Foi comparando Nilmar a um filho e o chamando de "sangue bom" que Abel encerrou uma polêmica com o jogador que vai reencontrar nos treinos do final desta semana. Era 2008, e o atacante reclamara publicamente da substituição que o tirou da partida no primeiro jogo da final do Gauchão, diante do Juventude.

- O meu filho chega para mim às vezes e diz que tem uma festa à noite. Pergunto que horas. Ele diz que é às 21h, e eu aviso: "Tem que estar em casa à meia-noite". Ele reclama, mas tem 15 anos. Aí ele vai dizer para os amigos que eu sou chato pra caramba. E não fala bem assim, fala pior que isso. Eu tenho o Nilmar como um garoto adorado, que tem uma qualidade extraordinária. Fez um grande primeiro tempo, mas o segundo, não. Como a bola não estava chegando, botei alguém para segurar a bola, tomar falta. Isso aí já passou e não fica nenhum tipo de ressentimento. Ele é muito sangue bom - disse o treinador à época.

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Passou-se uma semana e tudo mudou. Na goleada de 8 a 1 sobre o Juventude que garantiu o título estadual, Nilmar marcou seu primeiro gol em jogos oficiais da segunda passagem pelo Beira-Rio.

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A parceria entre o atacante, que teve seu retorno ao Inter confirmado nesta terça, e Abel Braga, foi curta e intensa. O clube apostara na volta do jogador em setembro de 2007, um mês depois da recontratação do treinador, chamado às pressas para substituir Alexandre Gallo diante da má campanha colorada no Brasileirão.

Abel e Nilmar comemoram no 8 a 1 sobre o Juventude. Foto: Ricardo Duarte

Nilmar ainda se recuperava de uma séria lesão no joelho, e a reestreia só aconteceria no dia 4 de novembro, quando fez bela jogada antes de servir Fernandão para que abrisse o placar diante do Vasco, na vitória por 2 a 1. Dali até o fim do ano, as o atacante atuou apenas mais uma vez. Suas performances foram animadoras, ainda que sem gols. Com a equipe no meio da tabela, Abel plantava as sementes para iniciar 2008 com tudo.

A temporada começou com o título da Copa Dubai, em vitória sobre a Inter de Milão. Nilmar deixou sua marca com um golaço de bicicleta que garantiu o triunfo sobre a equipe italiana. Sua alegria, porém, durou pouco.

Na terceira rodada do Gauchão, ainda em janeiro, o atacante sentiu dores no músculo posterior da coxa esquerda ao arrancar em busca de um lançamento durante jogo contra o São José. Os exames apontaram lesão que o tirou dos campos por dois meses e meio. O retorno só viria nas quartas de final do Regional, diante da Ulbra.

Enquanto se recuperava, viu o Inter de Abel engrenar. Houve quem cometesse o exagero de comparar aquela equipe que empilhava gols no Gauchão ao carrossel holandês dos anos 1970, tamanha a movimentação dos jogadores. Marcão era uma espécie de coringa, que podia funcionar como terceiro zagueiro ou lateral-esquerdo, mudando o sistema de jogo sem trocar os jogadores. Mais adiantado, Alex começava a pavimentar o caminho para o melhor ano de sua carreira.

Quando voltou, Nilmar, talvez ainda longe de suas condições físicas ideais, era frequentemente substituído por Abel durante os jogos. Daí a reclamação ao dar lugar a Iarley no jogo do Alfredo Jaconi. "É sempre a mesma coisa", disparou à época.

Nas semanas que se seguiram ao título do Gauchão, Nilmar firmou-se como titular absoluto de Abel. Apesar de suas boas atuações, não evitou a eliminação da Copa do Brasil nas quartas de final, diante do Sport. Em maio, o fracasso na competição, combinado com uma campanha apenas regular no Campeonato Brasileiro, resultou na saída de Abel e a interrupção da parceria que será retomada nesta semana.

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