas ainda assim de aspecto doentio, no dia a dia. Está mais do que na hora de acalmar os ânimos nessa rivalidade louca que nos atinge, que vem ultrapassando os limites do esporte, que não reconhece méritos no Inter, que desqualifica o jogador X ou Y por ter uma história ligada ao Colorado. Seguimos na flauta? É claro que seguimos, sadia, sem essa doença que nos acomete.

Queremos a Copa? Claro, queremos. Mais existe muito mais coisa por trás do futebol, e acima dele, que a gente possa imaginar. Vamos na paz, no espírito esportivo e no jogo limpo.

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*Diário Gaúcho




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