Ele sabe as chuteiras de cada jogador pela cor. Gentil Souza dos Passos, 57 anos, não erra nem o tamanho. Também pudera. São 40 anos como roupeiro no Beira-Rio.
Chegou em 1974 para teste nos juvenis. Ao entrar no vestiário, com 17 anos, deparou com Falcão. 

- Vi que não tinha bola para jogar com eles. O seu Rosa (roupeiro) me convidou para trabalhar por alguns meses. São 40 anos - conta Gentil,

No novo Beira-Rio, o roupeiro entrou duas vezes no vestiário. Tem a certeza de que será palco de mais títulos. Se começar com o Gre-Nal da final do Gauchão, melhor, diz ele. Até porque, para Gentil, o jogo com cara de Beira-Rio foi o Gre-Nal do Século. 

- Estava na saída do túnel. Perdíamos por 1 a 0, com um a menos. Fui para o vestiário e só voltei no empate - lembra.

Em 40 anos, Gentil viu dezenas de jogadores passarem pela rouparia. Participou de episódios que entraram para a história do vestiário. Em 1980. Numa viagem para Lajeado, esqueceu de levar os calções. 

- Essa foi inesquecível. O Falcão estava indo para Roma. Eu chorava no vestiário porque estava em pânico e todos achavam que era pela saída dele - recorda Gentil, aos risos.