Confesso que, de certa forma, estranhei a repercussão do pedido de Maicon para ser substituído. Examino a questão sob um aspecto que me parece relevante. A imensa maioria das pessoas que viram uma briga entre o jogador e o técnico Renato jamais participaram de um ambiente de vestiário de futebol profissional. 

Não têm o menor conhecimento do que ocorrer em um vestiário. Mas sentem-se especialistas em dar palpite, em opinar, sem ter a menor condição para tanto. Divergências são rigorosamente comuns entre os profissionais, sem que isso signifique briga ou desgaste entre pessoas. Maicon na sua entrevista de terça-feira (4), com personalidade própria de um capitão, explicou didaticamente o que ocorreu. 

Quando fui vice presidente de futebol, diversas vezes enfrentei situações semelhantes e nunca ninguém ficou sabendo. Como este, o assunto sempre foi resolvido internamente. Desta vez, pelo seu temperamento forte, insatisfeito consigo, Maicon cometeu o equívoco de reagir publicamente, diante de um fato que poderia ter sido resolvido como foi, dentro do vestiário. 

No entanto, como os palpiteiros somente opinam sobre fatos exteriores, desconhecendo por inteiro o interior de um vestiário, a matéria teve a repercussão que alcançou. Já vi, em futebol, aqui mesmo no Sul, determinado jogador promover gestos obscenos à sua própria torcida e não ter tido a repercussão como este fato corriqueiro. 

Mas, não se pode exigir que aquele que nunca conviveu num vestiáriotenha conhecimento do que lá ocorre. E, ainda se acham donos da verdade, comparando alhos com bugalhos.