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Ex-promessas

Renegados do Beira-Rio: Dalton e Marinho recebem do Inter para não jogar

Segundo diretor executivo Newton Drummond, clube não quer permanência de jogadores afastados

13/11/2013 - 08h45min

Atualizada em: 13/11/2013 - 08h45min


Dalton era apontado como uma das grandes revelações do Fluminense, mas não confirmou a fama

Eles têm contrato com o Inter. Mas só jogam futebol no videogame. O zagueiro Dalton e o meia Marinho vivem rotina indesejada para um jogador. Estão longe daquela máxima de que "se ganha pelo suor do trabalho".

Promessas da base do Fluminense garimpados pelo Inter, fazem parte do quinteto escanteado pela direção. Completam o grupo Fabinho, Rafael Pernão e Cássio. Eles treinam em um turno, na academia ou na caixa de areia. Nada de bola.

Dalton está nessa situação desde julho. Marinho, desde abril. Garantem ter ouvido do diretor executivo do Inter, Newton Drummond, que foram alijados por "mudanças de planos" no grupo.

A situação, vista de fora, pode parecer confortável. Afinal, os dois recebem salários polpudos para não jogar. Eles, porém, se mostram incomodados. Desde segunda-feira, estão de férias. Ficarão um mês sem trabalhar. O que, na prática, em nada alterará a rotina.

Dalton entrou em Direito

Dalton se lembra do esforço do Inter para trazê-lo do Fluminense. Veio em 2010 mesmo machucado e com contrato até 2015.

- Sabiam da lesão no púbis. Cheguei e tive de operar. Isso atrapalhou minha atuação no time - explica-se zagueiro.

Dalton é cauteloso quando fala sobre sua situação no Inter. Diz não saber o motivo pelo qual foi afastado em julho. Garante que nunca faltou empenho:

- Fico chateado. Sempre dei o meu melhor, inclusive, nos treinos. Poderia muito bem ficar confortável, já que recebo bom salário. Mas quero é treinar no profissional.

A expectativa de fazer carreira no Inter era tanta que Dalton investiu na compra de apartamento logo na chegada. Escolheu o Menino Deus, para ficar perto do Beira-Rio. Tudo corria bem. Com salário polpudo, em torno de R$ 60 mil, deu-se ao luxo de investir na compra de um Camaro reluzente, branco. Em 2011, foi emprestado ao Atlético-PR. Jogou o Paranaense e voltou ao Inter. Sem espaço, saiu para o Criciúma na reta final de 2012.

Academia no shopping center

No retorno a Porto Alegre, as coisas pareciam ter entrado nos trilhos. Estava na equipe principal e participou da  pré-temporada. Mas lesionou no joelho. Em abril, ouviu recado direto do executivo Newton Drummond, o Chumbinho.

- Ele me disse que seria afastado e não seria mais utilizado neste ano - lembra Dalton, para, em seguida, emendar: 

- Tem gente que se machucou muito mais do que eu e teve sequência e oportunidade.

O zagueiro decidiu pagar seus treinos numa academia do Barrashopping, na Capital. Assim, complementaria o trabalho em turno único em Alvorada. Com tempo livre, Dalton começou a estudar. Cursa o segundo semestre de Direito, na Puc.

- É uma distração boa à noite. Se ficar em casa pensando nessa situação toda, fico mais chateado. O Direito é algo no qual penso para quando terminar a carreira. Agregará no futuro.

Marinho é habitué do Barra

Assim como Dalton, Marinho decidiu investir em seu treino. Passou a pagar a academia ndo Barrashopping. Frequenta tanto o local que já virou figurinha carimbada.

- Fui comprar um suco na praça de alimentação e me perguntaram se era colega, se trabalhava por lá - conta o meia, rindo.

Sem perspectiva no Inter, já que seu contrato se encerra dia 31 de dezembro, Marinho lembra dos planos feitos quando soube que viria para o Beira-Rio, em 2009. Nas base do Fluminense, recebia R$ 600. A oferta de renovação era de R$ 1,6 mil mensais.
A proposta do Inter foi arrebatadora: R$ 25 mil mensais.


Em abril, Marinho foi informado de que estava fora dos planos
Foto: Luiz Armando Vaz / Agência RBS


Era a chance de ter seu próprio quarto em casa. Quando morava com a família, em Penedo, em Alagoas, dormia no corredor que levava ao banheiro.

Emprestado por três vezes

O meia conta que chegou por desejo do então vice de futebol Fernando Carvalho. O começo foi bom. Participou da pré-temporada e ficou na reserva em três jogos. Para seguir com ritmo, pedia para jogar na base. Participou de torneio na Itália e foi artilheiro na posição. Mas nada de chance:

- Não tive sequência. Na verdade, não tive nem avaliação. Depois que o Fernando Carvalho saiu, as coisas não aconteceram - lamenta Marinho, que rodou por Goiás, Caxias e Paraná.

Em abril, foi informado de que estava fora dos planos. Nem procurou saber as razões. Apenas respeitou. Só não esperava que depararia com falta de campo para os treinos em Alvorada.

- Se todas as categorias estão treinando, não tem lugar para a gente. Questionado se há motivação, Marinho é claro:

- Não. Os caras nos esconderam. Treinar para quem? Ninguém vê.

"Se depender do Inter, o Dalton vai embora amanhã"

O diretor execuivo Newton Drummond, o Chumbinho, foi quem deu a notícia de que Dalton e Marinho deveriam treinar em separado. O dirigente dá sua versão:

- O Marinho foi emprestado, não estava nos planos do técnico e está com contrato no fim.

Já sobre Dalton, o ruído entre clube e jogador parece ser maior.

- O Dalton, quando emprestado, não jogou. Tecnicamente, ele não demonstrou capacidade e não tem condições de jogar no time principal. Nossa avaliação é essa. Já propusemos uma rescisão amigável. Mas ele não abre mão do conforto de treinar de segunda à sexta e ir pra casa no final de semana. No que depender do Inter, vai embora amanhã - garante Chumbinho.

De acordo com ele, o erro foi do Inter em ter apostado em Dalton. Mas minimiza e diz que equívocos acontecem.


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