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Contratação

Ednei, o lateral que fala pouco e chuta muito

Eleito melhor lateral-direito do Gauchão e destaque do Veranópolis, o mineiro está perto de desembarcar no Beira-Rio

09/05/2013 - 07h25min

Atualizada em: 09/05/2013 - 07h25min


Em julho do ano passado, o preparador de goleiros do Veranópolis, Edson Girardi, voltou de passagem pelo Rio Branco, do Acre, com indicação a fazer de um lateral-direito de boa batida na bola e centrado no trabalho. Assim, começou a trajetória de Ednei no futebol gaúcho. Um caminho que pode desaguar ainda hoje no Beira-Rio.

O Inter já não esconde as conversas com os agentes do jogador, eleito o melhor da posição no Gauchão. A demora no acerto estaria em alguma resistência em relação a sua idade  - em novembro, ele completa 28 anos. São 28 anos bem rodados.

Formado nas categorias de base do América-MG, surgiu numa safra que tinha Jajá, Wagner, hoje no Fluminense, e Douglas, atacante que chegou ao Grêmio em 2007 com cartaz de novo Fred. Ednei chegou ao profissional do América-MG, ganhou chances, mas saiu um ano e meio depois. 

- A torcida é pequena, mas muito próxima do time. Como a fase não era boa, os meninos oriundos da base sofriam muito. E o Ednei era muito introvertido, isso pode ter atrapalhado - conta o preparador físico Rômulo Gama, que trabalhou com o lateral nos juvenis e nos juniores do América-MG.

Poucas palavras até na festa

Ednei é um sujeito de poucas palavras até hoje. Na festa de premiação dos melhores do Gauchão, na segunda-feira, foi difícil arrancar mais do que duas frases dele. De terno e gravata, ao lado da mulher, elegante em um vestido vermelho, o lateral recebeu seu prêmio e saiu da festa na surdina. O destaque no Gauchão faz seu telefone tocar a todo o instante. Ele tomou uma medida drástica: deixou de atendê-lo. 

- Não tem boca para nada. É muito discreto e trabalhador, nunca incomodou. E bate muito na bola - garante o presidente do Veranópolis, Gilberto Generosi.

Como bom mineiro, Ednei mais ouve do que fala. O técnico Julinho Camargo tece elogios ao jogador, que desconhecia quando chegou a Veranópolis. Percebia que os conselhos repassados para evoluir na marcação eram aplicados no treino seguinte. 

- Está no ápice, é um jogador muito bom de comandar. Terá grande chance de sucesso porque é trabalhador. É bom na parte ofensiva e evoluiu bastante na questão defensiva - observa Julinho.

À distância, o preparador físico Gama acredita que Ednei esteja mais desinibido. Uma mudança que ocorreu à fórceps. Depois de sair do América-MG, em 2005, o lateral virou andarilho da bola. Jogou no Itumbiara, em 2005, voltou ao clube mineiro para dois anos pouco emocionantes e ganhou o mundo de vez. Jogou em 2008 e 2009 no Trindade, de Goiás, e em 2010 se aventurou no futebol armênio.

Na ex-república soviética, precisou falar. Mesmo que não entendessem patavina. Ednei foi titular do Mika F.C., um dos principais clubes da Armênia. Conquistou a copa local e foi vice do campeonato nacional. Quando retornou ao Brasil e 2012, desconhecido, encarou a oferta do Rio Branco - o mesmo que enfrentou o Inter na Copa do Brasil. Como o clube perdeu a vaga na Série C para o Treze na Justiça, ele saiu para o Juventus/SP, onde ocupou a vaga de Tony, contratado pelo Grêmio. Fechou o ano no Nacional, de Minas Gerais.

Desde sua saída do Acre, Ednei foi monitorado pelo supervisor do Veranópolis, Ademir Bertoglio. O mais difícil foi convencê-lo a vir. Desconfiado, dava pouca margem para conversa. Ademir o convenceu com um o que parecia o canto da sereia:

- Se você for bem, vai chamar a atenção dos grandes, de Grêmio ou Inter.

O dirigente do Veranópolis não estava mentindo.

"Quero arroz"

Ednei foi personagem da série Andarilhos do Gauchão, publicada em janeiro pelo DG. De tantas histórias na Armênia,  recordou essa:

"A maior dificuldade era no supermercado. Usava de mímica, mas o pessoal não entendia muito. Uma vez, fui perguntar se tinha arroz, o nosso arroz branco, do qual gosto muito. O deles é muito diferente, de outra cor. Tentava falar de um lado, a minha mulher falava de outro, com mímica e tudo, e nada. Virou uma farra no mercado, todo mundo rindo. E eu sem arroz.".


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