Salários
Luciano Périco: não se engane, a relação entre clubes e atletas é profissional
Grêmio e grupo de jogadores chegam a um acordo sobre os vencimentos em período de queda de receitas pela pandemia
Nos tempos modernos, a relação entre clubes e jogadores de futebol é estritamente profissional. Simples assim. Não vejo nenhum problema nesse aspecto. O imaginário do torcedor é que idealiza os atletas como personagens apaixonados pelo clube que defendem. Pura fantasia. Com absoluta certeza, a grande maioria dos boleiros são corretos e mantém uma relação de identificação e respeito com a camisa que defendem. Isso é o que importa. É uma relação de trabalho como qualquer outra.
Após a divulgação do acordo entre o Grêmio e seu grupo de jogadores para pagar valores menores agora e empurrar para mais tarde o restante dos vencimentos, vejo muitos torcedores gremistas indignados nas redes sociais. As críticas citam falta de sensibilidade dos atletas, que parecem alheios ao momento vivido por toda a sociedade, onde muitas pessoas tiveram redução salarial, perderam seus empregos e empresas fecharam. A galera fala ainda que o fato de não ocorrer uma simples redução salarial, indicaria uma visão descolada da realidade por parte dos atletas. Sinceramente, não gosto de ficar julgando a decisão dos outros.
Internamente, a impressão que fica é que o negócio foi bom para os dois lados. Isso é importante. Sem precisar pagar os valores integrais agora, quando as receitas estão extremamente reduzidas devido a pandemia, o Grêmio consegue ter fluxo de caixa para manter a estrutura funcionando. O presidente Romildo Bolzan Júnior aposta na volta da normalidade do futebol, quando poderá ter um incremento nas receitas que entram no caixa.
Penso que o ponto mais importante do acordo com os atletas seja a possibilidade da manutenção dos empregos dos funcionários de outras áreas. Para os jogadores, os valores que têm direito por contrato assinado serão pagos de forma integral a partir de janeiro de 2021. Portanto, não haverá prejuízo.